conflito de gerações

Conflito de Gerações: a ponta do iceberg chamado adolescência

by Xila Damian

O iceberg pode ser belo

O conflito de gerações vivido na minha adolescência foi simples: a partir da diferença de idade, gostos e interesses entre pais e filha destoavam. Agora é minha vez de viver o conflito de gerações com filho e, de repente, percebi diferenças mais profundas que a superficial diferença cronológica.

Em princípio, levei as diferenças com filho adolescente naturalmente. Depois, nem tanto: havia algo que nos distanciava além da conta e isso me angustiou. Ainda que também tivesse vivido o conflito de gerações na minha adolescência, aquilo que vivia com filho era bem diferente.

Decidi, então, me aprofundar na adolescência. Foi quando concluí que aquele aparente conflito de gerações era movido bem mais que pela diferença etária. Na verdade, era a ponta de um iceberg que, imerso, escondia diferenças muito maiores que gostos e interesses: escondia meu medo (ou preguiça) de aprender a lidar com filho adolescente da era digital.

Usufruir da beleza de um iceberg depende da competência do navegador de não paralisar pelo medo, mas de buscar saídas para lidar com ele. Assim vi acontecer comigo: como mãe de adolescente, só enxerguei a beleza da fase quando adquiri competência pra continuar experimentando e aprendendo como lidar com filho adolescente, apesar das diferenças de geração.

O iceberg de novas perspectivas

Como que trocando o pneu do carro enquanto andamos, vivemos e descobrimos novas possibilidades a cada dia. No meio de tanto dinamismo, ficamos inseguros e, frente a um horizonte aberto cheio de possibilidades e sem garantias…paralisamos.

A fim de me preservar, justificava minha incompetência de lidar com filho adolescente nomeando-a conflito de gerações.  De fato, o novo assusta inicialmente, mas parece que havia esquecido do seu poder de também encantar. Ao me fechar ao novo perdia a chance de descobrir algo. Bom ou ruim, ganharia experiência, ampliaria meu horizonte.

Quando nos tornamos pais, também nos tornamos conservadores em certos sentido. Contudo, prezar pela segurança de filho não significa nos acomodarmos e resignarmos à experiência de até então. Continuamente, somos aprendedores e perder essa disposição é minar relacionamento com filho adolescente.

O conflito de gerações acontece quando insistimos na paralisia, na visão unilateral do conhecido. Repetimos padrões e, inconscientemente acovardados, nos acomodamos seguindo um modelo de educação único e vitalício; desconsideramos as novas circunstâncias.

Quando lidamos com filho adolescente, entramos no ciclo vicioso dos conflitos sem tentar novas saídas. Fechados m nossas convicções e verdades absolutas, o iceberg escondido sob o tal conflito de gerações, pacientemente, aumentou.  Sorrateiramente, nos privou de enxergar a beleza e de navegar na adolescência de filho com leveza e prazer. Ao contrario: angustiados, nos fechamos às diferentes perspectivas que o iceberg pode nos proporcionar.

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O iceberg chamado conflito de gerações

Cansei de escutar filho impacientemente reclamar de minha ignorância tecnológica básica:

Saco, mãe!  Ainda não sabe conectar o wi-fi?

Ou ainda quando, reclamando de seu longo tempo no computador “fazendo nada”, o desligava repentinamente:

– Mãããe! Você acabou de interromper minha jogada!  Que saco! Vamos perder o campeonato por sua causa! – gritava enfurecido.

Claramente meu desconhecimento me distanciava de sua realidade. Naturalmente nosso relacionamento virou tempestade.  Pouco disposta a me aprofundar sobre seu mundo, logo demonizei a era digital. Assim, justificava nossa distância com o “normal” conflito de gerações e repetia não só padrões como o desvio de rota na adolescência de filho.

Como meus pais, limitei meu esforço de conhecer a nova geração. Porém, fiquei arisca e cheguei a temer conhecê-la.  Talvez pela magnitude das diferenças atuais, não sei. Fato é que o ambiente ficou mais complexo e isso me assustou.  Se antes escolhia até onde queria ir, agora a vida me impôs esforço adicional pra lidar com filho adolescente se quisesse me manter próxima do iceberg pra usufruir de sua beleza em vez do medo que causava.

Como navegador experiente

A cada geração, novo perfil de adolescente surge e novo conflito de gerações se instaura. A grande revoluçao tecnológica de hoje trouxe, adicionalmente, desafios ainda maiores pra lidar com filho adolescente, o que só aumentou o iceberg que a adolescência sempre foi.

A maior complexidade, inevitavelmente, demandou maior conhecimento e disposição pra experimentar novas saídas. Por isso, me capacito diariamente pra, em vez de paralisar de medo diante do iceberg, reconhecer sua beleza única e navegar junto com ele.

Tal como o navegador experiente que vive, aprende, amadurece e se orgulha dos desafios vencidos no mar vasto e desconhecido, também desvendo a adolescência de filho. E sob essa perspectiva diferente, o conflito de gerações se tornou apenas a ponta de um iceberg grande, mas incrivelmente belo.

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