banalização da violência

A Banalização da Violência Entre Adolescentes: Educar Para Mudar

by Xila Damian

O adulto necessário

A banalização da violência entre adolescentes assusta. Nem a frequência dos casos me faz acostumar com a notícia. Por um lado mostra que não sucumbi à barbárie nem à desesperança pelo ser humano. Por outro, torna a responsabilidade de educar filho adolescente para o mundo que precisamos ainda mais difícil.

Ainda que vivendo a descontrolada violência no país, sigo acreditando em um mundo melhor. Pra isso, preciso contribuir e um meio é, como mãe, educar filho sob valores sólidos, pilar fundamental pra mudar o cenário atual.

Dessa forma, aprender a lidar com filho adolescente deixou de ser um desejo: virou necessidade. Minha missão ficou mais complexa e manter-me junto dele foi vital pra continuar formando o adulto que o mundo precisa. Do contrário, viveremos a barbárie.

Será a barbárie?

Diariamente somos massacrados com notícias aterrorizantes de roubos vis, assaltos banais, tiroteios rotineiros, violência banalizada. Como se não bastasse, fatos alarmantes de agressão entre jovens em salas de aula e pátios escolares compõem a trágica banalização da violência.

Recente vídeo vazado na internet com adolescente agredindo colega em sala de aula revirou meu estômago. Não “só” pelas cenas horrorosas da menina de 14 anos refém de chutes e tapas daquele que deveria ser, no mínimo, um colega de turma, mas também pela plateia incentivadora e conivente com o agressor.

Depois de divulgado em rede nacional, pais tomaram ciência da violência sofrida pela filha. Infelizmente, a prática era recorrente. Longo e tenebroso pesar me abateu… será que já vivemos a barbárie?

Entre algozes e vítimas

Além da ojeriza, o vídeo suscita inúmeras reflexões e preocupações. Uma delas é que, infelizmente, a banalização da violência contaminou nossos jovens. Prova disso é notar que a fase, que deveria ser de desenvolvimento, o local, que deveria ser seguro e educativo, o grupo, que deveria ser turma e, finalmente, o colega que deveria ser, no mínimo, conhecido serviram de palco dos horrores àquela adolescente.

De um lado, jovens se tornando algozes; de outro, adolescentes se tornando vítimas da violência gratuita. Sob a tentativa de “dar conta de seus problemas”, a jovem agredida escondeu o fato dos pais. Em nome de uma auto-suficiência distorcida, sofreu calada e reiteradamente sob a conivência de outros adolescentes.

Autonomia não é auto-suficiência

Infelizmente, cada vez mais cedo, adolescente aprende (e sofre) a banalização da violência. Seja por bullying ou agressões, mantêm-se calado tentando enfrentar a situação sozinho. Às vezes, não consegue e, ainda assim, não busca ajuda. Descobrir o porquê de seu sofrimento silencioso foi igualmente estarrecedor.

A banalização da violência reflete inúmeros problemas sociais, econômicos e políticos. Ainda assim, sigo acreditando que a mudança começa por educar filho para ser adulto autônomo e de valores sólidos, não necessariamente autosuficiente.

Entendendo errado

Contei o caso ao filho e perguntei o que faria no lugar daquela adolescente. Surpreendentemente, respondeu que caso  fracassasse no revide, se calaria.

– Como assim? Não contaria nada pra mim? Sofreria a agressão continuamente, sozinho e calado?? – questionei espantada.

Saco, mãe! Tenho que me virar sozinho, né? Resolver meus problemas por conta própria… – justificou.

Chocada, refleti sobre a resposta. Definitivamente, ele entendeu errado! Enquanto associava a banalização da violência a causas profundas como valores e formação, filho justificou sua resposta objetivamente: ser adolescente pressupõe “se virar sozinho”, independente das circunstâncias.

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Banalização da violência não é normal

Primeiro, acredito que uma boa educação começa por transmitir valores sólidos ao filho. Portanto, educar começa cedo, em casa e independe de classe social. Antes de tudo, depende de pais conscientes de sua função educadora.

Pra isso, precisamos estar próximos de filho, ter disposição e paciência pra dar o exemplo. Não existem atalhos nem desculpas pra nos abstermos da responsabilidade. Nem “sociedade injusta”, nem “escola incompetente”, nem “fase difícil” exime pais do dever de estar junto de filho e formar adulto melhor que o de hoje.

Há compromisso. Caso contrário, filho cresce à deriva assimilando a cruel realidade que vivemos hoje como natural e interpretando mal até o que ensinamos como bom: a independência, por exemplo.

Formando adulto diferente

A banalização da violência aterroriza especialmente pais amendrontados com a barbárie do cenário atual. Porém, esses mesmos casos podem se tornar oportunidade de discutir valores que, até então, não imaginava serem passíveis de má interpretação de filho.

Ainda que assustador, é chance de esclarecer percepções, ajustar mensagens… educar. Hoje, antes de ser independente, espero que filho seja adulto diferente do de hoje. Caso contrário, permaneceremos na barbárie.

Leituras sugeridas: Que mundo é esse?, Perfeccionismo na adolescência, Como educar o filho adolescente, Adulto diferenciado

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