mãe solteira

Mãe solteira: uma questão de atitude

by Xila Damian

Perseverar para ser mãe solteira

Nem sempre ser mãe solteira é uma escolha. Mais do que se imagina inúmeras mães,  por contingência, assumem o comando absoluto da família. Ainda que assustada e insegura de sua competência estas mulheres encaram a função remodelada ciente do considerável incremento do desafio de ser mãe.

Inicialmente, mãe solteira vive extrema vulnerabilidade. Enquanto no modelo familiar tradicional o casal compartilha as decisões de como formar filho, no modelo “repaginado” mãe solteira acumula a função de ambos. Então, inevitavelmente, se assusta até que a vida começa a cobrar sua resposta sobre o compromisso firmado com a maternidade.

Uma vez reiterado o desejo de perseverar na missão, uma nova dinâmica vai sendo instituída e o medo, substituído pela segurança do comando. Gradativamente, mãe solteira vai conhecendo cada vez mais sobre si e, de repente, se vê liderando a família sob dinâmica própria sob uma determinação até então desconhecida.

Portanto, nunca subestime o poder de comando de uma mãe solteira: apesar da aparente – e natural – incompetência inicial ela aprende que seguir com o projeto da maternidade é, antes de tudo, uma questão de atitude. E isso, ela tem quando quer.

Atitude de mãe solteira

A exaustiva demanda imposta à mãe solteira aumenta a natural vulnerabilidade de ser mãe.  Afinal, assumir as responsabilidade sobre a formação de outro indivíduo sem a outra parte para dividir as dúvidas e, sobretudo, os riscos, é tarefa das mais assustadoras.

Assumi o comando da família sozinha por necessidade. Inicialmente amedrontada, duvidei de minha competência e, por isso, me deixei levar pela maré.  Triste e insegura, fiquei vulnerável a pitacos e conselhos, sofri críticas e julgamentos de terceiros.

Ainda que as intenções fossem verdadeiramente boas, todos sugeriam receita própria de como educar filho adolescente. Frequentemente senti por mim e por meus filhos autocomiseração que, depois, beirou depressão. Pensei em desistir da missão. Porém, meu compromisso com a família falou mais alto ao que, hoje, sou eternamente grata pela inspiração.

Decerto por isso saí do fundo do poço e, finalmente despertei daquela passividade.  Recobrada a consciência e compromisso de ser mãe, retomei as rédeas da família para redesenhar o plano involuntariamente mudado.  A partir de então, aprimorei habilidades e consegui colar os cacos emocionais para, enfim, perseverar.  Precisei ter atitude.

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Mãe líder da família

Lembro bem quando a “virada” aconteceu. Era mais uma reunião familiar; mais uma ocasião de ser alvejada de conselhos que, aos meus ouvidos, soavam inúteis. Não porque fossem de todo ruins mas porque eram incoerentes com meu perfil, minha realidade, minha dinâmica e, principalmente, com o mundo comumente dito “de hoje”.

Como que discos arranhados, os escutava impacientemente:

– Você tem que tirar o game dele!

– Não! Tem que cortar mesada e proibi-lo de sair por um mês!

– Imagina! Você tem é que sentar a mão nele pra ver quem manda em casa!

Ainda que não concordasse com muitos deles, cheguei a experimentar vários. A surpresa foi que deu tudo errado. Ao contrário do esperado, as “receitas” me distanciavam ainda mais de filho adolescente inviabilizando cada vez mais minha missão de conduzir a família.

Exaurida pelas experiências infrutíferas e cansada da escuta obediente, dei um basta mais que ativo. Foi quando em alto e bom tom, gritei:

– Chega!  Saco!  Sou mãe solteira de filho adolescente e tenho que assumir isso de fato. Gostando ou não, vou ter que aprender a nova função se quiser seguir com meu projeto. E, acreditem, eu quero!  Por isso, vou fazer do meu jeito. Talvez vocês gostem, talvez não mas será o que eu decidir, não o que vocês acham que devo fazer.

O silêncio falou por si. Ao assumir a liderança da minha família, delimitei território. Fincada a bandeira, tracei novos e próprios objetivos, regras e dinâmica com filho adolescente. No comando, descobri – e desenvolvi – habilidades que sequer imaginava ter e precisar. ,Aos poucos, a prática incorporada ficou natural.

Como ser mãe solteira

Consciente da importante missão que é ser mãe, não me furtei da responsabilidade de continuar a jornada mesmo que involuntariamente sozinha. Para tanto, precisei dar 3 passos iniciais de como ser mãe solteira:

Primeiro, assumi a liderança da família na prática: delimitei limites e estabeleci regras próprias dentro e fora de casa.

Depois, tracei objetivos e expectativas sobre meu relacionamento com filho adolescente. Para isso, abandonei as opiniões pejorativas sobre o perfil típico de mãe e filho nesta fase; busquei conhecimento com a mente – e o coração – aberta a novas possibilidades e dinâmicas o que, definitivamente, resgatou e firmou em definitivo nossa parceria de vida.

Por fim, exerci o comando solitário me permitindo errar mas nunca, desistir. Para isso, precisei conhecer e aprender cada vez mais sobre mim mesma. Graças ao autoconhecimento, me libertei das verdades absolutas para avaliar e assumir novas ideias, superar dificuldades e seguir adiante segura na minha missão que continuava em curso.

Mãe de atitude

Ser mãe foi decisão assumidamente consciente e voluntária na minha vida.  Surpreendida pelo destino, esta certeza e o desejo de perseverar na missão me forçaram a redesenhar os planos; inevitavelmente, a jornada de mãe solteira de filho adolescente ganhou mais desafios e batalhas inesperadas.

Por outro lado, a experiência de me descobrir capaz de liderar tamanha tarefa, me aprimorou como ser humano. Graças ao intenso e exaustivo exercício de rearranjo familiar pude descobrir que, ser mãe é missão que se vive – independente se solteira ou não – com atitude. E isso, quando queremos, mães tem de sobra.

Leituras sugeridas:  Pais em depressão na adolescência de filho, Luto na adolescência, Empoderamento feminino

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