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Qual seu legado a filho adolescente?

by Xila Damian

O falso legado

Quando nos tornamos pais e mães, assumimos enorme compromisso de deixar um legado a filho. Porém, nem sempre temos consciência das ameaças que nos cercam e nos impedem de lograr na missão. Li intrigada a entrevista de um dos condenados da Operação Lava Jato Operação Lava Jato dizendo emocionado:

– Tenho vergonha do meu nome; vergonha que meus filhos usem meu nome. Sou o maior bullying na vida dos meus filhos.

De fato, esse pai, condenado em todos os sentidos, tem motivos para falar assim. A consequência de seus atos ilícitos o faz agora pagar por suas más escolhas. Como ensinado – e assim prefiro crer – a filho adolescente, nossas escolhas e atitudes determinam nossos resultados o que, naturalmente, justificam a conta que inevitavelmente chega.

Portanto, dar exemplo começa em casa. Tão importante quanto orientar filho adolescente sobre boas escolhas é pauta-las na ética e moral conscientes de que se trata do que queremos deixar como bem maior.

Em fase de formação da própria identidade e solidificação de valores morais, me parece inadmissível arriscar com filho quando o exercício é lhe ser exemplo prático de ética e moral.

Ainda que suscetíveis a erros (afinal, somos humanos), manter-se eticamente firme diante das invariáveis – e muitas vezes até conhecidas – tentações do mundo determina se deixaremos legado ou ônus à família e à sociedade.

O sucesso desvirtuado

Sempre prezei meu nome.  Cresci consciente de ser meu bem maior. Assim sendo, valioso e estimado, sempre tratei de preserva-lo sob sólidos valores éticos e morais primeiro herdados e, depois, aprimorados pela experiência de ter-me tornado mãe e, portanto, multiplicadora dos mesmos.  Mais do que nunca, hoje me valho deles como fatores cruciais e diferenciadores do que entendo ser alguém “de sucesso”.

Somos insistentemente tentados pela vaidade ao longo da vida; resistir à conhecida tentação é uma questão de não só ter mas de também viver valores sólidos na prática.  Poder e status social continuam colocando em xeque o sujeito moralmente fraco que, por fim, sucumbe voluntaria e até involuntariamente.

Incapaz de resistir, cede ao dinheiro, a títulos, à ostentação, ao poder, a atos ilícitos a tudo o que o mundo dita ser “sucesso” na vida.  Porém, a conta chega e, como sempre, prova o óbvio:  a base de valores frágeis – ou sua total inexistência – detona qualquer chance de formar adulto de sucesso, seja qual for o significado desta palavra para você.

Formar outro ser moralmente forte é desafio descomunal especialmente quando o meio é permissivo e frágil.  O que claramente se mostra errado ganha adeptos dispostos a ceder a práticas antiéticas despudoradamente e a traçar caminho contrário como padrão de “sucesso”.

A base do sucesso

Enquanto vivemos em país orgulhosamente reconhecido por seu “jeitinho” de agir, convivemos naturalmente com o mau uso desta habilidade parte pela cultura parte pelo meio, ambos influenciadores de nossa identidade social.

Contrário do que um dia foi capacidade de criar saídas para as adversidades, hoje “jeitinho” é a habilidade que um tem de se dar bem sobre o outro não importa como. A qualidade de outrora hoje é vergonha nacional àqueles que se mantem firmes sobre valores sólidos e inegociáveis para a construção de uma sociedade saudável.

Pais moralmente fortes tem clara a ideia – e o propósito – de formar adulto mental e moralmente saudável.  Conhecem seu papel e dispostos a contribuir com um país melhor perseveram na tarefa sendo ético a filho adolescente, fazendo o que é certo apesar das tentações, da vaidade… e do meio.

Não importa o resultado – até porque não temos garantia de nada – estes pais nadam contra a maré conscientes do que querem deixar a filho.  Mais que dinheiro, poder e status, querem deixar um legado que começa por um nome escrito sobre valores éticos e morais sólidos e inegociáveis.

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O legado que quero deixar

A relativização da ética e da moral praticada no país é perigosa e nos cobra a conta alta de um ônus demasiadamente pesado e vergonhoso. Moralmente sujos, não só o nome fica marcado mas toda uma história de fracasso familiar para sempre é borrada quando não despedaçada.

A vergonha do imoral e antiético é uma das maiores dores de uma família. O ônus supera qualquer qualquer tipo de restauração dado que, não importam as circunstâncias, a cada nova tentação, sua integridade invariavelmente será questionada.

Sempre conviveremos com a vaidade. Por isso, me mantenho atenta e incansável no combate contra os jeitinhos e a desenfreada busca do sucesso convencionado por uma sociedade excepcionalmente contaminada por valores frágeis e permissivos.

Não precisava escutar de um contraventor para saber que meu nome é e sempre deverá ser legado deixado às gerações posteriores mas ao que tudo indica, muitos mais como ele ainda desconhecem o caminho do verdadeiro sucesso.

Leituras sugeridas: Ensinando filho adolescente a ser adulto diferenciado, O que a greve tem a ver com ser mãe de adolescente, Regras na adolescência

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