Atenção e respeito aos sentimentos do filho
Aaah, o amor… como é bom amar na adolescência! Quem não lembra da experiência com carinho e saudosismo? Quando amar era sentir novas emoções e desejar alguém que se torna especial em sua vida. Que não lembra também de experimentar a dor de amar? Quando o amor não correspondido ou o namoro terminado tornavam as deliciosas emoções em dor insuportável?
Amar na adolescência é, de fato, sentir novas, contraditórias e intensas emoções. Tanto quanto natural, é assunto sério. Afinal, é quando filho começa a aprender a dinâmica de se relacionar afetivamente com alguém fora do ciclo familiar e que provoca desejo.
Antes de tudo, amar na adolescência é exercício de relacionamento adulto. Por isso, em vez de menosprezar os sentimentos do filho inexperiente e imaturo, importante que pais dediquem especial atenção e respeito à nova experiência pra que se torne fonte rica de aprendizado, amadurecimento e, claro, de saudosas memórias.
Amar na adolescência é exercício sério
Na adolescência, amar é uma novidade especialmente excitante. Primeiro porque filho se distancia de seu núcleo familiar pra expandir suas relações de afetividade com outros. Segundo porque é quando desperta para o desejo sexual.
Essa “alquimia” provoca extrema excitação no jovem que, inconscientemente, passa a viver em função disso. Extasiado, sua vida ganha novas cores, novos interesses e, principalmente, uma pessoa especial com quem quer dividir o prazer de amar.
Diante desse quadro, amar na adolescência é sim coisa séria e deve ser tratado com respeito por pais. Até o mais pueril “namorico” requer lente adulta. Afinal, é quando filho vive seu primeiro exercício de relacionamento afetivo, real e, acima de tudo, intenso. Inegavelmente, um momento importante que não deve ser menosprezado.
Viver a dinâmica do amor na adolescência oscila entre prazer e dor e torna a experiência instável. Inquieto e vulnerável, o jovem também oscila entre a excitação e a insegurança de ser aceito. Por isso, não subestime o amor na adolescência porque, antes de tudo, filho está vivendo uma desconhecida alternância de emoções que demandam maturidade ainda sob construção.
A cilada mais tola de mãe de adolescente
Tendia a minimizar amor de filho adolescente. Desrespeitando seus sentimentos, desvalorizava seu par com palavras pejorativas, um meio de adiar seu amadurecimento e manter a criança de outrora ainda por perto.
Pouco sabia sobre seu “namorico” (assim falava). Algumas pistas aqui, outras acolá… aos poucos, ia formando minha idéia sobre sua “namoradinha” e, naturalmente, lidava com a novidade sem grandes interferências. Afinal, “não era nada sério”, pensava.
Porém, comecei a notar certa apatia no filho. Absorto no quarto além do normal, evitava o futebol com amigos, o cinema com o irmão, o encontro com o tio querido. Por dias, comportamento e humor mudaram até que, finalmente, intervi lhe perguntando o porquê daquele tamanho desânimo.
No começo, despistou mas depois… não resistiu. Como uma panela de pressão prestes a explodir, desabafou sua frustração pelo término do namoro. Surpresa de ver tanto sofrimento (afinal, não era sério!) tentei me solidarizar:
– Ah, filho, normal… você vai superar. Ainda viverá muitos outros amores na vida. Faz parte.
Sem saber, sentenciei o fim da conversa naquele instante:
– Saco, mãe! Você não sabe de nada, não entende! – e me expulsou do quarto.
Definitivamente, desconsiderar seu namoro foi a cilada mais tola em que caí como mãe de adolescente. Irritada, me repreendi baixinho:
– Burra! Você é mesmo um saco!
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A dinâmica é de respeito e acolhimento
Ciente da burrada, quis remediar. Por isso, pisando em ovos, voltei a abordá-lo. Dessa vez, diferente; não podia errar de novo sob a pena de nunca mais falar sobre o assunto com ele:
– Desculpe filho, fui insensível. Sei que tá sofrendo e entendo. Fim de namoro é mesmo ruim, dói. Nessas horas, ajuda ter alguém prá conversar, alivia a dor. Se ainda quiser, estou por aqui.
Ainda que visivelmente ressentido, assentiu com a cabeça e voltou para o computador. Passado um tempo, surgiu na sala e, sem jeito, pediu:
– Mãe, faz aquele sanduba com vitamina pra mim?
Imediatamente sorri e fui preparar seu lanche. Mais do que discutir sentimento, filho queria aconchego. No exercício de adulto, a criança de outrora pedia colo de mãe, poderoso remédio contra suas dores até então. Em suma, lidar com amor de filho adolescente é, antes de tudo, respeitar seus sentimentos como adulto e acolher sua dor como criança.
O exercício ainda está fácil
Amar na adolescência é se importar com alguém além de si mesmo e, progressivamente, amadurecer relacionamento de afeto. Diante dessa dinâmica adulta, hoje enxergo o exercício do filho adolescente com seriedade. Com certo pesar e uma dose de saudosismo da criança de outrora, ajusto minha lente pra ajudá-lo nessa experiência rica de aprendizado.
Se, enquanto isso, meu colo lhe servir de consolo nas horas difíceis, estou no lucro. Por isso, aproveito porque sei que, inevitavelmente, alguma hora o exercício vai complicar.
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