Zoação na adolescência: ensine seus filhos a usar a lente certa e viver melhor

Zoação na adolescência exige competência para rir de si mesmo

Zoação na adolescência chega a ser engraçada: é de onde surgem as brincadeiras e se estreitam vínculos de amizade. É como um segredo entre amigos: só você sabe a característica marcante do outro e passa a ressaltá-la por meio de piadas que só os amigos entendem. É a lente de aumento dos amigos.

Mas, dependendo da brincadeira e do perfil do adolescente, a zoação também pode trazer desconforto, insegurança e até, ressentimento. O que era pra ser brincadeira entre amigos cresce sob a lente errada de conflito (interno), bullying e trauma.

Precisei ajudar filho a usar a lente certa para não sofrer à toa. A fase em que as zoações naturalmente acontecem lhe cobraria equilíbrio para equalizar e aprender com as situações. Se para alguns saber lidar com elas é vital para o amadurecimento emocional para outros, torna-se quase uma questão de sobrevivência.

Precisava, então, ajudá-lo a abandonar a lupa e o binóculo para lidar com as zoações da adolescência com mais humor. Afinal, rir de si mesmo é uma competência diferenciada de aliviar o peso da vida em muitos momentos.

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Leia também: Zoação na adolescência: como ajudar filho a usar a lente certa e viver melhor!

Zoamos e somos zoados a vida toda

Escutava muitas histórias engraçadas sobre zoações entre amigos na escola: apelidos, confusões, piadas… “Coisa de adolescente”, pensava com sorriso no rosto. Mas, quando o zoado era meu filho, notava sua irritação e raiva. Minimizava, ria e, na tentativa de aliviar seu sentimento, finalizava dizendo: “Brincadeira, filho. Liga não.”

Em resposta, ficava fulo comigo:

– Saco, mãe!  Você não entende!  Não gosto! – retrucava sentido.

Definitivamente, não sabia lidar com as zoações, “pilhava”. As brincadeiras comuns a grupos adolescentes (e, vamos combinar, adultos também) o atingiam de tal forma que passava a considerar que todos tinham “marcação” com ele.

Precisei ajudá-lo a entender que, na vida, zoamos e somos zoados todo o tempo, que precisamos aprender a dar o devido peso a cada situação sob o risco de nos tornamos exageradamente sensíveis e vulneráveis à pilha do outro mesmo nas brincadeiras, mesmo quando adultos.

Mas… como ajudar filho a usar a lente certa?

Escolhendo a lente certa

1- Antes de tudo: respeite o sentimento dele; não minimize a situação muito menos o julgue “fresco” ou fraco por reagir mal à zoação;

2- Converse:

• estabelecendo empatia: colocando-se no lugar dele e com os “olhos” dele; entenderá a situação sob as lentes dele não sob as suas;
• perguntando como ele se sente;  ajude-o a reconhecer/nomear as emoções que causam seu desconforto;
• perguntando o que ele gostaria que mudasse: o foco da zoação? sua reação a ela? o quê?
• discutindo possibilidades de mudança a partir dele a começar pela lente que usa para “ler” a situação;
• dando-lhe fatos que comprovam que a zoação faz parte, que ele está inserido no grupo: amigos se zoam.

3- Ajude filho a mudar sua lente na prática.

Menos um adulto fragilizado e traumatizado no futuro

Ajudar filho adolescente a encontrar saídas para os desconfortos que vive no cotidiano me fez enxergá-lo como é: em fase de desenvolvimento de competências para viver. Escolher a lente certa para lidar com a típica zoação na adolescência pode ser uma tarefa difícil para o filho. Às vezes, é até para adultos; portanto, é preciso ajudar.

Muitas vezes discuti com filho adolescente porque o rotulava de “muito sensível” por não aturar zoação de amigos e família.  Na verdade, ele não tinha maturidade nem recursos para enxergar a diferença entre uma brincadeira e um bullying, por exemplo; acabava encarando tudo como desrespeito e “pilhava”, o que piorava seu desconforto e minava amizades.

Em vez de continuar nesse ciclo vicioso de rotulá-lo e deixá-lo solto para se virar e aprender na marra, decidi ajudá-lo.  Dar-lhe dicas de como lidar com a zoação na adolescência com a lente certa o ajudaria a não só sofrer menos como a aprender a enxergar melhor as situações. Com sorte, será menos um adulto fragilizado e traumatizado no futuro.