aprender com os erros

Aprender com erros, tragédia de Brumadinho e pais de adolescente

by Xila Damian

Aprender com os erros

Assim como a empresa Vale na tragédia de Brumadinho, pais de adolescente são reincidentes: não sabem aprender com os erros. No caso dos pais, clichês e opiniões depreciativas em relação a adolescentes comprovam: o problema é sempre “o outro”, ou seja, o jovem, a fase, o mundo… nunca os pais.

Como a empresa que não aprende com os erros também nós, pais de adolescente, apagamos incêndio. Em vez de prevenir, pagamos pra ver. Afinal, vai que dá certo e saímos ilesos da temida fase sem grandes danos? Insistindo em práticas antigas e incompatíveis com a atualidade, literalmente esperamos passar incólumes às mudanças promovidas pelo novo ciclo de filho.

Então, o inevitável acontece: os conflitos (inerentes à fase) surgem. Não pelas razões ditas por clichês mas pela profunda transformação sofrida pelo jovem que pais desconhecem. As mudanças física, mental, emocional e psicológica bastariam pra explicar mas pais minimizam os sinais.

A tragédia de Brumadinho me levou a correlacionar algo inusitado: empresas e pais de adolescente tem nas mãos enorme influência sobre a vida do outro. A partir deles, contribuímos com o mundo… ou não.

Dependemos dessa conscientização e do desejo de sermos melhores pra evoluir como sociedade. Pra isso, ética e educação, no sentido amplo da palavra, andam juntos. Vidas perdidas, sociedade dilacerada: sofrimento marcado pelo amargo exemplo de não aprender com os erros.

O pacto com os erros

Difícil crer que a revolução, visível e invisível, de filho adolescente ocorra bem diante de nós e insistamos em práticas obsoletas. Ineficazes para os dias de hoje, continuamos rotulando adolescentes e ainda assim, esperamos formar adultos melhores. A falha de não aprender com os erros nos leva a arriscar vidas pela negligente atitude de remediar em vez de prevenir.

Tragédia consumada, apagamos incêndio: buscamos saídas imediatistas, culpamos variáveis fora de nosso controle, cobramos providências do outro. Atordoados, então, voltamos ao começo e responsabilizamos “a fase” como uma entidade maléfica causadora de tragédias.

“Adolescente é assim mesmo: um saco!”, muitos dizem, e, como resultado, perpetuamos rótulos. Em seguida, os colamos na testa de filho e pronto: mascarada a negligente atuação como pais, nos eximimos da responsabilidade de formar adulto melhor nos justificando pelos clichês sobre a adolescência.

Passada a “trágica” fase, então, relaxamos, deixamos de aprender com os erros. Decerto desnecessário aprimorar a sociedade, só viver e, com sorte, sobreviver às tragédias. Ao guardarmos a experiência sem aprender com os erros, deixamos de nos aprimorar como sociedade e, como uma cadeia em uma cadeia involutiva, arriscamos demais e desnecessariamente.

Além de trabalhoso, aprender com os erros incomoda por trazer à tona fracassos, por vezes dolorosos, que preferimos esquecer. Descomprometidos com o mundo e inconscientes de nossa participação na sociedade pactuamos, então, com a reincidência de erros. Inevitavelmente, continuamos a viver (as mesmas) tragédias.

Danos pra vida toda

Julgamos e acusamos terceiros por nossos problemas o tempo todo sem nos darmos conta de que somos parte dessa história. A tragédia de Brumadinho nos cobra como cidadãos assim como conflitos familiares nos cobram como pais: aprender com os erros é pratica preventiva contra danos previsíveis.

Quando rotulo adolescente e a fase, insisto em correr risco de descumprir meu compromisso com filho e com a sociedade. Brinco com coisa séria. Mesmo e apesar dos alertas premonitórios, opto por não aprender.

Digo isso por experiência própria. Também segui protocolos ultrapassados que, desatualizados, me incapacitavam cada vez mais na função de mãe de adolescente. Inevitavelmente, a “tragédia” dos conflitos com filho aconteceu. Hoje vejo: não por falta de avisos mas por negligência.

Tal qual a Vale, mobilizei todos recursos pra estancar a sangria da emergência. A “saúde financeira” me permitiu dispor do melhor a fim de minimizar danos. Porém, nenhum foi capaz de suprimir o gosto amargo da dor causada, da memória registrada e das feridas abertas pela tragédia; danos irreparáveis que nada apaga.

Os agentes da mudança

Todos vivemos situações difíceis com filho adolescente. Guardadas as proporções, vivemos pequenas tragédias familiares diariamente e, ainda assim, insistimos em não aprender com os erros. A historia relata, familiares contam, amigos avisam e, ainda assim, arriscamos a vida do outro desnecessariamente… por desconhecimento.

Nutridos por clichês e rótulos, sequer notamos nosso “desserviço” a filho e à sociedade. Adolescência não precisa ser tragédia anunciada. Pelo contrário, pode e deve ser experiência de aprimoramento. Pra todos. Mas, pra isso, precisamos não só aprender com os erros e nos nutrir de conhecimento atualizado e genuíno; precisamos ser responsáveis e éticos.

Não podemos mais nos isentar da função de mãe de adolescente que forma adulto saudável para a sociedade. Precisamos mudar nossa atitude diante de filho adolescente, da sociedade, do mundo e não repetir erros.

O dever é de todos nós

Como a empresa por seus colaboradores, somos responsáveis por filho. O peso do “cargo” se justifica pela complexidade e pelos riscos inerentes à função.

Por isso, aprendamos com a experiência. Tanto quanto empresas, nos conscientizemos de nosso papel na sociedade com responsabilidade e ética de quem evolui com os erros. Dependemos dessa mudança. O dever que é de cada um… é de todos.

Leituras sugeridas: O politicamente correto/Alexandre Garcia,  Qual o seu legado pra filho adolescente?Cargo de mãe de adolescente

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