A influência na adolescência é pauta necessária nas discussões sobre relacionamento de pais e filhos. Dada o confuso entendimento sobre o tema, importante elucidar a atuação de pais neste campo em que a influência na adolescência é competência vital aos dias atuais; principalmente a filho adolescente da era digital em que relações virtuais parecem ser mais poderosas do que as reais.
Pais e filhos
Dia de formatura a gente não esquece. Há quem lembre da ocasião com restrições mas sempre é momento marcante – para o bem ou para o mal – para graduando e pais ainda que, confesso, não tivesse me dado conta disso até a formatura do meu primogênito… no ensino fundamental.
A princípio, o anúncio de uma cerimônia de formatura me soou um exagero para a conclusão de um ciclo, a priori, “pequeno”. Afinal, “era só a primeira de muitas outras etapas” que filho ainda percorreria por toda a vida, pensei erroneamente.
Agenda montada, festa planejada, local escolhido, oradores eleitos, convites feitos, enfim, o dia chegou: alunos agitados com a perspectiva de terem seus nomes anunciados em alto e bom tom a uma plateia e, assim, se tornarem o centro das atenções sobre um palco.
E se fosse meu filho?
Entre a emoção e a agitação, notei a ausência do Dado, vulgo “Esquisito”, na lista de chamada. Amigo introspectivo e tímido, ganhou o apelido em razão de suas atitudes pouco, diria, convencionais. Como que reforçando sua imagem, Dado faltou à própria formatura e por motivo à altura de sua esquisitice:
– Não tava a fim de vir, tia. – relatou um amigo.
Seria exagero estranhar sua ausência? Sabia quão antissocial um adolescente pode ser mas faltar à formatura me soou um tanto demais até para mim que minimizava o evento. De qualquer forma, não seria o caso de os pais interferirem e, se necessário, até o obrigar a participar?
Assaltada por tais questões tentei calçar os sapatos de sua mãe me perguntando:
– Se fosse meu filho, o que eu faria?
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Influência nas decisões duras
A cerimônia seguiu a formalidade de qualquer outra graduação: com fotos, cumprimentos, certificado, comemoração, aplausos, lágrimas; emoção de verdade! Redimida de uma opinião inicialmente demeritória, mergulhei de cabeça naquele registro de fim de ciclo e começo de novo, verdadeiro marco para toda a família.
Por isso mesmo, a ausência do Dado me inquietou Por mais esquisito que a celebração parecesse inicialmente e o próprio aos olhos da turma, ninguém imaginou que faltaria à festa sob uma justificativa tão pouco justificável:
– Vai ser um saco! – revelou outro colega seu comentário em sala de aula.
A priori, pensei ser o caso de obrigá-lo a ir. Sei lá, fazer qualquer coisa que o demovesse da ideia de faltar àquele acontecimento. Julgando os pais, os culpei de não terem sido enérgicos o bastante para força-lo a comparecer à cerimônia. Mas, o que eu tinha a ver com isso? Nada. Era só mais uma cilada na qual caía por julgar o outro a partir de minhas crenças e desconsiderando variáveis que talvez nunca saiba sobre o Dado.
Pais resignados, pais sem influência
Encontrei sua mãe dias depois. No breve encontro, me confidenciou resignada:
– Fiz de tudo, mas ele foi irredutível. Fica na internet e disse não se importar de ter perdido o evento. Sabe como é adolescente: quando não quer uma coisa, é difícil de convencer do contrário.
Penoso enxergar a condescendência daquela mãe. Ainda que compreendesse a dificuldade da situação, escutar a velha ideia de que adolescente é tudo igual como justificativa me inquietou mais ainda. “Esquisito” decidiu não ir e os pais não conseguiram influenciá-lo do contrário.
Também me resignei, não soube quando nem como influenciar filho em várias situações de desconformidade até finalmente assumir a responsabilidade de tomar decisões duras e impopulares que, a meu ver, precisam ser bancadas; mesmo que sob resistência de filho. A formatura – ainda que a princípio parecendo “exagerada” – era uma delas.
Como ser influência na adolescência
Muito se fala que a era digital esteja formando adolescentes antissociais. A tecnologia que, a priori, limita e até anula contato com o real promoveu uma série de ideias preconceituosas (e preocupantes) sobre o adolescente de hoje que sofre com alcunhas e rótulos demasiadamente prejudiciais a sua autoestima.
Assumir que o adolescente “de hoje” se restringe a relacionamentos superficiais e fugazes é, no mínimo, injusto. Associar o adolescente descompromissado e preguiçoso à influência da tecnologia é querer justificar o desconhecimento dos pais sobre como entender filho adolescente.
O adolescente pouco afeito a construir relações e vínculos sempre existiu, independente da era. O fato é que entregar-se a rótulos e clichês sobre a fase não nos ajuda a descobrir saídas de como influenciar filho adolescente sobre o que realmente importa.
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Também vivi apartada da tecnologia o que não só me distanciou do meu filho como me impediu de orientá-lo sobre como se relacionar com a inovação. Conhecer o mundo digital onde a nova geração facilmente circula me ensinou a acessar filho adolescente e a influenciá-lo em momentos especialmente importantes da vida.
Já fui avessa à era digital; também me resignei e embarquei nas frases feitas como daquela mãe mas despertei do torpor absorvido pelas gerações e quis mudar o cenário da minha relação com filho adolescente. Aprendi a escolher as batalhas e a tomar decisões difíceis e conflituosas baseadas no que acredito ser realmente importante.
A influência na adolescência
Como o Dado, filho torceu o nariz sobre participar da cerimônia de formatura. Discutiu, argumentou mas me vendo irredutível naquela batalha, sucumbiu fingindo rebeldia mas confortável de me ver segura na decisão. Talvez Dado esperasse o mesmo; talvez não. Nunca saberei mas estou cada vez mais convicta de que precisamos usar mais de influência na adolescência se quisermos vencer a difícil batalha potencializada pela era digital.
Creio firmemente que filho precisa – e inconscientemente deseja – dos pais a influência na adolescência em questões aparentemente até triviais. A segurança adolescente me soa mais uma zona cinza em que facilmente caímos (todos) em ciladas capazes de impactar negativamente na vida e, por isso mesmo, precisamos ficar alertas para tomar a dianteira da situação… não importam os motivos.
Recordando o evento, ainda sinto o frisson do qual também eu fui acometida. Surpreendentemente emocionada por sua formatura no ensino fundamental assisti uma retrospectiva de seu crescimento e desenvolvimento. Tão agitada quanto os alunos, assumi olhar melancólico e, entre lágrimas, vivi o presente que logo se tornaria memória insubstituível… para toda a família.
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