depressão e tecnologia

Depressão e tecnologia: a conta deste mundo é maior

by Xila Damian

A conta depressão e tecnologia é nossa

Recente matéria sobre depressão na adolescência me surpreendeu. Não só pelo espaço dedicado ao tema (dez páginas), o que mostrou sua importância, mas pelo conteúdo pouco ampliado.  A já conhecida e divulgada relação entre depressão e tecnologia se repetiu na longa reportagem.  Por isso, infelizmente, pouco agregou ao meu conhecimento e opinião sobre o assunto.

Inicialmente sedenta por discutir outras variáveis que contribuem para o aumento da doença do século, devorei as páginas com curiosidade de criança.   Infelizmente, me frustrei.  Dados conhecidos e diagnóstico simplista continuaram a jogar a conta desse mal na relação depressão e tecnologia desconsiderando outros aspectos de peso.

Culpar a tecnologia pelos problemas na adolescência de hoje é, no mínimo, se eximir de senso crítico e visão ampla. Ao justificar a doença como o mal causado pela era digital desconsiderando, por exemplo, o comportamento parental nessa dinâmica, é se isentar do papel educador de pais de adolescente da era digital.

Famílias (e mundo!) urgem pais conscientes e dispostos a encarar o desafio de lidar com filho adolescente digital e suas mazelas sem “bengalas”.  Inegavelmente, ser mãe de adolescente na era digital tornou a função mais complexa.  Entretanto, a conta depressão e tecnologia é muito maior do que tentam nos convencer e, (in)felizmente, fazemos parte dela.

Outras variáveis fora da conta

Mais frustrante do que esclarecedora, a longa matéria de dez páginas me remeteu às tais opiniões simplistas por se eximir de uma análise mais ampla. Talvez porque nos falte autocrítica para assumir parte da “gorda” conta que a depressão e tecnologia cobra.

Naturalmente escutava opiniões pejorativas e simplistas sobre adolescentes. Da mesma forma, escutava conselhos que pouco ajudavam a encontrar saídas para os problemas inerentes à fase nos tempos atuais, dentre eles depressão e tecnologia na adolescência.

Por isso, mais do que jogar as novas mazelas adolescentes na conta depressão e tecnologia, mais útil seria ampliar a discussão com outras variáveis dessa relação.  Certamente nos levariam a um diagnóstico mais profundo que vai além da simplista culpa sobre o recurso da atualidade.

A ótica superficial sobre o tema nos impele à uma análise pouco fundamentada, simplista e preguiçosa.  Temerosos, aceitamos as opiniões preconceituosas sobre adolescentes “de hoje”, desconhecendo os novos modelos de relação social, laboral, educacional, e os rotulando descaradamente.

Diante de tamanho desconhecimento, a conta depressão e tecnologia dá erro. Fora dela, vários outros fatores como, por exemplo, relacionamento familiar, educação parental, modelo escolar, qualidade de ensino, novos modelos de socialização, novas dinâmicas de trabalho, perfil atual de pais e, por fim, globalização desequilibram a equação e nos impedem de enxergar a raiz do problema.

Na verdade, a conta é muito maior do que imaginamos e temos parte dela. Talvez o enorme avanço tecnológico nos tenha assustado mais do que ajudado como pais.  Por isso mesmo, conhecer esse novo mundo tornou-se vital. Só então, poderemos formar opinião própria sob um contexto muito maior que o recurso em si.

O diagnóstico precisa ser melhor

Também critiquei adolescentes digitais; inclusive em casa.  Enquanto usava a “bengala” da tecnologia, justificava o mau relacionamento com filho e me resignava “lavando as mãos” para o problema.  Assim, me redimia da ignorância, preguiça e do medo do desconhecido.

Empurrar a conta da depressão na adolescência pra tecnologia é esquecer nosso papel de educadores e contínuos aprendedores.  As atuais circunstâncias invariavelmente continuarão nos desafiando a assumir o papel de mãe de adolescente diferente do passado. Inevitavelmente, seremos exigidos a descobrir novos caminhos pra desempenhar bem a função parental; inevitavelmente, seremos demandados a uma visão ampliada para solucionar problemas novos como, por exemplo, a depressão na adolescência.

Por isso, desconhecer não é mais justificativa: a informação está aí pra qualquer um. Gostando ou não, basta querer pra saber qualquer coisa, inclusive sinais de depressão na adolescência.  Por isso, tão importante quanto (re)conhecer os sintomas que a matéria mostrou, é fazer o diagnóstico correto pra ajudar filho nessa dura realidade.

O complexo e pesado mundo atual

O mundo mudou, a tecnologia é uma realidade e a depressão na adolescência é crescente.  Assim sendo, atualizar-se e aprender a lidar com esse novo contexto é inexorável. Mais que apontar culpados, precisamos buscar soluções factíveis pra viver a adolescência junto de filho, não longe dele. E demonizar a tecnologia não é o caminho.

Sendo eu responsável por formar um adulto física, mental e emocionalmente saudável, preciso me capacitar continuamente como mãe desta nova e desafiadora era digital. Tal qual médico competente preciso me atualizar constantemente e oferecer meu melhor “serviço” em prol de melhores resultados.  Se não por amor, que seja pela responsabilidade vitalícia de formar adulto melhor para o mundo.

Ao assumir minha incompetência, portanto, busquei aprimoramento. O conhecimento me levou a descobrir que não há respostas simplistas para as complexas questões da atualidade.  Nem mesmo para a relação depressão e tecnologia. O diagnóstico é outro.

Assim, compete a nós, pais, cuidarmos e efetivamente convivermos com filho adolescente e, sem “pré”conceitos, crescermos (no sentido amplo da palavra) junto com ele. Mais do que nunca, ele precisa de nossa ajuda. Afinal, viver nesse mundo complexo e digital, por vezes, é pesado até pra ele.

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