ciúmes de filho adolescente

Ciúmes de filho adolescente: vida de mãe também segue

by Xila Damian

Um ponto desapercebido

Mãe de menino escuta comentários curiosos sobre ciúmes de filho adolescente: “ele sente ciúme de você?”, “te “deixa” namorar?, “ih, deve ser uma ciumeira doida!”.  Confesso que ficava até desconcertada: não notava aquele ciúmes “natural e esperado” que tanto falavam.

Talvez por não ter dado motivo, talvez porque o filho fosse desencanado… o fato é que, ainda que desimpedida, não havia sofrido os ciúmes de filho adolescente.  Sabendo que mãe tem sua hora prá passar por tudo, a minha chegou.

Hoje respondo os comentários com conhecimento de causa.  Por zelo ou por medo, a experiência de viver os ciúmes de filho adolescente me fez esclarecer um ponto importante até então desapercebido: a vida segue para todos, inclusive prá mãe.

Hora de lidar com ciúmes de filho adolescente

Mãe de adolescentes homens, me habituei a escutar histórias de filhos ciumentos que cerceavam suas mães de atividades, comportamentos e atitudes.  Frequentemente abordada sobre como é ser mãe de homens, respondia  as perguntas com humor e até certo orgulho: “nunca senti isso deles”.

Certa vez, filho contava seu papo com um amigo e entregou:  “ele me perguntou se eu tinha ciúmes de você, mãe”.  Intrigada com a pergunta (e o papo) entendi que as conversas entre adolescentes podem ser mais profundas que imaginava.  Curiosa, quis saber: “você sente?” ao que prontamente respondeu: “às vezes.”

Surpresa com a resposta simples e direta, sorri sem graça e… guardei; não sabia onde ia dar o rumo daquela conversa.   Em outra ocasião, em uma loja, me repreendeu quando, ao pedir ajuda a um vendedor, recebi atenção e elogio deste.

Visivelmente irritado, fez cara de bravo e me apressou para finalizar a compra:

Saco, mãe!  Que demora!  Dá prá acabar a conversa e irmos embora?

Sim, era hora de encarar mais essa experiência: a de lidar com ciúmes de filho adolescente.  Não sabia se por excesso de zelo ou de medo, mas dividir minha atenção com outro homem o incomodou.  Era hora de retomar aquela conversa de amigos para esclarecer e, se necessário, reforçar uma das poucas verdades absolutas que tenho.

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Filho é prioridade, não proprietário

Dialogar é sempre o primeiro passo para lidar com filho adolescente.  Tão importante quanto o diálogo, é a escolha certa das palavras, do momento, do tom.  Por conta disso, esperei momento oportuno para puxar o assunto. Paramos em nossa cafeteria preferida para um lanche.  Momentos como esse são ricos para uma interação descontraída, sem lições de moral; a conversa flui.

Entre um gole e outro no delicioso café, falei da minha surpresa por sua resposta ao amigo e, agora, daquela demonstração de impaciência sobre o vendedor.  Perguntei o porquê daquela reação:

– Não sei explicar… vejo o cara se mostrando prá você sem nem saber quem é.  Pô, folgado! Vai que é um doido, um idiota sei lá… tenho medo de você cair na conversa dele…

– Entendi, você se preocupa comigo, né? Fique tranquilo, não sou uma bobinha… Agora: só vou passar a conhecer se conversar com ele, né? E se ele for bacana?

– Eca, mãe!  Não quero nem saber… não fala comigo sobre isso – reagiu.

Mãe de menino já conhece os prováveis motivos de ciúmes de filho adolescente: se sente “responsável” pela mãe (ainda que não faça nada nesse sentido); se vê ameaçado de perder “seu lugar” na vida da mãe (ainda que reclame quando ela entra na dele) e, não menos importante:  odeia imaginar a mãe paquerando, que dirá, namorando, sendo cortejada.

Diante de tantos motivos, só me restou discutir a situação e reforçar:  a vida segue para todos, inclusive prá mães desimpedidas.  Segura da minha opinião, o fiz encarar a realidade sem melindres ou brechas para demonstrações machistas:

– Sempre será minha prioridade e meu filho amado; nunca meu proprietário com direito de anular minha vida amorosa, entendeu?

A vida segue para todos

Por um tempo, pensei que não viveria os ciúmes de filho adolescente.  De diferentes formas e intensidade, acontece.  Mais uma oportunidade de discutir pontos importantes da vida que, às vezes, deixamos passar desapercebidos.  Nesse caso, foi o de estabelecer limites na relação mãe e filho; meu amor incondicional não lhe daria direito de mandar na minha vida.

Calejada, já não me surpreendo com suas caras e bocas em situações similares; só me preparo para uma eventual sessão de ciúmes.  Segura e com o mesmo humor de antes, agora respondo os comentários curiosos com conhecimento de causa:  “a vida segue para todos e meu filho, hoje, entende.”

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