Reatividade entre pais e filhos
Não parece mas provocações de filho adolescente nem sempre são ou tentam ser ofensa contra os pais. Ouso dizer que, na maioria das vezes, são – ou tentam ser – demonstrações de… afeto! Não acredita, né? Entendo… também duvidei da ideia. Precisei mudar minha lente sobre a situação vivida com filho adolescente para enxergar além do que muitos – senão todos – afirmavam ser puro desrespeito.
A mensagem de filho adolescente
Nossa humanidade é mesmo traiçoeira. Até quando reagimos como meio de auto preservação incorremos em erros. Por exemplo: ao reagir às provocações de filho adolescente como ameaça pessoal, me cegava à mensagem que sua atitude enviava subliminarmente.
A imediata interpretação às palavras e atitudes de filho adolescente frequentemente me levavam a revidar ao que pensava ser agressão contra mim. Assim perdia a chance de interpretar melhor o filho, alargar meu entendimento sobre ele e, por fim, aprofundar nosso relacionamento. Não só com meu adolescente mas com o mundo.
Sobre as provocações filho adolescente
Uma das descobertas mais inusitadas – e libertadoras – que tive como mãe de adolescente foi tomar ciência da súbita – e temporária – alergia aos pais à qual o jovem é acometido nesta fase da vida. A estranha condição atinge em cheio o adolescente que, dividido entre sentimentos antagônicos, se vê limitado em demonstrações de afeto aos pais.
Perdido em meio à confusa salada de emoções, as provocações de filho adolescente então viram recurso de compensação ao seu diria “incômodo” em relação aos pais. Soa falacioso? Não me surpreendo: reagi da mesma forma a princípio.
A boa notícia é que a tal alergia tem prazo de validade: alguma hora – normalmente pós adolescência – passa. A má é que, se não mudarmos a lente sobre a inexorável situação, a oportunidade de transformar as provocações de filho adolescente em intimidade também passa.
A cegueira dos pais
Comumente recebia as provocações de filho adolescente como crítica pessoal. Os comentários jocosos me deixavam, no mínimo, desconfortável e, inesperadamente, a descontração cedia a discussões que sempre acabavam envolvidas por mágoa e bicos:
– Ai, mãe, para de dançar… que vergonha… você é muito desengonçada – filho zoava.
Em contrapartida, reagia lhe respondendo ofendida:
– Que grosso você é, hein? Precisa falar assim comigo? Não posso mais dançar… é isso?
– Saco, mãe! Não pode nem brincar! Se ofende à toa… – retrucava.
Assim o comentário virava bate boca, a “brincadeira” acabava em briga e as provocações de filho adolescente, em críticas pessoais… e mútuas. Reagindo às provocações de filho adolescente, mordia a isca de viver este tipo de situação assumindo clichês e, consequentemente, embaçando a lente para algo além da superfície. Assim a “ofensa” ia contaminando a relação mãe e filho com mágoa e distância.
Outra leitura sobre provocações de filho adolescente
Sem dúvida que adolescente é capaz de manifestar afeto. Porém, nem sempre se sente à vontade para isso. Chego a crer que a tal alergia aos pais até agrave este incômodo. Dividido entre afeto e a irritação ao pais, as provocações de filho adolescente viram meio de disfarçar a natural falta de jeito e, de certa forma, compensar o dúbio sentimento.
Precisei conhecer as mudanças inerentes à fase pra entender mais profundamente as atitudes de filho adolescente. Só então descobri caminhos de me manter junto dele também nesta fase de amadurecimento. Mas para tanto, precisei antes mudar minha leitura sobre filho.
Comecei observando mais suas atitudes em vez de simplesmente reagir a elas. Gradativamente fui substituindo a reatividade por observação até que, surpreendentemente, entendi as provocações de filho adolescente com outras possibilidades.
A cumplicidade entre pais e filho adolescente
Receber provocações de filho adolescente como mensagens de afeto foi mudança drástica. Ao entender a crítica como esforço de demonstrar afeto sufocado por sua alergia a mim, compreendi meu papel de facilitadora neste processo de amadurecimento pessoal pelo qual passa.
– Afff… mãe, não começa, vai… todo mundo tá olhando você dançando feito doida…
– Aaaamo esta música! Dancei muito em discoteca! – e olhos reviraram por todo o lado – que saudade! – e a pista improvisada no salão de festas ficou pequena com pais e mães igualmente saudosistas – e possivelmente também vítimas de provocações filho adolescente.
Testemunhas estarrecidas do “vergonhoso” número protagonizado pelos pais contagiados pela música “de verdade”, iam substituindo o semblante preocupado pelo sorriso tímido e leve balanço da cabeça sugerindo resignada opinião:
– Minha mãe me faz passar cada vergonha… mico… maluca… – e, enfim, o riso conciliatório.
Ao entrar na onda e rir da situação descobri o poder do rir de si mesmo que traz não só leveza à – qualquer – relação como também cria cumplicidade entre os envolvidos. O peso da “ofensa” cedeu lugar à leveza e, depois, à gradual intimidade entre mãe e filho. “Imperfeitos” nos aceitamos sem melindres, com cumplicidade leve… e amorosa.
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Adultos melhores para o mundo
Várias vezes reagi às provocações de filho adolescente como ataques pessoais. O modo automático de conviver com filho adolescente decerto contribuiu com o aumento da minha reatividade e acumulou mágoas exageradas e despropositadas.
A intempestiva reatividade às provocações de filho adolescente infelizmente nos leva a atitudes por vezes desmedidas e até irremediavelmente danosas. Portanto, antes do precipitado revide, te sugiro considerar nova lente sobre estas potenciais situações de conflito que invariavelmente acontecem mas podem ter resultados melhores e maiores dos que os habituais.
A alergia aos pais um dia finalmente acaba e as oportunidades – disfarçadas de “desrespeito” – passam. Opte por transformar a ocasião em vínculos de intimidade que formam – filho e nós – adultos melhores… para o mundo.
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