Nova perspectiva sobre filho adolescente
Exercitar o desapego de filho adolescente é desafiador a muitos pais e diria especialmente a mães. Pelo menos foi para mim … e para muitas outras que conheço. Os primeiros sinais desse “mal necessário” surgiram quando filho adolescente passou a resistir aos meus convites a programas até então prontamente aceitos.
Suas recusas foram se tornando comuns e, por consequência, meus sentimentos de abandono e solidão mais frequentes. Não raro passei a escancará-los sem qualquer sombra de vergonha:
– Filho, tô carente de você! Vamos sair e fazer algo juntos?
Buscava consolo e, quase sempre, recebia grunhidos, viradas de olho e bufadas. Definitivamente, filho adolescente não se rende a apelos maternais tão facilmente. Pelo contrário: se irrita com demonstrações afetuosas – principalmente as maternas – o que naturalmente aumenta o falado – e até esperado – distanciamento tornando-o por vezes até problemático.
Portanto, se você vive esta situação, te aconselho: não lute contra o inevitável.
Em vez disso, aprimore sua estratégia a fim de se manter junto de filho e viver a fase de forma melhor. E um dos meios de vencer este desafio é enxergar o desapego de filho adolescente como fato natural – e necessário – da vida. Assumida esta nova perspectiva, o resultado certamente muda para melhor… e para os dois.
Junto de filho adolescente
Praticar o desapego de filho adolescente dói mas é vital ao aprimoramento de toda a família. Como toda transformação, mudar pressupõe dor que, bem vivida, transforma e amadurece. Foi assim, dolorosamente, que me ressenti com a recusa de filho de continuar sendo meu “chaveirinho” para onde fosse.
Sofri ao ter de digerir a mudança da nossa relação e tendo de aceitar filho alçando voo cada vez mais solo. Luta perdida, assumi meu novo papel de coadjuvante na vida de filho adolescente a contragosto; a coadjuvação me incomodava ainda que inevitável – e esperada – nesta fase:
– Não vai mesmo comigo? – insistia – poxa, você gostava tanto de ir à praia comigo…
– Marquei com a galera, mãe! Não leva a mal mas… cresci, né? Não sou mais o “chaveirinho” de todas as horas. Tenho minha turma e os programas agora são outros… né? – respondeu com notória obviedade.
– Mudei, mãe… nada contra você… só, mudei… – finalizou com desconcertante desapego.
Tamanha sinceridade e lucidez me deu a tarefa de simplesmente digerir a nova condição e também mudar. seguindo o exemplo de desapego de filho adolescente como exercício também meu na nova fase. Para continuar junto de filho adolescente, precisava me separar dele.
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O desapego de filho adolescente
A adolescência de filho também foi marcante para mim, um verdadeiro divisor de águas para a família. Descobrir meios de viver a fase de forma diferente da habitual abriu meus olhos para a oportunidade de resgatar minha individualidade um dia substituída pelas necessidades da criança totalmente dependente de mim.
O desapego de filho adolescente foi um dos vários exemplos práticos disso: me levou a revisitar desejos e planos até então adormecidos pela fase anterior. Foi o primeiro passo de um difícil exercício: enxergar-me coadjuvante na vida de filho me fez retomar as rédeas da minha e daí, também, mudar.
Primeiro, deixei de lutar contra as recusas de filho. Em vez disso, elegi e firmei os programas inegociáveis, aqueles realmente significativos para mim. Foi difícil porque, a princípio, tudo me parecia especial até que a autocrítica ajudou a racionalizar o arraigado sentimentalismo.
Desapeguei-me, então, das ocasiões convencionalmente adotadas como imprescindíveis; descobri nelas exigências e expectativas estabelecidas mais por uma convenção social do que por interesse genuíno. Se por um lado “limpar” e definir foi trabalho difícil de desapego por outro, me premiou de viver uma relação melhor e saudável com filho adolescente; bem diferente de antes.
Mudar, sem dúvida, vale a pena. A transformação ensina e faz o indivíduo crescer; inclusive mães.
Adolescência muda mães
De fato, a adolescência muda tudo; inclusive mães. A seletividade de filho adolescente decerto me angustiou; não ter mais sua companhia como antes me fez sofrer. Mas, a vida ensina: mudar dói… e liberta.
De novo protagonista, agora de minha vida, libertei filho para viver a nova fase sem ressentimentos. Assumidamente coadjuvante em sua vida, sigo segura de ser este o curso natural – e saudável – da fase.
Tenho recaídas, confesso e, sem cerimônia, anuncio o conhecido sentimento:
– Filho, tô carente de você!
E a resposta invariavelmente repetida ecoa pela casa:
– Saco, mãe! Me deixa…
No novo papel, agora de mãe de adolescente, surpreendentemente também cresci e, melhor, junto dele… e com ele. Ainda que muita coisa pareça continuar igual.
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