mochilão na adolescência

Mochilão na adolescência

by Xila Damian

Viajar sozinho na adolescência tornou-se experiência comum às famílias com condição financeira para tanto. O conhecido mochilão na adolescência se tornou uma opção nas últimas décadas quando o acesso a intercâmbios ficou menos burocrático, mais fácil.

Uma rica e amadurecedora experiência

Ainda assim, há pais que não enxergam as vantagens dessa experiência como chance de amadurecimento de filho. Inflexíveis, reagem desconfiados. Entendem não como oportunidade de amadurecimento mas uma chance de o filho curtir a vida lá fora “bancado” pelos pais e sem “supervisão“.

Não tive acesso aos mochilões e invejo o acesso que jovens tem hoje. Claro que amadurecer não depende de uma experiência como essa mas, quando possível financeiramente, acredito no seu poder de mudança significativa no jovem. Viajar sozinho na adolescência, pra mim, é uma rica opção de amadurecimento.

A experiência de amadurecer em realidade diferente

Viagens escolares começam cedo, quando ainda crianças. Há famílias que se preocupam demasiadamente com filho que viaja “sozinho” nessa fase, ainda que sob a supervisão escolar. Sempre fui liberada para participar das excursões e amava a experiência de conviver com amigos fora do ambiente escolar. Retornava com novas histórias e vínculos mais fortes. O grupo se fortalecia.

Adolescente, vivi uma era de pouco acesso à informação. Viajar para o exterior era difícil, não só financeiramente. Aventurar-se em um intercâmbio era ainda mais trabalhoso. Hoje, é outra história. A oportunidade de estudar, conhecer, desbravar, experimentar traz o benefício adicional de viver uma realidade diferente e amadurecer com a experiência.

Há quem não acredite nos benefícios. Conversando com um amigo, desabafou irritadíssimo:

Que saco!  Fred tá no meio da faculdade e não consegue estágio. O que será dele depois de formado? No meu tempo, já tava empregado, ganhando o meu dinheiro, me virando. Veio com uma história de “mochilão”, que tá em dúvida sobre o curso… Fala sério: dá pra acreditar que vai tomar um rumo porque está brincando de morar sozinho no exterior? Fácil ficar na moleza conhecendo o mundo, bancado pelos pais sob o pretexto de que “é bom pra crescer”. Não acredito nisso. Não tive essa moleza, não!  Se é pra crescer, que cresça aqui mesmo e, de preferência, logo!

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Mochilão na adolescência causa inquietação saudável

A questão não era financeira mas de propósito. Para aquele pai, viajar sozinho na adolescência era uma desculpa para fugir das responsabilidades. Sua opinião me pareceu um tanto preconceituosa e autoritária. O mundo mudou, novas possibilidades surgiram e, se atualizar sobre elas, é uma tarefa para pais também.

O acesso a novas experiências como essa deveria ser encarado como oportunidade. Possibilitar a experiência de viajar sozinho na adolescência ao filho é uma opção nova e cheia de aprendizados. Não é a única mas uma das melhores, quando e se possível financeiramente.

Tornar-se responsável por si mesmo, tomar atitudes sozinho, trabalhar em tarefas simples, administrar gastos, conhecer nova cultura são meios de abrir a mente, de se questionar, de aprender, de enxergar o mundo além de suas ainda limitadas perspectivas.

A experiência traz naturalmente uma inquietação saudável sobre a vida e sobre si mesmo. Considerando a fase de transformação e das primeiras decisões não há como o adolescente escapar de amadurecer e fazer escolhas sobre seu próprio futuro.

Uma experiência diferente… e válida

O mundo gira, muda. Precisei mudar para participar da vida do filho adolescente. Evoluir em pensamento e atitudes é meu dever também.  Ao me abrir a novas possibilidades, aprendi com o diferente e abandonei as verdades absolutas. Amadureci como mãe.

O mundo atual apresenta novas e incríveis possibilidades. Se meu filho puder me ultrapassar em conhecimento e experiências, tanto melhor! Por isso, mochilão na adolescência é, pra mim, uma opção de amadurecimento. Sem garantias mas, sem dúvida, uma experiência rica de aprendizados. Bem diferente a minha adolescência e, mesmo assim, válida.

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