Carreira na adolescência

Carreira na adolescência

by Xila Damian

É hora de quebrar convenções e agir conscientemente para ajudar filho a decidir sobre sua carreira na adolescência.

Último ano do ensino médio, tempo de filho adolescente decidir o que quer ser, no que quer se tornar.  Tempo de fazer vestibular, de escolher a carreira na adolescência que mais chance tiver de trazer-lhe sucesso,  seja lá qual for a definição de sucesso pra ele.

Não tive noção da complexidade desta fase até chegar a hora do meu filho. Nem mesmo quando a adolescente era eu, senti tanto como agora. Certamente porque, hoje, reconheço a profundidade das questões que surgem, do injusto peso colocado sobre ombros ainda tão imaturos para uma decisão tão adulta.

Seguia, automaticamente, convenções sociais que me levavam a exigir respostas seguras de um adulto em desenvolvimento. Como se, independente de seus medos, angústias, dúvidas, meu filho tivesse que saber escolher desde já, com seus poucos 17 anos de imaturidade, o que ser para a vida toda.

Seria mesmo esse meu papel de mãe nessa fase?  Será que minha participação se restringiria  esperar por suas respostas quando nem eu mesma tive quando adolescente?  Seria hora de quebrar as convenções herdadas e agir conscientemente para ajudar meu filho a viver esta fase de uma forma, no mínimo, mais saudável; com o apoio que recebi na minha vez e não sob minha pressão.

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Tracei expectativas, me prendi a modelos, não enxerguei as aptidões do filho adolescente:  A decisão por uma carreira ficou cada vez mais difícil

Decidir por uma carreira na adolescência se resume à pressão por todo lado: da escola que cobra ranking em vestibular,  dos professores que cobram nota, dos amigos que, decididos ou não, perguntam sobre a escolha alheia e se espantam quando não há uma resposta, dos familiares que querem saber quem você quer ser (como se o adolescente já não fosse!).

Como já não bastasse, pressão dos pais que, mais do que nunca, querem saber se o filho seguirá um caminho de sucesso pela escolha de uma carreira “certa“.  Perceber esse cenário me assustou: enxerguei-me arrogante e injusta, desempenhando papel de inquisidora. A fase é de ansiedade para todos mas especialmente prá ele.

Preocupada com o futuro do meu filho, tracei expectativas sobre potenciais e convencionais profissões que eu acreditava ser o melhor caminho prá ele.  Apegada à minha experiência, restringi todas as outras possibilidades que o mundo atual lhe oferece e esperei ansiosamente uma resposta “adequada”.

Presa aos modelos do que eu acredito ser profissão de sucesso, não enxergava as aptidões do meu filho para ajudá-lo a escolher a carreira na adolescência que mais se aproximasse de uma chance de sucesso futuro.  A decisão ficou cada vez mais difícil.

Era uma questão de tempo; apesar dos erros e enganos, meus pais continuaram acreditando em mim

Sucesso é palavra capciosa: cresci associando sucesso a ter condição financeira exclusivamente. Portanto, pessoas de sucesso prá mim eram as ricas ou, no mínimo, as acima da média. Cresci profissionalmente, galguei cargos importantes em empresas por onde passei.  Curioso é que não fiquei rica mas, hoje, me considero uma pessoa de sucesso.

Sem dúvida, mudei de opinião.  Sucesso prá mim, hoje, é ser a pessoa de caráter guiada por valores que regem sua vida.  Dentre meus valores, o trabalho e a perseverança são imprescindíveis para formar um indivíduo de sucesso.  Não à toa, valores que carrego comigo e que tento passar ao meu filho adolescente.

De família em que todos os irmãos foram “certeiros” em sua primeira escolha no vestibular, concluíram seus estudos com louvor e reconhecimento e se tornaram exímios profissionais, também tive meu exemplo.  Contudo, “fora da curva”, errei na escolha de uma carreira na adolescência.  Duas vezes.

Frustrada com meus erros e enganos, me angustiei mas sempre tive o apoio e o consolo dos meus pais:  Eles continuavam acreditando em mim.  Eu, diferente dos irmãos, só “precisava de mais tempo para me descobrir”, dizia carinhosamente minha mãe.  O dia finalmente chegou e ela permanecia acreditando em mim.

Aprender como dialogar com filho adolescente é o primeiro passo para ajudá-lo na difícil decisão sobre carreira

Houve tempo em que, quando eu julgava oportuno, perguntava ao meu filho como quem perguntava o que ia comer:

– Filho,  decidiu o que vai fazer de vestibular?

E emendando:

– Penso que daria um ótimo advogado: é tão bom em argumentar, analisar situações… Ou, quem sabe, algo relacionado à tecnologia já que gosta tanto de computador… Que acha?

De repente, o clima mudava: rosto dele se fechava, suas sobrancelhas se curvavam para baixo, olhos cresciam e, por fim, sob um grunhido, respondia:

– Mãe, tô pensando; em dúvida ainda… Não sei.

– Mas, pensando sobre quais opções? O que gosta? O que pensa ser uma opção de carreira na adolescência? – insistia perigosamente.

– Mãe, não quero falar sobre isso com você agora!  Que saco! – fim da conversa.

O tema virou assunto proibido. Minha abordagem só nos afastava ainda mais e me impedia de ajudar meu filho nessa fase tão difícil de decidir por uma carreira.  Ficamos os dois perdidos e sem respostas: ele, por não saber o que decidir e eu, sem saber como ajudá-lo a decidir.
Foi quando participei de um curso corporativo sobre técnicas de como fazer perguntas.  O tema inicialmente curioso se tornou um recurso eficaz de como dialogar com filho adolescente.

4 Atitudes que ajudam pais a ajudar filho na escolha da carreira na adolescência

Lembrei-me de como me senti insegura e pouco produtiva por não saber o que queria como carreira na adolescência, um modo de estabelecer um mínimo de empatia com meu filho e tentar uma abordagem justa e eficaz.
Sob as premissas (e novos conceitos) de valores, empatia e sucesso, adotei 4 Atitudes Que Me Ajudaram a Ajudar Filho Adolescente na Escolha da Carreira:

1– defini os valores que acredito serem imprescindíveis na formação do indivíduo.  Aqueles que me nortearam e que permanecem até hoje como guias de minha vida. Certamente estariam lá, no meu filho também: só precisaria reforçá-los com exemplos de sua importância para que, com sorte, também norteiem a dele.

2– me conscientizei do tom de minha voz nas conversas.  O tom inquisitivo adotado, ainda que a intenção fosse outra, minava qualquer tentativa de diálogo.  Consciente de minhas atitudes, descobri que a comunicação vai muito além das palavras.

3– aprendi a escolher o momento certo e sem a ansiedade de outrora.  Até então, qualquer interação era oportunidade de lançar as perguntas inquisitivas.  A distância só aumentava.

4– aceitei o risco de escolhas fracassadas;  não exijo (nem espero) mais a resposta certeira; ele poderá contar com a minha paciência e apoio porque continuarei acreditando nele. Quem sabe não seja também uma questão de tempo de se descobrir?

Torço para que filho adolescente também se sinta indivíduo de sucesso, seja qual for a definição que adotar para si mesmo

Nessa fase de primeiras e difíceis decisões do mundo adulto, a pressão é inevitável;  diria até necessária.  Porém, abdicar dela para ajudar meu filho adolescente a decidir pela carreira na adolescência se tornou muito mais útil.

Mais do que a escolha certeira, hoje, espero incutir nele valores capazes de nortear sua escolha para a vida.  Permanecerei acreditando nele sempre e, atenta, torcerei prá que, um dia, ele também se sinta um homem de sucesso, seja qual for a definição de sucesso que adotar para si mesmo.

2 Comments

  • Sobre adolescentes, games, superação... e magia! 3 de novembro de 2020 at 14:15

    […] Todos jovens em torno dos seus vinte anos, ou seja, de “pouca estrada” como costumo dizer de inexperientes. Não estes, porém.  A bagagem de superação de cada um prova isso. Cada qual com sua história pessoal encontrou na profissão “fora da curva” lugar para se profissionalizar e fazer carreira. […]

  • Adolescente ansioso, filho de pais ansiosos de hoje 16 de julho de 2020 at 11:07

    […] conflitos com os pais, punições de professores e – como não – vestibular.  Aaah, a difícil escolha de uma profissão! Tudo contribuía para encaixa-la no rol de adolescente ansioso amplamente […]

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