Suicídio na adolescência. A série “13 REASONS WHY” mostra a enorme responsabilidade em ajudar seus filhos a viver os desafios da adolescência,
A opinião do meu filho adolescente sobre a personagem me assustou: diferentes pessoas, diferentes percepções
Estatísticas assustadoras apontam que o índice de suicídio na adolescência até 29 anos cresceu aproximadamente 10% nos últimos 12 anos. A informação me faz estremecer: o que leva jovens a entrarem em depressão na adolescência quando a fase deveria ser de descobertas, alegrias e amizades? Pior, a cometer suicídio?
Lembrei da série 13 Reasons Why. Você certamente ouviu falar da história de Hannah que, vivendo os desafios que a adolescência traz, gravou em áudio suas experiências pessoais. O sentimento trazido a cada narrativa nos faz perceber os fatos vividos sob sua própria ótica. Dessa forma, naturalmente somos levados a concluir o processo crescente de depressão que viveu até o ponto de cometer suicídio.
Intimada a assistir a série por uma “amiga-mãe-de-adolescente” como eu, corri para me atualizar. Afinal, o filme e o tema suicídio na adolescência já era assunto há tempo entre jovens e pais de adolescentes.
Perguntei displicentemente (prá não chamar muita atenção) ao meu filho se já tinha visto o filme. Ao assentir, deu sua opinião:
– Não achei nada demais… história de uma garota que filmou sua própria morte.
– Ahm? Nada demais? Você realmente acha nada demais uma história como essa? – perguntei assustada.
– Mãe, a menina é exagerada… só porque passou por umas situações ruins que todo mundo passa, ela ficava ofendidinha, levava tudo muito a sério. Sem falar que era metida a tirar onda como se fosse a tal… a garota era um saco, pra falar a verdade. Suicídio na adolescência não acontece por causa daquilo que ela mostrou – tentou explicar.
Fiquei ainda mais curiosa (e temerosa) do que assistiria. Se você não assistiu o filme, recomendo que o faça. Vale a pena, no mínimo, como alerta às questões sobre adolescência, sem falar sobre suicídio na adolescência.
A complexidade de viver a fase é maior do que parece e pode levar ao suicídio na adolescência
Dediquei-me a assistir o filme inteiro o mais rápido possível. Estava curiosa para saber os motivos pelos quais uma jovem teoricamente ‘como qualquer outra”, sem qualquer sintoma evidente que indicasse depressão chegaria ao ponto de cometer suicídio.
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De início, entendi a opinião do meu filho: a adolescente Hannah parecia mesmo “super-melindrada” às situações pelas quais passava. Alegre inicialmente, Hannah reclamava das relações com amigos mas não percebia que ela também deixava a desejar em seu relacionamento com o amigo apaixonado.
Caí na cilada de menosprezar os sentimentos da adolescente. Não sabia que, gradualmente, assistiria o típico processo de jovem-cheia-de-conflitos-internos evoluindo para um quadro de depressão até cometer suicídio na adolescência.
Adulta, passei a romantizar minha adolescência. Memórias gostosas de amigos fiéis e experiências comuns me emocionam até hoje. Porém, também lembro da fase de conflitos e medos vividos. Definitivamente, a adolescência não é fácil.
As transformações físicas e emocionais causam um verdadeiro caos interno que talvez justifique o número crescente de suicídio na adolescência. Acredito que parte desta estatística seja fruto da dinâmica que vivemos hoje: pais com cada vez menos tempo para filhos. Delegando a adolescência deles cada vez mais à sorte.
Casos extremos como suicídio na adolescência reforçam minha opinião. Por outro lado, entendo como oportunidade de melhoria sobre a relação mãe e filho. Ao minimizarmos a complexidade da fase, tendemos a negligenciar ou a sermos autoritárias com nossos filhos; não encontramos o equilíbrio e simplesmente seguimos como conseguimos.
Ao negligenciamos o difícil processo de desenvolvimento do filho ou ao não enxergá-lo na transição para o mundo adulto, nos tornamos a caricatura de mãe e filho adolescente e utilizamos frases clichês que só aumentam a distância entre pais e filhos. Estamos fazendo realmente o nosso melhor?
Viver conflitos internos sozinho pode tornar a dor insuportável
A aparente “normalidade” do perfil adolescente que rotulamos como “todos iguais” mascara o desconhecimento de como ajudar o filho nesta fase crítica de desenvolvimento. Avaliando os dramas pelos quais os jovens passam, acho mais provável que entrem em depressão que os levem a suicídio na adolescência do que enxerguem a fase com o romantismo de adulto.
Frequentemente, associamos depressão na adolescência a jovens de família desajustada, aos inquietos, agressivos e rebeldes. Frases clichês como “é problemático”, “é rebelde” ou “ela é complicada” tentam resumir e rotular uma realidade muito mais complexa que é a insatisfação crônica adolescente por si mesmo.
Contrariando a idéia de jovem propenso à depressão, a personagem Hannah não apresentava as características típicas de uma “rebelde” ou “problemática”. Pelo contrário: pertencia a uma família comum, com problemas comuns, filha de pais amorosos, tinha amigos e, como todo adolescente, passava por conflitos. Uma adolescente comum vivendo situações comuns da adolescência.
Inicialmente crítica à personagem, aos poucos mudei de idéia: Hannah vivia as situações de forma diferente dos amigos e se tornava vulnerável a sentimentos confusos e profundos da adolescência. O impacto causado nela a levou a recorrer ao suicídio.
Doloroso crer que, na fase que julgamos ser de boas descobertas e novas experiências, o adolescente possa viver conflitos tão intensos a ponto de cometer suicídio. A solidão é capaz de provocar isso: não suportando a dor, Hannah decidiu pelo suicídio.
Diálogo entre mãe e filho adolescente continua sendo o maior trunfo
Ao refletir sobre a moral do filme, me convenci ainda mais que o diálogo entre mãe e filho é o maior trunfo para lidar com depressão na adolescência. Buscar oportunidade de interação com filho, entender o desafio de ser adolescente e, principalmente, conhecer seus dramas são meios de se conectar para ajudá-lo nesta difícil fase.
Não existe um perfil único de jovem com depressão e propenso a suicídio na adolescência. Convivemos com milhares de jovens à beira do suicídio sem sequer imaginar esta triste realidade. Eles estão em todo lugar pedindo que alguém enxergue em tempo de ajudar a viver a adolescência com seus dramas.
Por qualquer motivo, estamos muito ocupados ou distraídos para identificá-los. Porém, como pais, é nossa responsabilidade ajudar filho adolescente a encontrar caminhos para enfrentar seus momentos de depressão e a se fortalecer com os inevitáveis conflitos da fase.
Não temos garantia de nada, mas a enorme responsabilidade de formar adultos emocionalmente saudáveis. Evitar a perda de mais jovens por suicídio na adolescência é dever de todo pai e mãe. O caminho para isso começa pelo diálogo aberto, honesto e interessado.
Lido com o diferente todo o dia: meu filho é prova disso. Somos opostos mas nem por isso estranhos um ao outro. Reconheço sua individualidade e isso me motiva a conhecê-lo cada vez mais, livre de rótulos.
Continuo sem garantias mas, seguramente, ele não está só. Espero que, diferente da Hannah, ele também não se sinta só.
Se você conhece alguém que precise de ajuda, divulgue o contato do Centro de Apoio à Vida: ligue para 141.
3 Comments
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Adorei!
Lembrei da minha adolescência e de como foi difícil pra mim.
Fui suicida e acabei por superar meus conflitos ainda jovem conseguindo enxergar meus desafios somente eu e Deus.
A família é importantíssima nessa fase.
É uma pena que as pessoas não entendam!
Mas seu blog vai ajudar a mudar isso 😍
Obrigada, Andrea por seu comentário! Feliz de saber que conseguiu superar seus conflitos.
Espero mesmo poder contribuir com outras famílias que passam por desafios comuns, descobrindo novos caminhos para viver essa fase difícil mas incrível (!) junto com nossos filhos; não mais a “vendo passar”.
Continue conosco!
bejio prá você!
XD