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Falar de sexo com filho adolescente: quebrando tabus para cumprir o dever

by Xila Damian

Agora na prática

Falar de sexo com filho adolescente foi, pra mim, quebrar um tabu. Ficava extremamente desconcertada de tocar no assunto, principalmente porque sou mãe de menino e, confesso, não sabia como abordar o assunto. Porém, o senso de responsabilidade falou mais alto (ainda bem!) e venci o tabu. De fato, foi o certo a fazer e hoje testemunho: nem foi tão difícil assim.

Apesar do tema já ser, no mínimo, conhecido do filho, ser parte do currículo escolar, de o acesso à informação hoje ser infinitamente maior com a internet e saber que, na real, a troca de informação entre amigos é frequente, quis também “contribuir” com o aparente enorme conhecimento adquirido.

Falar de sexo com filho adolescente, independente do grau de seu conhecimento “prático”, foi reforçar responsabilidades. Sobretudo porque sabia que a conversa não o impediria (ou o incentivaria) à atividade sexual; lhe daria diretrizes.

Após várias, chegou momento de falar de sexo iminente o que, obviamente, me remeteu à prevenção, de novo. Afinal, sem garantia de nada, nos restava cumprir com o dever (e a responsabilidade)…agora na prática.

Falar de sexo sob realidade iminente

De longe, detectava certo frisson sobre o nome de uma “amiga” que invariavelmente surgia nas conversas entre amigos.  Fingindo não perceber sua excitação, a hora de falar de sexo com filho em tempo real chegara.

Se antes o orientava a respeito como uma possibilidade ainda remota, agora era uma realidade iminente.

Pensava ter quebrado tabus quando conversei com filho sobre sexo na adolescência. Com efeito, havia avançado consideravelmente. Porém, o tempo real me desafiou mais um pouco: falar de sexo com filho adolescente ciente da iminência do ato foi um tanto assustador pra mim, confesso.

Certo dia, abordada por ele, entendi que a oportunidade havia sorrido pra mim (ou me cobrava mais uma atitude):

– Mãe, eh… não sei bem como falar isso… eh…Saco!

Apesar da ansiedade, consegui disfarçá-la respondendo suavemente:

– Ué… fale como conseguir…

– Como você estende uma conversa por zap? Tô trocando mensagem com uma garota mas, às vezes, ficamos sem assunto… não sei como continuar… triste! – desabafou.

A conversa seguiu aos trancos e barrancos: não sabia como ajudá-lo. Afinal, sou do tempo do telefone e “falar” dava mais chance de estender o papo e entender o outro do que as curtas e objetivas mensagens de um zap. Ainda assim, me esforcei pra parecer familiarizada e ajudar.

Antes de tudo, fingi tranquilidade e, um tanto “blasé“, simulei a situação a partir de seu próprio exemplo. Enquanto trocávamos idéias, colhia informações. Aos poucos, a suspeita se confirmava: estava prestes a acontecer.

Todos quebrando tabus

Independente da minha crença e opinião sobre fazer sexo na adolescência, sei que a decisão é dele. Por isso, busquei conquistar sua confiança pra lhe servir de “referência”. Ter minha opinião considerada me deu a segurança de saber que, pelo menos, cumpria meu dever.

Contudo, a abertura não me habilitava a abordar o assunto deliberadamente, o que me exigiu mais cuidado:

– Mãe!  Não quero falar de sexo com você. É nojento! – me respondeu certo dia.

Mal sabia ele do meu esforço pra vencer minhas próprias barreiras. Por isso, fui franca:

– Também fico constrangida mas o assunto é importante. Independente de sua decisão, espero que seja responsável e respeitosa. Por isso, leve camisinha contigo e sempre considere sua parceira com respeito. Fim da mensagem.

Muitas outras oportunidades (cavadas e espontâneas) surgiram. Usei todas. Errando aqui e ali, o saldo foi positivo. Isso porque, dias depois, me buscou novamente:

– Eh… mãe… sabe aquela história de camisinha… não tenho cara de comprar na farmácia. Pode me ajudar?

Como não havia pensado nisso? Até o mais conectado adolescente de hoje continua precisando de ajuda prática dos pais pra quebrar tabus e tomar decisões responsáveis.

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Tabus quebrados, dever cumprido

Por mais constrangida me sentisse e independente de minha opinião, falar de sexo com filho adolescente é tão necessário quanto crucial pra uma educação sexual consciente e responsável. Como falar de sexo com filho adolescente faz diferença mas não me impediu de começar.

De fato, informação há facilmente por todo o lado. Porém, orientação clara e de qualidade é não só meu dever dar mas também necessidade de filho de receber. Não sabia, contudo, que quebrar tabus seria mérito dos dois. Surpreendentemente, ambos quebramos e seguimos cumprindo com nosso dever.  Pelo menos, até agora.

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