incentivar filho adolescente

Incentivando a autonomia do filho adolescente

by Xila Damian

INCENTIVAR FILHO ADOLESCENTE A BUSCAR AUTONOMIA PODE TORNÁ-LO UM ADULTO MELHOR

Ele buscava liberdade e autonomia, mas eu não estava preparada para lidar com essa nova dinâmica e incentivar filho adolescente

A adolescência traz inúmeros desafios físicos e emocionais ao adolescente. Engana-se quem pensa que o turbilhão de transformações acontece exclusivamente com ele: com a mãe também. O desafio de conviver com a fase, convenhamos, não é fácil pra ninguém.

Quando pensava que finalmente teria uma “folga” com o filho crescido, me surpreendi com a radical mudança de atribuições e habilidades que a fase passou a me cobrar como mãe de adolescente.

Habituada a conduzir a vida do meu filho até então criança, me espantei com a exigência por liberdade que meu filho adolescente passou a buscar para dar seus primeiros passos no mundo adulto. Como foi difícil desapegar-me de sua agenda e estabelecer limites entre liberdade e autonomia para meu filho adolescente!

Os conflitos começaram quando ele passou a argumentar contra minhas determinações, até então costumeiras:

– Mãe, não vou com essa roupa!  Vou sair com a que estou usando e ponto final! Que saco!

– Mãe, meus amigos vão embora mais tarde, pô!  Que saco!

Temi o desapego.  Como é difícil dar linha ao filho adolescente! Uma das minhas maiores dificuldades nessa fase da adolescência é saber a medida certa do limite.  Errei inúmeras vezes ao me manter inflexível nas decisões não dando espaço a negociações ou por simplesmente ignorar seus argumentos. Estava cega e não via a necessidade do desapego batendo à minha porta.  Pior,  estava atrapalhando o processo de desenvolvimento de sua autonomia para ser o adulto que um dia ele se tornará.

Não sabia a medida certa da autonomia a ser dada ao meu filho adolescente

Como mãe de criança, me desdobrei para cumprir agendas e tarefas para ser a boa mãe para meu filho.  Lembro com carinho os inúmeros cartões que recebia do meu filho com o desejado título “a melhor mãe do mundo” e entendia isso como reconhecimento de todo esforço que fazia para efetivamente ser uma boa mãe.  Isso incluía dirigir sua vida.

Quando a tênue linha da adolescência surgiu, me mantive naquela posição no “modo automático” conduzindo a vida do meu filho sem notar a mudança de fase em andamento. Só quando o desejo explícito de dar seus primeiros passos sozinho ficou evidente, entendi que era momento de dar-lhe as rédeas da própria vida.

Excessivamente cautelosa (ou apegada?) nesta troca natural de condução, frequentemente pecava por excesso de zelo ao meu filho adolescente.  Em resposta, ele continuamente se irritava com minhas típicas respostas de mãe:

– Não vai e pronto!  Você não é todo mundo!

– Até 11horas! Nem mais um minuto e ai de você se não chegar na hora combinada!

Por mais que tentasse evitar a caricatura de mãe de adolescente, era inevitável assumir o papel:  até então, não sabia o caminho para descobrir a medida certa do desapego ao filho adolescente.  O momento de dar-lhe liberdade para conquistar sua autonomia urgia e não sabia como fazer na prática.

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Negando a liberdade ao meu filho adolescente, impedia seu amadurecimento

Adolescência é, dentre tantas coisas, exercício de amadurecimento.  Ao ganhar a liberdade de optar por fazer algo em detrimento a outro, o adolescente exercita o livre arbítrio a que todos nós temos direito.  Ao ganhar autonomia, o adolescente não só tem a liberdade de escolha mas o dever de assumir as consequências da escolha feita.  Foi aí onde mais lutei contra o desapego.

Ainda enxergando o filho como a criança do passado não tão distante, resisti em conceder ao meu filho adolescente a liberdade a qual tinha já tinha direito de usufruir:  a de decidir onde queria ir, de usar as roupas que preferia e, por que não, de negociar horários que gostaria fazer.  Movida pelo medo da  liberdade iminente, preferia não ceder, mas impor condições “sem churumelas”, dizia.  Assim, resolvia o problema.

Não sabia, porém, que negando-lhe a liberdade, o privava de amadurecer, deixava de incentivar filho adolescente.  Ao privá-lo do exercício de tomar suas primeiras decisões, passava a mensagem de não confiar em sua capacidade de escolher e de assumir as consequências de sua escolha; estava tolhendo a autonomia que urgia.

Como conceder autonomia ao filho adolescente junto com ele e na prática

Em plena fase de descoberta de sua identidade, meu filho enfrentava seus primeiros desafios dentro de casa ao lutar por seu direito ao livre arbítrio. Não esperava, contudo, que eu é que passaria a sentir falta desta autonomia. Eu precisava incentivar filho adolescente.

Vivíamos ou em conflito pelas discussões recorrentes sobre a liberdade não concedida ou em falsa harmonia, quando meu filho adolescente acatava minhas decisões para evitar maiores desgastes;  as opções não eram boas prá ninguém e nosso relacionamento passou a ser movido pela alternância entre a irritação e a passividade.

Finalmente percebi o quão permissiva estava sendo ao negar-lhe a oportunidade do exercício e por manter-me na condução irrestrita de sua vida.  Minha atitude estava contribuindo para o desenvolvimento de um adulto submisso, sem voz ativa, incompetente na tarefa de assumir riscos calculados, de responder por suas próprias escolhas.

Consciente e com medo, entendi que precisava me desapegar.  Aos poucos, comecei a delegar-lhe as rédeas de sua vida que tanto ansiava.  Pequenas conquistas como chegar mais tarde de uma festa, iluminaram seu rosto e o sorriso começou a aparecer de novo.  Passei a eleger situações em que negociações seriam viáveis e flexibilizei:

– Tudo bem, nem 11hs da noite nem 2hs da manhã: 00:30, ok?!  Se algo acontecer que te impeça de chegar à hora combinada, me ligue para dar notícia.  Sem falta, entendido?! (não tinha como deixar de dar meu “toque”, né?).

Doeu menos que pensava.  A arte de educar filho adolescente prevê este movimento de desapego.  Neste exercício, encontramos juntos a medida certa da autonomia que urgia.

“Virei a Chave” e passei a formar um adulto melhor para o mundo

Negociação e conflito são uma constante na vida de mãe de adolescente.  E, para lidar com a fase, descobri que “virar a chave” foi decisivo para estabelecer um relacionamento saudável entre nós.  Ao me posicionar não mais como mãe de criança, mas como mãe de adolescente, enxerguei o adulto que um dia ele se tornará. Antes, contudo, precisa conquistar sua autonomia.

Neste processo de amadurecimento, errei muitas vezes. Porem, nos erros, me abri a novas possibilidades e descobri novos caminhos. Ao encontrar a medida certa de como dar a autonomia e incentivar filho adolescente, junto com ele, conquistei o lugar de confiança e guia e não mais de condutora de sua vida.

Penso estar contribuindo com a formação de um adulto melhor para o mundo.  Quem sabe ainda ganhe um cartão com o título de “melhor mãe do mundo” ? Desta vez, como mãe a incentivar filho adolescente.

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