Efeito borboleta do coronavírus
Efeito Borboleta, análise nascida de uma experiência que “casualmente” provou como uma pequena alteração em um grande sistema pode gerar transformações drásticas e significativas no todo. Isso te diz alguma coisa? A mim sim, especialmente em tempos de coronavírus (Covid19) e toda situação caótica que estamos vivendo hoje.
Digo, portanto, não só em relação ao meu “sistema familiar”, mas global. Pelo menos é nossa realidade hoje em tempo igualmente real: o bater de asas de uma borboleta na China causando um tufão mundial de dimensões só imagináveis em obras de ficção científica.
Em curto espaço de tempo, assistimos pela mídia a onda tsunâmica do coronavírus varrendo cidades e países, apavorando civilizações, parando – quem diria! – a incansável China e fechando a pujante Europa, fato até então inimaginável até para aos maiores idealizadores cinematográficos.
Estupefatos com a voracidade do que parecia um simples bater de asas de borboleta do outro lado do mundo, o coronavírus assusta e devasta o mundo. Fato consumado, é a nossa vez de encará-lo. Porém, o pesadelo anunciado nos dá certa vantagem: temos a chance de nos preparar para ele.
Assim, valendo-nos da experiência oriental e européia, usamos o (ínfimo) conhecimento em benefício próprio na expectativa de, pelo menos, minimizar os inevitáveis danos do tufão coronavírus. Curiosamente, o efeito borboleta do coronavírus me fez transcender e pensar além: como estamos nos relacionando e nos conectando com o mundo?
Não à toa, a reflexão me soou familiar também como mãe de adolescente.
O tufão coronavírus e adolescência
De fato, o desconhecido causa medo. Por isso, é até compreensível, em um primeiro momento, que paralisemos diante dele; que não seja, contudo, para sempre. Passado o medo inicial – e natural – é vital agir de modo a superar a ignorância para, então, vencer o medo.
Às vezes temos a vantagem de contar com a experiência prévia de outros que viveram situações similares. É o caso do coronavírus em outros países que nos permite extrair lições e nos precaver de erros desnecessários. Outras vezes, não tem jeito: somos nós mesmos os desbravadores. Aí o esforço pessoal de experimentar diferentes saídas se faz necessário, diria fundamental.
Assim foi quando a adolescência me assustou e paralisou. O medo causado pelo desconhecimento da fase e a frustração das ineficazes soluções não ajudaram a mudar a história de conflitos com filho adolescente. Passada a inércia inicial, contudo, as mesmas razões para o medo me instigaram a desbravar. Do contrário, a família sucumbiria.
Assim enxergo – e vivo – o efeito borboleta se fazendo presente tanto na pandemia do coronavírus quanto na minha relação com filho adolescente: pequenas alterações – o vírus e a adolescência – causando significativas consequências no mundo e no meu pequeno universo familiar. Ambos influenciando o curso natural das coisas e provocando verdadeiro tufão no mundo e na familia.
Efeito borboleta positivo
A ignorância cega e, às vezes, desespera. Foi assim que vivi parte do tempo com filho adolescente: cega e em pânico. Os conflitos diários causados essencialmente por má comunicação – que vai muito além do falar – e por valores mal praticados – que, de novo, vão muito além do ensinar – levantaram um muro intransponível entre nós.
O efeito borboleta negativo sabotou qualquer possibilidade de tornar a nova fase (de ambos) em aperfeiçoamento. O desconhecimento associado ao medo me levou a uma relação aterrorizante com filho adolescente. O bater de asas daquela borboleta chamada adolescência definitivamente causava danos; não só a mim, mas à família e, potencialmente, à sociedade e, por consequência, ao mundo.
Nem tudo, porém, estava perdido. Conscientizada em tempo, contabilizei os estragos e finalmente me mobilizei para reverter o quadro devastador instaurado em casa. O estudo, a experiência e a troca de informações mostraram saídas mais eficazes. Não tardou e finalmente notei: o efeito borboleta se tornou positivo.
Hoje, compartilhá-las virou propósito e o efeito borboleta virou influência positiva. Sob nova perspectiva, transcendi o espaço individual-familiar para inspirar o coletivo a ser tufão positivo no mundo. O simples bater de asas de mãe de adolescente tem este poder tal qual efeito borboleta.
Somos todos borboleta e sistema
O efeito borboleta demonstra que grandes sistemas – como a emergente China, por exemplo – são extremamente sensíveis a pequenas alterações – no caso, um vírus! O processo não acaba em si mesmo: traz consequências marcantes que, no caso, foi não só à população chinesa mas ao mundo!
Não preciso de muito mais para enxergar o mesmo efeito borboleta acontecendo a partir de casa com a adolescência e causando drásticas mudanças na família e, de modo mais amplo, na sociedade. Sou parte de um todo muito maior do que mim mesma; somos todos a borboleta que bate asas com potencial de contribuir ou arruinar o plano de um sistema melhor.
Participante e também responsável por este sistema chamado mundo preciso entender e exercer meu papel com responsabilidade e dedicado propósito de torná-lo melhor. Como mãe e cidadã, a missão precisa ser compreendida e levada com seriedade a fim de que o efeito borboleta seja positivo para esta sociedade mundialmente interdependente e relacional.
Cidadã e mãe, sistema e borboleta
Antes do coronavírus dominar e bagunçar de vez nosso cotidiano, já vínhamos vivendo período de profundas mudanças na humanidade. A crise brasileira – e mundial – é grave há bastante tempo e por questões que vão além das econômicas, politicas e sociais; são também morais e, nunca mencionado, espirituais.
Em algum ponto de nossa historia, esquecemos – para aqueles que um dia aprenderam – que fazemos parte de um todo maior que nós mesmos e sofremos as consequências do que fazemos ao mundo. Por mais óbvio que pareça, o bater de nossas asas repercute no sistema em que vivemos até do outro lado do mundo.
Somos seres sociais, relacionais e interdependentes. Somos sociedade e, como tal, necessitados de contribuir mutuamente se efetivamente desejarmos um mundo melhor. E isso começa pelo exercício da cidadania. Somos sistema: complexo e extremamente sensíveis a alterações. Somos borboleta: o bater de minhas asas pode causar um tufão do outro lado do mundo.
Sou cidadã e mãe de adolescente: papéis desafiadores que provam a magnitude de minha responsabilidade no mundo. Simples borboleta e complexo sistema, somos então interligados, o que nos exige conscientização sobre nosso desempenho no mundo. O bater de minhas asas reverbera e me impõe o dever de ser e formar adulto também consciente de sua participação no todo.
A pandemia adolescente
Situações cotidianas são um convite diário à conscientização neste mundo aparentemente caótico. Perpassam por ações educativas de convívio e respeito ao outro, de empatia e contribuição à sociedade. São reiterados convites ao exercício da cidadania, o que se ensina dando exemplo e se aprende fazendo.
Medo, quando mal administrado, vira pânico; cega e causa efeito exponencialmente negativo. Portanto, fiquemos atentos: usemos a dura e obscura crise do coronavírus e a valiosa experiência de outras nações em oportunidade de desenvolvimento além do científico. Empreguemos nossa peculiar inteligência humana para crescer também como pais e cidadãos em meio ao caótico relacionamento com filho adolescente e com o devastador vírus.
Aprender é execício vitalício e condição vital para o desenvolvimento de cidadãos. Independente da idade, do status, ou da função, somos seres interdependentes: precisamos um do outro para viver. Somos pais de adolescente responsáveis pela formação de adultos saudáveis e um mundo melhor. Somos sociedade interconectados até com o desconhecido.
Enfim, como sistema complexo e hiper sensível sofremos o impacto até de um simples bater de asas de borboleta do outro lado do mundo. Prova atual é a pandemia do coronavírus. Mas, antes dela e mais perto do que sequer imaginara, a adolescência já fazia o mesmo a partir de casa e mudava minha família e, por consequência, a sociedade e o mundo, drasticamente.
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