regras na adolescência

Estipular regras na adolescência

by Xila Damian

Práticas passadas não estavam garantindo o sucesso esperado

Sempre me considerei muito disciplinada. Cresci sob orientações de uma mãe educadora e, hoje, desfruto do benefício de ter aprendido desde cedo a respeitar regras na adolescência.  Não entenda isso como submissão ou subserviência, mas como senso de responsabilidade e amadurecimento. Seguindo regras claras, aprendi a respeitar limites e espaços alheios.  Espero alcançar esse resultado com meus filhos adolescentes também.

Educar filho nos exige estipular regras na adolescência.  Lembro que não gostava nada de segui-las: as entendia como limitadoras e autoritárias;  me impediam de fazer o que queria quando queria.

Com o tempo e amadurecimento, entendi sua estreita relação com o desenvolvimento de caráter e senso de cidadania.  Seguindo regras claras, desenvolvemos cidadãos conscientes de seus direitos, mas também de seus deveres.

Já mãe de adolescente, tentei reproduzir as regras que recebi confiante de estar trilhando o mesmo caminho de sucesso de minha mãe.

Vivendo em mundo veloz, convivendo com uma geração questionadora e participativa, notei que a dinâmica mudou.  Não bastava ditar regras; As frequentes argumentações do meu filho adolescente evoluíam para discussões que abalavam minhas certezas e isso minou minha autoconfiança.

Ansiosa, passei eu mesma a me questionar se teria ou não razão sobre as regras estipuladas. Definitivamente, práticas passadas não estavam me garantindo o sucesso esperado.

Seria hora, então, de reconsiderar e buscar novo caminho.  Fato é que regras na adolescência são imprescindíveis;  restava descobrir como estipulá-las no cenário atual bem diferente da minha própria adolescência.

Discutir o certo e errado das regras me deixava vulnerável a novas argumentações

Como você, diariamente sou desafiada a tomar decisões em relação ao meu filho adolescente e, por vezes, a estabelecer regras:

– Não, filho, você vai dormir às 10hs porque você acorda cedo prá ir à escola.  Senão, vai cochilar na aula de novo! – alfinetei.

Saco, mãe! Que injusto!  Se dormir às 11hs, acordo do mesmo jeito! retrucou enfezado.

Era comum este tipo de diálogo se prolongar mais tempo do que devia e evoluir para uma discussão sem nexo com resultados catastróficos.  Decidida a mudar essa dinâmica e a estabelecer os limites o quanto antes só me restou saber:  como?

Como todo adolescente resistente a limites, meu filho sempre contrapunha uma regra com um argumento.  Não raro, eu acabava cedendo.  Não que me ressinta de mudar de idéia;  sentia um certo incômodo de não estar tão certa assim sobre as regras que estipulava.  Parecia que sempre havia uma margem para contestações e isso me incomodava bastante.

Aproveite nossa página do Facebook e compartilhe mais experiências: Clique aqui!

Quando as discussões se baseavam em quem estava certo ou errado, eu ficava vulnerável a novos argumentações desafiadoras. Toda regra vinha com argumentos de “injusta’ e “errada”.  Finalmente, percebi que, enquanto seguisse essa dinâmica entre “certo e errado”, nada mudaria.

Estabelecer regras na adolescência é transcender a autoridade de mãe

Estabelecer regras na adolescência é mais que “ter razão”: é definir o que você acha que é certo e que te deixa confortável de estabelecer.  Difícil pensar que minha mãe pudesse ter sido tão consciente àquela época, mas prefiro crer que foi assim mesmo que agiu comigo.

Ao abandonar a idéia de discutir o certo e errado, passei a discutir as regras que estava por estabelecer.  Escutar meu filho adolescente e propor algo nos permitiu dialogar.  Naturalmente, o diálogo se tornou uma negociação até que chegássemos a um consenso baseado no “ganha-ganha”.

A prática do diálogo antes de estabelecer regras na adolescência mostrou que a dinâmica se tornou um tanto mais democrática nos dias de hoje.  Nem por isso, minha autoridade de mãe foi abalada.

A prática da negociação com meu filho adolescente mostrou minha vulnerabilidade em relação às respostas que nem sempre tenho.  Nem por isso, mais uma vez, minha autoridade de mãe foi abalada.  Ao contrário, tornou nossa relação mais humana e próxima das situações vividas pelo meu filho no mundo atual.

Hoje não tenho mais a pretensão de ser mãe-super-herói, mas de acompanhar a jornada do meu filho adolescente dando-lhe a segurança de estabelecer regras que contribuam para o seu amadurecimento.

Uma vez acertadas e acordadas, espero que meu filho siga as regras, cumpra com o acordo.  Assumo o risco de não serem as mais acertadas, mas sendo eu a responsável por estabelecê-las, exijo sua atitude de cumpri-las.  Para isso, preciso estar segura de minhas decisões.

Recuperada minha autoconfiança, me senti empoderada de novo:  concluí, então, que regras na adolescência transcendem a autoridade de mãe: é segurança para o filho adolescente.

Sem garantias de sucesso mas já colhendo resultados com as regras do presente, não mais do passado

Estabelecer regras na adolescência não é tarefa fácil nem deve ser um exercício de autoridade, mas de diálogo com filho.  Permitir sua participação com opiniões e argumentos não só estabelece um diálogo saudável, mas colabora com regras claras, honestas e seguras para todos.

Sabemos que adolescentes de hoje tem argumento para tudo; se não tem, criam!  Confesso que hoje, os admiro por isso: aprendo muito com eles porque trazem leituras diferentes de uma situação, principalmente daquelas já tão viciadas de meu olhar do passado.

Dialogar com filho adolescente sobre as regras na adolescência ampliou minha visão de mundo para definir com segurança as regras que me parecem ser as melhores, não necessariamente as mais certas.  E tudo bem:  meu filho vê minha vulnerabilidade mas confia na minha autoridade de mãe para estipular o que parece ser melhor para ele.

Ficar às margens das discussões que se transformavam em verdadeiras defesas de causa me devolveu a auto-confiança e trouxe segurança para meu filho. Por tabela, passei a contar com seu comprometimento em acatá-las o que nos economizou muitos conflitos.

As regras adotadas com meu filho adolescente não são as mesmas firmadas no passado por minha mãe.   De fato, vivendo as regras na adolescência de hoje, não mais da minha, consegui alcançar finalmente o resultado que esperava.

2 Comments

Leave a Reply