ter filho

Casar e ter filho: que seja decisão consciente e realista

by Xila Damian

Uma defesa à ideia de educar o filho adolescente sob uma visão realista da vida em que “casar e ter filho” não seja o único e fantasioso caminho de futuro possível.

O “sacode” da vida real

Cresci acreditando que ter filhos fosse não só o curso natural da vida como o único possível. De fato, comprei a idéia de “casar, ter filhos e ser feliz para sempre” alimentada pela falácia do conto de fadas, fato comum até hoje, infelizmente.

À medida que concretizava cada fase desse conto, descobria uma história um pouco diferente, especialmente a parte do “ter filhos”. A ingênua idéia de que a vida se resumia a esse conto de fadas foi logo sacudida pela vida real: ter filho é decisão séria e, por isso, precisa ser consciente.

O risco da escolha inconsciente

Apesar da minha decisão de ter filho ter sido mais emocional do que racional, fui privilegiada pela escolha acertada. Contudo, podia ter sido diferente uma vez que embarquei no projeto sem a real dimensão da enorme responsabilidade que é ter filho.

infelizmente, vejo jovens repetindo o caminho do conto de fadas igualmente inconscientes da importante decisão que é ter filho. Talvez movidos pelo mesmo modelo de educação romântica do passado distante, talvez por simples descaso; Fato é que, parte dessa decisão romantizada de ter filho se deve a uma educação pouco realista.

Como que seguindo um protocolo de vida, jovens pensam no futuro sob moldes que, nem sempre, se adequam ao seu perfil. Limitados a esse único modelo romântico, correm o risco de se tornarem infelizes por uma escolha irreal.

Ter filho é bem diferente

Ter filho é bem diferente da idéia bucólica (e vaidosa) dos contos de fada. Mais que perpetuar a espécie, é ser responsável por formar outro ser, missão extremamente séria… e trabalhosa.

A vida real impõe desafios enormes a pais e lhes cobra trabalho árduo de dedicação, perseverança e resiliência pra cumprir com seu papel. Ter filho, só se for pra contribuir com um mundo melhor!

Pra isso, preciso educar filho a decisões realistas. Só assim terá chance de cumprir a missão, se essa for sua escolha consciente.

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Repetindo modelos irreais

Ainda que insistamos no modelo, “casar e ter filho” não é mais a única opção de vida. Diante da enorme diversidade no mundo, optar por outro futuro já é a realidade de alguns.

Pra esses, a escolha por outro caminho foi trabalho igualmente árduo de análise realista sobre o que envolve ter filho. Ainda que incipiente, uma atitude louvável, penso.

Uma amiga da adolescência, ainda que sonhasse com o conto de fadas quando jovem, hoje é uma profissional reconhecida, solteira e feliz com suas escolhas. Adulta e consciente de tantas outras opções que se abriram no decorrer de sua vida, decidiu não ter filho.

Em um encontro de turma, me contou sobre os comentários capciosos daqueles que “estranham” e tentam encontrar uma justificativa padrão (e negativa) para o fato de não ter tido filho.

Em tom de irritação, reclamou:

– É um saco lidar com as cutucadas dos outros que insistem em me julgar por não ter filho. Sinto como se tivesse a obrigação de querer ser mãe, de que ter filho deve ser o desejo de toda mulher! Não quero e me sinto realizada de outra forma. Difícil entender e respeitar que ter filho não é a única missão de todas as mulheres?

Sempre gostei de escutar aquela amiga; sua oratória clara e racional sempre me ensinava algo novo. Não foi diferente aquele dia. Perpetuar o conto de fadas do “casar e ter filho” é repetir modelos irreais; é restringir filho a um único e padronizado caminho; É tolher arrogantemente seu direito de optar pelo caminho que mais lhe agrada. E que são variados.

Contribuindo com o mundo melhor

Casar e ter filho, definitivamente, não é a única opção de um futuro. Pelo contrário! Quando decisão inconsciente, corre risco desnecessário de se tornar até fracasso. Afinal, temos missões diferentes e caminhos variados para cumpri-las.

Sob diferentes missões, temos em comum a responsabilidade de contribuir com um mundo melhor. E isso depende mais de tomarmos decisões conscientes do compromisso firmado seja ele ter filho… ou não.

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