flexibilidade

Flexibilidade pra navegar com filho adolescente

by Xila Damian

A flexibilidade faz fluir

Perdi a flexibilidade pra navegar com filho adolescente. Levada pelas marés da vida, acumulei funções despreocupada com a fluidez necessária para vencê-las. Inconsciente, enfrentava ondas desconhecidas e o medo tornava minha flexibilidade de outrora em rigidez. A relação com filho virou luta contra a maré; tentei, então, sobreviver.

À medida que sobrevivia, assumia mais responsabilidades e me orgulhava disso. Apesar do cansaço, me satisfazia dar conta das diferentes atribuições a cada nova fase de vida.  Assim crescia a carreira e a família;  a vida, enfim, seguia com as marés.

Entrei no mar aberto da adolescência de filho enfrentando marés difíceis, desconhecidas e, por isso, amedrontadoras.  Mas foi resgatando e descobrindo a necessária flexibilidade pra fluir que verdadeiramente me capacitei: deixei de sobreviver para aprender … e viver.

Entre marés fáceis e difíceis, hoje vivo cada desafio de ser mãe de adolescente como oportunidade de crescimento.  Às vezes, o mar fica revolto e aí é hora de navegar junto, de aprender a fluir em novas ondas em vez de lutar contra elas.

Perdendo a fluidez

Ainda que muito disciplinada, nunca sofri autoritarismo de pais nem de escola. A disciplina foi, na verdade, grande contribuição na minha vida. Graças a essa característica, construí carreira de sucesso e formei vínculos pessoais duradouros. Reconheço, portanto a importância que a disciplina tem na minha vida e nutro o mesmo na vida dos filhos.

Porém, enquanto vivia as diferentes marés, perdia parte da flexibilidade que me inspirava a fluir por elas. A disciplina que por tanto tempo me ajudou a lidar com as ondas da vida, foi me tornando disciplinadora contumaz. A fluidez de outrora se perdeu e junto a inspiração para ser mãe de adolescente.

O mar revolto da adolescência me assustou. A flexibilidade de outrora virou demérito com filho adolescente. Paralisada diante do desconhecido me fechei a opiniões e ideias de filho. A leveza de sua inexperiência e imaturidade soavam como bobagem. Sem perceber, fui sobrevivendo automaticamente à maré da adolescência e perdendo a chance de navegar junto com filho. Parei de fluir; comecei a lutar… contra ele.

Flexibilidade para viver

Várias vezes filho me deu a dica de que perdera a flexibilidade diante da vida e sempre a relevava. Até que um dia, foi  mais contundente e direto:

Mãe, que saco!  Por que é tão crítica? Relaxa! Escuta a história sem julgar! Você não precisa ter opinião e ser juiz de  tudo. Perde até a graça falar as coisas com você, sabia? Depois reclama que eu não te conto nada… saco!

Não tive escapatória senão enfrentar o fato: perdera a habilidade de navegar pela vida. Ironicamente, me tornei não só inflexível mas intolerante com quem mais precisava aprender a navegar com fluidez: filho adolescente.

Sufocada pela maré difícil da adolescência, fui absorvendo os caldos sofridos sem aprender com eles. Assumi verdades absolutas sem questionar, escutar e avaliar novas possibilidades; fechei olhos e ouvidos a ideias e opiniões diferentes das usuais; desperdicei oportunidades de usufruir e aprimorar a navegação com a revigorante energia adolescente.

Finalmente alertada, precisei resgatar a flexibilidade perdida. Afinal, navegar é preciso… para viver.

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Inspiração pra viver

A vida é mar aberto e sendo, é mutável e dinâmico. Para navega-la, é preciso fluir. Quando a maré da adolescência surgiu, me atrapalhei e, com medo, lutei contra ela. Sob o risco de afogar, filho me salvou e, sem saber, me ajudou a fluir novamente. Hoje, no mar revolto da adolescência, navegamos juntos e a inspiração pra viver agora é de todos.

 

Leituras sugeridas:  A vida é mar aberto, Adolescente é tudo igual, Equilíbrio entre os papeis de mãe e filho/Mãe general

1 Comment

  • Mãe falante e filho adolescente distante, saga rompida 13 de novembro de 2020 at 11:46

    […] Educar filho adolescente é muito mais que falar, falar, falar: é conscientemente acolher e encoraja-lo a falar comigo em qualquer circunstância. Abandonar práticas perniciosamente assumidas como “normais” e perfil pejorativamente “típico” da fase me permitiu abrir espaço para aprender novas e promover nova dinâmica com filho. […]

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