espiritualidade em filho adolescente

Espiritualidade na educação de filho adolescente

by Xila Damian

A importância de semear

Cultivar espiritualidade em filho adolescente sempre foi desafiador. Até pais espiritualizados tem essa dificuldade mas, ainda assim, perseveram. Certamente porque reconhecem a importância de se alimentar a alma como valioso meio de formar indivíduo saudável para o mundo. Principalmente porque sabem que, espiritualmente frágil, se cai em profundo vazio; a vida perde sentido. Será a falta de espiritualidade um dos fatores que leva a sociedade a rotular a nova geração como doente?

Filha de mãe religiosa e praticante, hoje entendo seu importante papel de “semeadora’ da espiritualidade familiar. Ainda que sem garantias, perseverou em transmitir o valor da espiritualidade. Ainda que não compreendesse a mensagem, repetidamente a escutava dizer: tanto quanto o corpo, alimentar a alma é construir alicerce para a vida.

Por isso, não importa quão resistente filho seja às minhas investidas espirituais, também sou semeadora. Talvez a semente germine, talvez não; mas, tal qual minha mãe, continuo perseverando agora segura de que, cultivando a espiritualidade em filho adolescente, também o estarei ajudando a construir alicerce sólido para uma vida e um mundo melhor.

Diferentes estágios

Ia a missas dominicais a contragosto; forçada, cumpria rituais obrigatórios da doutrina sabendo pouco ou até nada sobre muitos dos ritos. Recebi educação religiosa e, ainda assim, entediada, criticava a prática. Imatura, pouco a pouco me afastava de tudo menosprezando o espiritual em detrimento ao material. Ignorante, me deixava levar pelo mundo.

À medida que crescia, a vida foi ficando mais desafiadora. A busca frenética de conquistas materiais foi me absorvendo e se tornaram prioridade em minha vida. Vivia o mundo e este, em mim. Até que me tornei mãe e, pela primeira vez, recebi uma “cutucada”: o mundo era mais profundo e misterioso do que pensava.

A responsabilidade de cuidar de outro ser me chamou à espiritualidade. A desafiadora missão de ser mãe exigia humildade pra encarar minhas limitações humanas que, até então, pareciam inexistentes. Tamanho compromisso de formar outro indivíduo, de preferência melhor que eu mesma, demandava equilíbrio de corpo… e alma.

Conhecedora do caminho, voltei logo àquele um dia apresentado; a semente, enfim, havia germinado. Quando mãe de adolescente, novas necessidades surgiram e junto, nova cutucada me alcançou: chegara o momento de também cumprir meu papel de semeadora com filho.

Saco, mãe! Entendo e admiro sua fé. Só não estou no mesmo “estágio” que você! Quer dizer, ainda não estou… – reagiu ao meu convite de ir à missa.

Embora a reatividade adolescente soasse familiar, reconheci nela certa vantagem. Diferente de mim, não criticou minha fé mas me alertou sobre os diferentes “estágios” em que estávamos. Seja lá qual fosse o dele, reconheci: o caminho estava sendo trilhado e isso já me contentava, por ora.

Espiritualidade em filho adolescente

Muito se fala de geração doente e, arrogantemente, esquecemos nosso papel nessa história. Como pais, no mínimo responsáveis por formar tais jovens, reproduzimos discursos depreciativos sem atentarmos de que são fruto de nosso trabalho; portanto, resultado de nosso exercício como formadores de novos indivíduos para o mundo.

Sob alicerce frágil, a vida vira fardo pesado que desorienta e nos desvia do caminho de crescimento. A alma enfraquecida não perdoa: entra em falência e, inevitavelmente, o indivíduo entra em colapso existencial. Somos ser único e complexo em um mundo reducionista e materialista. Atentemos, portanto: cultivar a espiritualidade em filho adolescente faz parte da missão de formar adulto pleno e saudável para o mundo.

Fundamentalmente ocupados em lhes promover subsistência material, negligenciamos parte essencialmente humana: o cultivo da espiritualidade. Cultivar a espiritualidade em filho adolescente é exercitar a humildade de nos enxergarmos inacabados e, nem por isso, escravos desse mundo; é crer além de nós mesmos e, assim, fortalecer a alma pra lutar contra as vicissitudes da vida e sermos gratos pelas vitórias, inclusive como pais de adolescente.

Legado para o mundo

O exercício de conhecer a si mesmo e se reconhecer no mundo, além de árduo e doloroso, é inevitável; a conta chega pra todos, inclusive para os adolescentes. Apresentemos aos filhos, então, o caminho da espiritualidade desde cedo.  Em diferentes estágios, devemos formar adulto que, acima de tudo, desejamos para o mundo e estou certa de que compartilhamos do desejo comum de contar com geração saudável, futuros adultos “inteiros”, de corpo e alma, ainda que o mundo insista em jogar contra.

– Mãe, espera! Vou contigo à missa hoje. – disse ele outro dia.

Em seu tempo e “estágio”, filho vai assimilando o caminho que ensinamos. Por isso, persevero. Afinal, sou prova desse exercício que começou lá atrás e é contínuo para os comprometidos com a missão de formar geração saudável. Enquanto semeio a espiritualidade em filho adolescente, ensino o caminho de uma vida alicerçada na fé em um mundo melhor.

Talvez filho persevere, talvez não. Porém, uma coisa é certa: conhecendo o caminho, saberá de onde retomá-lo quando precisar; e ele vai precisar. Aí então, terei aumentado significativamente a chance de mudar uma geração e, consequentemente, o mundo.

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