a greve e a educação

O que a greve dos caminhoneiros tem a ver com ser mãe de adolescente

by Xila Damian

Formar cidadãos conscientes é o caminho

Surpreendidos com a dimensão que a greve dos caminhoneiros tomou nos últimos dias, nos tornamos reféns de nossos próprios erros. Vivendo um cenário caótico, fruto de anos de alienação política, más escolhas, corrupção, corruptos e má cidadania, acompanhamos o andamento das negociações dia após dia como que a uma novela sem data pra acabar.  Afinal, qual a relação entre a greve e a educação de filho adolescente?

Enquanto pais tentam se equilibrar entre as tarefas domésticas e profissionais como dá e com o que dá, filho adolescente segue a vida como que celebrando um feriadão surpresa. Impedido de ir à escola, (in)voluntariamente se vê livre pra “aproveitar” os dias de folga como quer. A relação entre a greve e a educação começa a despontar.

Espantada com tamanha alienação, não hesitei em trazê-lo pra vida real. Vivemos momento mais do que crítico: uma era de descontrole e anti-cidadania total. Tempos difíceis que, se não mudados desde já, comprometerão o futuro dele tal qual comprometeu o nosso hoje!

Como que chacoalhado, “situei” filho adolescente.  A relação entre a greve e a educação se escancara: não se trata de feriado prolongado mas de um tenebroso cenário de caos!

Que os fatos lhe sirvam para aprender a pensar criticamente sobre escolhas. Escolhas que, como sabe (ou deveria saber), demandam escuta, análise, raciocínio, senso crítico, decisão e… consequências.

Gostando ou não, uma nação se faz de cidadãos conscientes de seus direitos E deveres; começa por escolhas.  Portanto, nada mais urgente que começar por discutir situações como a greve e a educação de novos adultos agora, dentro de casa.

Cidadãos inconscientes, nação caótica

O momento exige banho de realidade. Mais do que blindar filho adolescente do caos, aproveitei o momento para provar com fatos (o que adolescente ama!), o efeito das escolhas feitas pelos adultos. O que vivemos hoje é fruto de nossos erros, de nossa displicência como cidadãos.

Inúmeras vezes escutei frases como “não gosto de política”, “não entendo política”, acreditando ser “normal” tamanho desinteresse. A conta dessa omissão e preguiça chegou há anos e silenciosamente. Sem liderança e, consequentemente, sem inspiração, assistimos a incompetência e a corrupção minar nosso país.

Há décadas sofremos disso. Naturalmente (e sem notar), fomos nos enrijecendo. Hoje intolerantes e raivosos, nos vandalizamos, nos tornamos menos cidadãos. A greve dos caminhoneiros me mostra um país guerreiro mas também cidadãos inconscientes. Cansados e injustiçados, gastamos energia com visão limitada e criamos novos problemas para nós mesmos. O caos não acaba, se perpetua com novos estopins a cada dia.

A greve e a educação dos filhos: O produto precisa ser de qualidade

No mundo corporativo, onde construí minha carreira, fui munida de recursos para desempenhar bem meus deveres de contratada.  Afinal, o acordo era entregar resultados, um ganha-ganha claro com responsabilidades e objetivos claros.

Assim também me vejo na função de mãe. O “combinado” é: devo munir filho de recursos (físicos e emocionais) para se tornar um adulto saudável e competente para desempenhar seu papel na sociedade. Como mãe, tenho esse dever.

Pra isso, preciso ensinar filho sobre seu papel no mundo, discutir assuntos como essa greve e a educação de adolescente consciente da gravidade do momento. O “insumo” que tenho em mãos é precioso demais!  Minimizar erros é meu dever como mãe.  Tento, pelo menos, não repetir erros. Nada melhor, portanto, transformar adversidades como essa da greve em oportunidade com filho adolescente.

Cumpro esse e tantos outros deveres consciente de que posso e devo cobrar os meus direitos também como cidadã.  Rico em recursos mas pobres na cidadania, não há desenvolvimento. Um “produto final” de qualidade requer insumos de qualidade. É onde minha função de mãe se torna ainda mais fundamental.

Semente na mão, responsabilidade grande

Uma história marcada por corrupção e incompetência dá mau resultado. Cresci escutando adultos se esquivando da política sob afirmações do tipo “é tudo corrupto” para justificar o desinteresse e a preguiça de um posicionamento.  Convivi com pessoas esclarecidas que usavam os “não gosto de falar de política” para se eximirem da responsabilidade de uma escolha.

Dividida entre o medo, a impotência, a raiva, a dúvida e a insegurança instauradas me sinto co-responsável desse triste e vergonhoso cenário. Batemos cabeça todo dia. Enquanto isso, filho adolescente observa, se assusta e tenta manter sua rotina se refugiando à idéia de aproveitar o feriado “extra” e prolongado, alijado da realidade.

Cobro responsabilidade, autonomia, senso crítico, posicionamento, independência de filho adolescente sem notar minha incoerência. Vivemos hoje o caos das nossas más (e falta de) escolhas. Caímos na cilada de uma alienação que nos traz uma conta bastante alta. Diante dessa dura realidade, tento mudar a história. O futuro está nas mãos do adolescente de hoje, a semente está na minha mão. Portanto, minha responsabilidade continua bem grande.

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Formando novos líderes em casa

O cenário caótico se tornou oportunidade dentro de casa. Tanto quanto explicar e contextualizar a complexa trama que vivemos, chamo filho adolescente para a vida como ela é, semeio o senso crítico, o convoco pra entender que a greve e a educação tem tudo a ver com cidadania.  E isso, se aprende desde cedo.

O país urge renovação total, cidadãos conscientes de seu papel, de seus direitos mas também de seus deveres. Não dá mais pra viver alijado da política e da realidade. Não dá mais pra formar novos alienados.  Se não somos hoje os líderes do país que deveríamos ser e ter, que comecemos a nos redimir de nossos erros formando aqueles que, no futuro, sejam.  E isso começa em casa com filho adolescente.

Leituras sugeridas:  Adolescente polêmico, Futuro de filho adolescente, Quando relacionamento com filho adolescente cai no automático, Incentivando a autonomia de filho adolescente

 

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