Críticas de filho adolescente

Críticas de filho adolescente

Receber críticas de filho adolescente é fato. Uma vez aceita a realidade, mais fácil entender a necessidade de tornar a irritante experiência em benefício próprio, quiçá do mundo. Assim, importante assumir que as críticas virão e, independente das circunstâncias, podem se tornar oportunidade de aperfeiçoamento a toda a família.

Na adolescência, passei a notar irremediável gosto de filho em me criticar. Situações corriqueiras de convívio facilmente se tornavam palco de frases carregadas de críticas às minhas atitudes e comportamentos. Subitamente, minhas reações passaram a suscitar críticas de filho adolescente e a denunciar mais conflitos a caminho.

De tão recorrentes, as críticas de filho adolescente passaram a me chamar atenção. Disposta a considerá-las, decidi então escuta-las mais atentamente. Quem sabe, assim, descobriria a razão de tantas reprovações aparentemente “típicas” da adolescência.

Surpreendentemente, das críticas de filho adolescente descobri oportunidade de crescimento pessoal.  A começar por me, primeiro, me despir da capa de mãe super herói e me enxergar – e aceitar – mãe humana passível de contínuo aprimoramento.

Depois, encarar com humildade a possibilidade de mudança em prol de tornar-me adulto melhor para o mundo. Receber críticas de filho adolescente é fato inexorável a todos pais mas… podemos agir (em vez de reagir) e tirar proveito (em vez de lamuriar) delas de forma diferente da habitual para crescermos e amadurecermos.. juntos.

Pais imperfeitos

Uma das muitas atitudes irritantes de filho adolescente são as constantes críticas a mim.  Seus comentários – na maioria das vezes ácidos – me deixavam primeiro louca de raiva; depois, magoada.  Parecia não entender o poder das palavras: feria-me sem dó a ponto de me assustar com seu jeito mordaz de dizer tão diretamente o que pensava de minhas atitudes:

– Mãe, que voz é essa? Precisa falar assim com o cara só porque ele não te ajudou a carregar a sacola? –  disse aquele dia no supermercado.

O que dizer quando meu simples – talvez não tão simples assim, confesso – olhar provocava reações ainda piores:

– Saco, mãe! Odeio quando faz essa cara! Já sei que vai reclamar de alguma coisa! – esbravejava.

Conhecia seu lado observador mas, definitivamente, desconhecia seu lado crítico quase impiedoso que tanto feria minha autoestima. Toda e qualquer situação era oportunidade de apontar-me defeitos. Dentre as muitas mudanças  ocasionadas pela nova fase, meu adolescente passou também a me enxergar diferente da mãe-perfeita de outrora.  Alvo de críticas de filho adolescente, agora me tornara mãe imperfeita de adolescente.

Tática de filho adolescente

A fase mudou e, com ela, a visão de filho adolescente sobre os pais. Se antes recorriam a mim em toda e qualquer necessidade, agora meu adolescente exercita a autonomia tentando se virar sozinho em claro esforço de crescimento e independência.  Inclusive de opinião.

Tornar-se adulto sob moldes de perfeição torna o exercício de amadurecer mais difícil do que já é.  Assim, inseguro de sua capacidade de se igualar aos pais “perfeitos”, o adolescente teme não se equiparar à competência dos pais de viver a vida adulta.

O passado seguro de filho criança fica para trás: é hora de dar conta de si mesmo e adquirir autonomia. Assim o adolescente pensa, é cobrado, não se sente capaz… e sofre. Não sabe como passar por este processo e se questiona:

– Como ser responsável sendo imperfeito?

Compreendendo que exatamente para isso vivemos: em constante busca de aperfeiçoamento.

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E um dos meios de responder à instigante questão – e corresponder às expectativas – é primeiro aceitar a própria imperfeição reconhecendo o mesmo nos pais. Enxergar pais imperfeitos nesta fase o alivia do peso de ter de ser – e parecer – adulto irretocável.

Evidencia-los, portanto, é tática de sobrevivência que ajuda filho adolescente a conviver com suas próprias fragilidades em sua jornada de amadurecimento.

– Pensando bem, filho, você tá certo.  Vou tentar não reagir de outra forma nesta situação. É que me irrita ter de lidar com gente mal educada, sabe? – respondi depois de reiteradas autocríticas a situações já conhecidas.

Neste sentido, as críticas de filho adolescente revelaram mais do que parte inexorável de sua luta em crescer e amadurecer; foram fundamentais ao meu aperfeiçoamento como ser humano.

Pais e filhos para o mundo

Tornar-se independente e conquistar autonomia são competências realmente difíceis de ser desenvolvidas especialmente na adolescência. Ser adulto exige coragem de assumir falhas e ao mesmo tempo ser flexível às mudanças necessárias ao aperfeiçoamento. Enfim, viver é amadurecer diante das fraquezas em qualquer fase da vida.

Em vez de me irritar com as frequentes críticas de filho adolescente, hoje as escuto e, sem melindres me sirvo delas como fonte útil de aprimoramento. Em vez de entrar em discussões de orgulho ferido, as avalio em proveito próprio. Em vez de sofrer e me ofender, as analiso e com autocrítica, me proponho a mudar e cada vez mais ser adulto melhor para o mundo… junto com filho adolescente.

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