Existe castigo educativo? Quando penso na palavra “castigo” junto me vem a ideia de punição. E punir não me soa exatamente um meio de educar mas de revidar um mal.
Certamente por isso castigo venha carregado de raiva, dor… e, depois, culpa. No meio desse emaranhado de emoções frustrantes, como então (re)agir a erros de filho sem negligenciar meu dever de corrigi-lo?
Descobrir o caminho de uma nova dinâmica foi difícil. Encorajar filho adolescente a tentar de novo (e diferente) pra obter resultados melhores foi exercício diário de mudança… em mim. Isso porque, depois de entender que o castigo educativo tem critérios (em vez de emoções), correlaciona erros e consequências (em vez de simplesmente apontar falhas), ensina (em vez de punir), precisei, antes, mudar meu comportamento. E isso… leva tempo.
Adepta ao castigo educativo (ainda sem palavra melhor pra substitui-la), vejo nessa pratica maiores chances de formar adulto consciente. Quando o corretivo (será essa?) promove reflexão para a mudança de comportamento, aumenta a probabilidade de maiores acertos na formação de adulto melhor. E isso, é dever dos pais.
Mudando a lente
Castigo educativo promove conscientização para a mudança de comportamento e isso, infelizmente, não acontece da noite para o dia. Como todo processo de transformação demanda persistência, competência de pais conscientes de sua missão formadora de longo prazo.
Corrigindo pouco a pouco o caminho punitivo inconscientemente tomado, fui deixando pra trás o tortuoso histórico de atitudes depreciativas e de danosos resultados com filho adolescente. Finalmente, abandonei paliativos: eles não servem. Pior: atrapalham.
Para resultados efetivos e duradouros, critérios sólidos e valores inegociáveis… até quando o tema é castigo de filho adolescente. Troquei minha lente enviesada sobre castigo de filho adolescente para uma educação pautada em parceria e isso mudou nossa visão sobre erros.
Critérios de um castigo educativo
Tudo porque aprendi e adotei critérios de um castigo educativo que, realmente contribuíram. Eis alguns deles:
1- Estar diretamente vinculado ao fato ocorrido
Por exemplo: resultados escolares ruins. Em vez de cortar mesada que nada correspondia à situação em si, devolvi ao filho a responsabilidade por suas notas baixas. Em vez de puni-lo, lhe entreguei o peso das consequências, ou seja, o desafio ampliado de ser aprovado apesar de sua negligência. Coube a ele lidar com a frustração e consequência bem como buscar caminhos que o levasse a resultados melhores. Nisso, poderia ajuda-lo.
2- Ser concreto, justo e imparcial
Por exemplo: os irmãos brigaram. apartando-os, escutei as respectivas versões e o castigo foi igual para os dois; nada de dois pesos e duas medidas; ambos proibidos de sair de seus quartos até segunda ordem (de preferência, atenta ao tempo!). Independente do tamanho e da razão de cada um, entenderam que adversidades são discutidas em vez de disputadas com força bruta.
3- Ser impessoal
Por exemplo: filho bateu a porta do quarto quando enfurecido com o amigo. Inevitavelmente, a maçaneta quebrou. O resultado de seu surto lhe rendeu pagar o conserto com parte de sua semanada. Menos pelo valor financeiro (ainda que tenha reclamado horrores por isso) e mais por assumir as consequências de seu mau comportamento, entendeu que a forma como reage às contrariedades pode impactar o ego… e o bolso.
4- Ter prazo de validade
Não ser castigo prolongado nem renovado mas na medida certa. Difícil mas a prática pessoal ajuda a descobri-la.
5- Ser livre de medo
Não deve amedrontar mas responsabilizar e conscientizar filho sobre as consequências de sua má atitude. Medo, definitivamente, não educa; pode até resolver a curto prazo mas pais conscientes trabalham por resultados sólidos de longo prazo.
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A mudança começa em mim
Ressignificar a ideia de castigo mudou, primeiro, a mim. Depois, transformou (pra melhor) minha relação com filho adolescente. Aprendi que, apesar de todo o peso intrínseco à palavra, castigo é, antes de tudo, correção com amor em vez de revide.
Porém, chegar a esse nível de consciência levou certo tempo e uma dose extra de persistência. Nada novo. Como disse, promover mudanças efetivas é processo de longo prazo, não acontece da noite para o dia. Por isso, uma dica final: comece por você se conscientizando e se dispondo ao desafio de mudar, primeiro, a si mesmo. Como mãe de adolescente, isso já não me assusta: é meu cotidiano.
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