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Temperamento na adolescência

by Xila Damian

Abandonar o “efeito gabriela” para aprimorar o filho adolescente começa em casa

Reagimos a diferentes situações guiados pelo nosso temperamento. O efeito Gabriela nascido a partir do refrão da música “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim” serve até hoje como justificativa daqueles que se recusam a mudar diante das circunstâncias. Um erro tremendo… de preguiçosos.

Viver é um exercício constante de aprimoramento; nascemos inacabados. Uma das características que faz o ser humano ser único é a capacidade de se relacionar. E não há relação que resista a um temperamento cujo “efeito Gabriela”  não reconheça a necessidade de se aprimorar.  Domar o temperamento é um desses ajustes necessários.

Mãe de adolescente, senti o gosto amargo de ditar regras e de achar-me dona de verdades absolutas.  A experiência, porém, me mostrou que precisava domar meu temperamento e gerir minhas emoções se quisesse me relacionar com filhos nesta fase.

Educar filho adolescente para gerir as próprias emoções entrou em minha “lista” de preocupações de mãe.  O exercício foi difícil e me exigiu trabalho e mudanças. Controlar minhas emoções não só me poupou conflitos maiores como trouxe resultados positivos no relacionamento com filhos adolescentes.

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Para o bem deles (e, creio, do mundo) espero influenciar cada vez mais pessoas a abandonar a falácia do “efeito Gabriela” que se tornou, prá mim, uma desculpa preguiçosa do imaturo e incompetente  Senão para o bem de todos, para filho adolescente: é preciso aprimorar-se. Precisamos de adultos emocionalmente competentes no mundo e isso é tarefa iniciada em casa.

Temperamento: O descontrole emocional tem tudo pra trazer resultados ruins

A imaturidade da adolescência não me impede de alertar filhos sobre suas respostas aos estímulos da vida. Mãe de filho auto (e altamente) crítico, já noto como sofre com a alta régua que se impõe (e aos outros também).  Tenho minha parcela de culpa (mães são auto-punitivas, não?) nisso.  Atenta, precisei alertá-lo sobre o impacto que o temperamento (e o autocontrole) tem sobre as relações. Com os outros e com ele mesmo.

Dono de um temperamento explosivo, comecei a trabalhar com ele a importância de assumir o controle de suas emoções.  O gosto de estabelecer relações maduras e saudáveis é doce, bem diferente daquele que senti quando, sob o “efeito Gabriela”, me sentia no direito de ser como sou sem me importar com o efeito disso nas minhas relações.

Exemplos simples (que começam cedo) já denunciavam seu descontrole.

Quando se arrumava para a escola, gritou:

Saco, mãe! A camisa da escola tá suja! Não tenho o que usar!

– A outra “coringa” está no armário, filho – respondi tentando manter a calma.

– Mãããe, aquela tá horrível!  Não vou usar mais.  E agora?  Que saco! Sempre comigo! Sempre assim!  Agora vou ser barrado na entrada, vou levar notificação, e você vai reclamar.  Não é culpa minha, tá vendo?! – retrucou em uma avalanche descontrolada de emoções e previsões sobre o pior.

A preocupação, insatisfação e frustração, juntas, vazaram em um descontrole total.  Guiado por um temperamento explosivo e reativo, sua mente bloqueou qualquer possibilidade de falar (em vez de gritar), de argumentar (em vez de acusar), de mostrar seu descontentamento (em vez de raiva) e, finalmente, encontrar uma solução para algo com que ele, no fundo, tinha razão de se irritar.

Seu descontrole o fez perder a razão; perdendo a razão, ganhou o ônus de ter que se virar prá lidar, sozinho, com aquela situação que poderia lhe trazer problemas na escola e em casa.  Saiu perdendo ajuda, conforto, parceria e ganhando conflito, mal humor, bloqueio para uma solução.  A probabilidade de um resultado ruim era grande.

Reconhecendo o perfil do filho adolescente

Gerir emoções é difícil; mais ainda quando crescemos sob o “efeito Gabriela”.  Nos tornamos adultos emocionalmente incompetentes o que torna o exercício de aprimoramento ainda mais necessário… e difícil.  Lidar com adversidades, com pessoas diferentes, com a incerteza, com imprevistos é uma realidade da vida.  Aprender, desde cedo, a domar o próprio temperamento para lidar com os revezes e a pressão é ajudar filho a viver melhor e estabelecer relações de qualidade.

Por necessidade própria, (ainda) aprendo a trabalhar meu temperamento para gerir minhas emoções em benefício próprio.  Os resultados comprovaram: precisava iniciar o mesmo exercício com filho adolescente.  Comecei por acabar, de vez com a falácia do “efeito Gabriela”: ele é inútil, uma mentira, um embuste ao ser humano.

Na prática, reconheci:

1- O temperamento do filho: se explosivo, calmo, passivo, ativo, agressivo, autoritário, agregador dentre outros.

2- Os “gatilho que acionam seu descontrole emocional:  o “sinal amarelo” que antevê sua pior atitude.

3- Os padrões de comportamento em situações de pressão: serviria para discutir com ele sobre fatos.

O aprimoramento contribui para a formação de adultos competentes

Domar o próprio temperamento é exercício difícil.  Caímos em ciladas inúmeras vezes antes de aprender de fato.  Por isso mesmo me sinto no dever de começar desde já a ensinar filho adolescente a ser o senhor de suas emoções e não o contrário.

Ser mãe de adolescente é responsabilidade de formar indivíduo emocionalmente competente para lidar com as incertezas da vida.  Prá isso, o “efeito Gabriela” é só uma desculpa esfarrapada de preguiçosos que pouco se importam com relações saudáveis.

Errando ou acertando, o aprimoramento é contínuo e necessário. Gerir emoções e temperamento requer disposição para buscar soluções saudáveis para situações conflituosas.  Comecei o exercício com filho adolescente em casa. Espero, assim, estar contribuindo com a formação de um adulto emocionalmente competente.  Para o mundo.

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