expectativas sobre filho adolescente

Quando as expectativas sobre filho adolescente mudam

by Xila Damian

Tudo bem diferente das expectativas de mãe

Adolescência é fase de reclamações em que mãe e filho vivem conflitos, senão sempre, quase que diariamente. Foi assim comigo e o relacionamento conturbado, pouco a pouco, minava nossa convivência.  Enquanto isso, as expectativas sobre filho adolescente baixavam e eu me preocupava.

Idealizava filho adolescente.  Imaginava que passaria a contar com um filho parceiro e, ao mesmo tempo, de atitude; de personalidade e, principalmente, autônomo.  Esperava mesmo que filho “virasse a chave” para o mundo adulto e se tornasse um jovem maduro e independente quando descoberto adolescente.

Porém, a historia não é bem assim.  Não sei bem porque entendia adolescência como transformação automática em vez de processo de amadurecimento.  Por conta disso, minhas expectativas foram se tornando espanto e até certo ponto, frustração.

As mudanças, de fato, ocorreram: a criança de outrora foi ganhando voz própria, nutrindo novos desejos e diferentes ideias.  Inclusive sobre seu futuro. Uma nova identidade ia se formando… independente e bem diferente de minhas expectativas.

O ressentimento das expectativas não atendidas

O começo do ensino médio foi determinante na mudança de meu relacionamento com filho adolescente.  Ao ganhar autonomia e formar opinião própria, perdia meu lugar de protagonista em sua vida. Sua rotina de administrar tarefas e equilibrar responsabilidades com devida autonomia me tornava menos atuante e mais orientadora.

Nessa fase transitória, filho oscilava entre a imaturidade infantil e a autonomia esperada apresentando comportamentos pueris que muito me cansavam e irritavam. Ataques repentinos de mau humor, aulas cabuladas, respostas ríspidas, reações intempestivas e críticas, muitas críticas, a tudo e a todos;  tudo contribuía para um difícil convívio com filho adolescente.

Honestamente: não era esse o jovem que esperava contar na adolescência. Pensava que orientações de uma coadjuvante importante como eu bastariam para “molda-lo” ao jovem por mim idealizado.  Desnecessário dizer mas, obviamente, isso não aconteceu.

Surpreendida por uma dinâmica diferente, me assustei.  Com medo de não dar conta, tentei controlar filho adolescente: adotei verdadeiros checklists  de tarefas a cumprir como solução de uma pretensa formação de jovem idealizado e pouco factível:

– Estudou prá prova? Entregou o trabalho?  Não é assim que se faz: precisa arrumar suas coisas direito! Escolheu a faculdade? Já está grandinho prá ficar de bobeira com os amigos.

Que saco, mãe! Parece que sente prazer de me aterrorizar com tanta exigência! Se não cobrasse tanto talvez ajudasse mais – retrucava.

Situações como esta eram recorrentes.  Reclamações e cobranças diárias alimentavam não só o afastamento natural de filho adolescente mas também aumentavam a frustração de não corresponder às minhas expectativas de adolescente autônomo.

Intimamente, me ressentia de pensar: “Não foi esse o filho adolescente que imaginava pra mim.”

Expectativas diferentes de mãe e de filho adolescente

Decepcionada com a realidade, me tornava mãe também diferente do que filho desejava… e, principalmente, precisava.  A frustração foi mútua.  Igualmente desapontado de não atender às minhas expectativas, filho se distanciou ainda mais.  Deprimido, não se sentia bom o bastante pra mim.

Certo dia, escutei uma conversa dele com uma tia:

–  Tia, gosto tanto de estar com você!  Sinto que posso ser quem sou… do meu jeito!  Sem julgamento, sinto que você me ama como sou.  E isso é tão bom!

Aquela confidência surtiu como um tapa na minha cara.  A carapuça serviu.  Mesmo!  Daquela vez, me envergonhei de mim.  Talvez minhas expectativas de mãe sobre filho adolescente estivessem mesmo sufocando sua identidade.  Talvez a forma como expunha minhas expectativas sobre filho não fosse das melhores e mais construtivas.

a ponto de  do filho e se tornar sua única opção de futuro.  Sua imaturidade não me dá o direito de manipulá-lo a ponto de molda-lo sob meus parâmetros de vida.

Atingida mais uma vez de surpresa por uma dura afirmativa de filho adolescente, entendi: precisava mudar meu comportamento se quisesse mesmo contribuir com a formação de um adulto saudável para o mundo.  Precisava lhe dar espaço para ser quem quisesse ou, pelo menos, tentar ser quem quisesse.

De asas abertas, filho ansiava voar independente de minhas expectativas. Formulando opiniões e traçando planos próprios, o jovem queria assumir o protagonismo de sua vida.  Mesmo imaturo e inexperiente, filho almejava autonomia para suas primeiras escolhas.  Ainda que não fossem as melhores, desejava sentir o gosto de ser adolescente.

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A maior expectativa de pais de adolescente

Minhas expectativas sobre filho adolescente mudaram quando notei o injusto duelo travado entre nós.  De um lado, eu tentando molda-lo à imagem de adolescente idealizado; de outro, ele lutando para firmar sua própria identidade independente de mim e de minhas idealizações.

me mostrar quão difícil era descobrir sua própria identidade em meio à tanta reclamação e cobrança do que não era.

Futuro de filho adolescente ainda me preocupa.  Que tipo de adulto se tornará continua sendo minha maior ansiedade. Ser mãe consciente da missão de formar adulto saudável para o mundo me faz ser essencialmente inquieta com perspectivas de futuro de filho. Porem, diferente de antes, hoje as possibilidades são mais previsíveis porque não tento antever o futuro; vivo o presente com filho como é e, junto com ele, descobrimos possibilidades.

Evitando lições de moral, me esquivando de sermões e fugindo das verdades absolutas, descobri um meio de contribuir com a jornada de desenvolvimento de filho na adolescência.  Minhas expectativas mudaram sim.  Pra melhor porque, agora, convergem para um futuro possível e real pra todos.

Finalmente entendo o alivio do filho naquela conversa com a tia e de tantos outros jovens incompreendidos por pais inconscientes de suas expectativas irreais sobre filho.  Poder assumir a própria identidade sem julgamentos alheios é, na verdade, sentir o amor verdadeiro que não espera nada do outro; simplesmente vive junto com ele a experiência de se descobrir como é na real.

Não deveria ser esta a maior expectativa que deveríamos, de fato, nutrir em relação a filho adolescente?

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