ensinar filho adolescente

Ensinar filho adolescente a ser adulto diferenciado

by Xila Damian

Perseverar é preciso

Sem dúvida, vivemos uma tremenda crise ética e moral. Como consequência, ensinar filho adolescente a ser adulto diferenciado me parece mais difícil hoje. Talvez soe exagerada; talvez não. Fato é que não me identifico com a duras relações da atualidade; menos ainda com o cenário (pouco) civilizatório que vivemos.

A banalização do corpo, a corrupção nacional, a relativização do certo e errado, a impunidade, tudo parece dificultar ainda mais minha missão de ensinar filho adolescente a ser adulto de valores e princípios sólidos… e inegociáveis.

Dentre tantos valores desvirtuados – e por vezes, a ausência de fundamentais a uma sociedade saudável – o homem parece ter perdido a humanidade. A brutalidade e a violência, de repente, passaram a dominar nosso cotidiano de modo que pequenas gentilezas deixaram de ser praticadas e até banalizadas.

Perseverar nas atitudes saudáveis virou tarefa difícil e, pouco a pouco, nos embrutecemos a ponto de nos tornarmos adultos frios e insensíveis ao outro. Vivo este desafio com filho adolescente.  Ávida por uma sociedade melhor, anseio cidadãos conscientes; não só de seus direitos mas também de seus deveres. 

Depois de muito me angustiar em situações de rudeza normalmente aceitáveis no cotidiano, notei: ensinar filho adolescente a prática da civilidade que tanto nos faz falta hoje é, antes de tudo, exercício perseverante de educação para um convívio saudável em sociedade. Difícil mas o resultado, sem dúvida, vale o esforço.

Fazer a diferença desde cedo

Acredito na educação que começa em casa e a partir de pequenas atitudes. Desde cedo, ensinei filhos a segurar a porta para o outro entrar no elevador, de oferecer ajuda quando vê alguém sobrecarregado, de jogar lixo na lixeira, de cumprimentar as pessoas com quem cruza, de usar aquelas “palavras mágicas” (e tão esquecidas) atualmente. Admiro pessoas capazes de pequenas gentilezas que diferenciam pessoas comuns das especiais.

Gosto de ser especial a alguém, de fazer a diferença e, principalmente, ser coerente com meus valores.  Portanto, nada mais natural do que ensinar filho adolescente o mesmo. Nessa fase de rompantes e reações intempestivas e imaturas, poucos se dão conta do impacto de suas atitudes sobre o outro. Que aprendesse, então, a se diferenciar (para o bem) desde cedo.

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Passo por situações cotidianas que me irritam com frequência. Pessoas que falam sem olhar, que se encontram sem se cumprimentar, que cruzam no elevador de seu prédio sem se falar; pessoas sem noção do impacto que causa no outro, que se tornam insensíveis ao outro. Pequenos gestos que mostram a pessoa que você é.

Certo dia, meu filho entrou em casa possesso:

– Pô, que saco!  As pessoas não se tocam! Tava cheio de sacola pesada e o sujeito nem pra segurar a porta do elevador pra mim!  Vou parar de abrir porta pros outros. Cansei de ser gentil! Ninguém se importa mesmo!

Mal sabia ele que aquela frustração era só o começo de uma jornada, às vezes, solitária. Importar-se com o outro e fazer uma gentileza gratuita eram só alguns dos valores que estava assimilando. Infelizmente, a frustração de não ser correspondido também se revelava. “Pior quando se der conta da falta da ética que tantos não tem ou perderam.” pensava enquanto o acolhia.

Apesar de me solidarizar com ele, não deixei de lhe dar motivos para fazer diferente daquele vizinho. Em ambiente permissivo, perseverar no que é bom é ensinar filho adolescente a ser um adulto diferenciado.

Por uma nação saudável

É frustrante lidar com a rudeza das pessoas quando se tem consciência mais ampla do mal que essa atitude causa. Inconscientes, as pessoas se tornaram insensíveis ao outro e aos irreversíveis danos que isso traz ao senso de cidadania. Nação saudável é formada por cidadãos conscientes de seu impacto sobre o outro, a começar com as pequenas atitudes do dia-a-dia.

A linha tênue que divide cidadão comum do especial é que este persevera no que é certo, independente do ambiente em que vive.  Em uma era, um mundo, um país onde valores são diariamente colocados em xeque por pessoas comuns e inconscientes, preciso ensinar filho adolescente a ser adulto diferenciado desde já, independente das pessoas que insistem em frustrá-lo.

Leituras sugeridas:  Como educar filho adolescente, Emoções na adolescência, Temperamento na adolescência

5 Comments

  • Jeitinho: praga de uma sociedade corrompida por educação capenga 19 de outubro de 2020 at 12:16

    […] as novas – e às vezes complexas – situações vividas com filho adolescente nos põem à prova e em risco a todo momento. Não raro, damos um jeitinho para solucionar pequenas […]

  • Pai e filho: discípulos de um mundo ensimesmado 3 de setembro de 2020 at 16:42

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  • Coronavírus e pais de adolescente sob perspectiva 19 de março de 2020 at 11:05

    […] – que vai muito além do falar –  e por valores mal praticados – que, de novo, vão muito além do ensinar –  levantaram um muro intransponível entre […]

  • Thaís Richetti 26 de abril de 2018 at 13:37

    Li o q vc escreveu sobre ensinar filho adolescente e achei ótimo o texto, tenho uma filha de oito anos e meio, sou estudante de psicologia, tenho 36 anos e crio minha filha com a ajuda da minha filha. De acordo com teu texto penso muito no dar limites nas tecnologias e em tudo que o mundo vem oferecendo, é difícil sabermos o que é certo e errado sem tentarmos, teu texto traz um consolo. Brigadão haha

    • Xila Damian 2 de maio de 2018 at 16:30

      Que bom, Thais! De tudo o que vivi, estou certa de que nao há receitas prontas mas dicas praticas de como lidar com a fase com mais jogo de cintura e, principalmente, aberta a aprender tb. Nao somos perfeitos nem dominamos tudo. Paciencia, resiliencia, persistencia e cabeca aberta para tentar diferentes abordagens até encontrar o caminho para viver a adolescencia do filho junto dele. Ele precisa e vc é responsavel por isso. Continue por aqui e compartilhe sua experiencia, suas duvidas e sugestoes tb. 😀

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