Fim de ano: sinônimo de viagem em família quando as agendas conciliam e o bolso permite. Porém, quando há uma viagem com adolescente neste planejamento, outras variáveis se somam a esta já difícil equação…
“Férias! Uhu! Vamos curtir a Conchinchina! Conhecer novos lugares, nova cultura, comidas típicas, passear… sem horários e obrigações!”
Viagem com adolescente: diante de um convite tentador como esse, seria impossível imaginar a recusa de alguém… especialmente “dele”
Isso mesmo ele, o “meu adolescente favorito”, quase que imediatamente retruca a proposta com um sonoro:
– Não (como gostam desta palavrinha, não?!), não vou. Não (mais uma vez) quero ir; não gosto da Conchinchina.
Intrigada tanto pela imediata negativa quanto pela resposta inusitada (já foi à Conchinchina e não sei?), cometi o clássico erro de continuar com o diálogo que nos levaria a lugar nenhum…
– Você já foi à Conchinchina??
E, a resposta que para mim seria óbvia me surpreendeu ainda mais:
– Não (de novo!), mas não deve ser bom.
À parte o nonsense diálogo, senti em tempo que seguir neste caminho tortuoso de argumentos racionais só nos levaria a uma discussão ainda mais ilógica, minaria de vez os planos de férias que, aliás, é privilégio de poucos… Foi quando lembrei de uma leitura especial que explicava como o adolescente se sente vulnerável em território desconhecido.
Pra ele, sair de sua zona de conforto causa aflição de tal forma que negativas e recusas a uma novidade lhes soam garantia de território seguro. Não sabia que a tal leitura me seria de grande utilidade tão cedo, motivo pelo qual compreendi antes de estourar em impaciência: filho queria a segurança do conhecido e do estável e a Conchinchina, convenhamos, era exatamente o oposto disso.
Tudo bem, até certo ponto, entendi mas… seu medo não podia virar barreira para ampliarmos nosso conhecimento. Afinal, era a Conchinchina, caramba! Assim, antes de me render a uma complacente compreensão de sua insegurança, tomei de volta as rédeas da situação e, as segurando ainda mais firmes, lhe impus a condição fatal:
– Ou vai ou vai!
E, claro, sua frase predileta logo ecoou:
– Mãe, você é um saco!
Ainda que sua resposta tenha se prolongado por uma série de outras frases pouco interessantes, foi neste momento que percebi que havia vencido a batalha. De volta aos planos de férias, começamos a fazer as malas. Eis que, chegado o dia “D”, embarcamos rumo ao paraíso. Sem regras e horários mas com um wi-fi impecável, condição aceita na negociação.
Não demorou muito e, com sorriso no rosto, filho adolescente passou a desfrutar de mais uma nova experiência em família Daquela vez na Conchinchina, um lugar não só novo mas paradisíaco onde praticávamos o exercício do convívio diário.
Após os primeiros dias de viagem, mais uma surpresa:
– Mãe, amei esse lugar! Que tal voltarmos aqui um dia?
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Assim é o adolescente: refuta convites “inovadores” dos pais para testar nossa propria segurança. Não sabe, contudo, que esta é apenas a primeira etapa de uma prova de coragem que está só começando. Afinal, a Conchinchina é a parte boa do “novo” que ainda vai lhe exigir muito mais do que coragem pra viver.
Pensando nisso, não me importo mais com seus nãos; estamos juntos nessa experiência que, convenhamos, assusta até os adultos.
Feliz Ano Novo! Que venham mais experiências, mais viagem com adolescente e, se possível, menos necessidade de negociar partes boas!
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Gostei!!!&