Ser mãe adolescente requer novo plano
Uma recente matéria sobre mães adolescentes mostrou a dura realidade de ser mãe tão jovem. Além dos riscos físicos e psicológicos que a maternidade precoce traz, ser mãe adolescente traz também o desafio de se reinventar, tarefa pesada pra jovem de ainda tão pouca maturidade.
Graças a programas de prevenção na escola e na família e ao acesso a métodos contraceptivos, o índice de gravidez precoce e indesejada no Brasil baixou 17%, um resultado bastante positivo. Porém, novos casos continuam surpreendendo famílias e causando mudanças contundentes na vida da jovem mãe.
Uma vez que é fato consumado, resta ajudar mãe adolescente a lidar com a nova realidade. Assim, gostando ou não, contar com o apoio da família é fundamental pra que essa jovem consiga redesenhar seu plano de vida e se reintegrar à sociedade. De fato, ser mãe adolescente muda drasticamente a vida de toda a família mas não é o fim de tudo. Afinal, ainda existe um futuro a perseguir, uma questão de determinação… e apoio.
Com apoio, plano fica mais viável
Ainda que vivendo a era da informação, muitas jovens ainda sofrem com a desinformação e se tornam mães inadvertidamente. Embora associasse mãe adolescente à irresponsabilidade, hoje tenho outra opinião. Conhecendo um pouco mais as diferentes realidades brasileiras, me compadeço com mãe adolescente me colocando no lugar dela… e de seus pais.
Descobrir a raiz do problema da gravidez precoce e indesejada passa por discutir inúmeras variáveis, dentre elas a da educação, dentro e fora de casa. Ainda que o trabalho esteja sendo feito, tornar-se mãe adolescente é um fato ainda recorrente. Diante das circunstâncias, contribuir com sua reinserção social é o plano pra transformar a dura realidade de ser mãe adolescente em perspectiva de futuro.
Ainda que difícil, o novo plano começa pela família. Pra que a jovem consiga redesenhar seu futuro com chances de sucesso, o apoio da família é fundamental. Talvez soe injusto esperar tamanho desprendimento e esforço mas, inevitável e invariavelmente, é com a ajuda familiar que mãe adolescente ganha chance de traçar novo caminho; o novo plano de vida fica mais viável.
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Terreno hostil, terreno fértil
Aprendi muito escutando a história de uma mãe adolescente. Extremamente carinhosa com o filho, relembrou o período difícil da descoberta e do anúncio da gravidez indesejada:
– Lembro da raiva que senti de mim. Fui burra, irresponsável, mas… saco! Fazer o quê? Já tinha feito a besteira. Precisava contar pros meus pais. Tive medo e vergonha… só eles poderiam me ajudar.
Atenta à história, perguntei afoita:
– E aí? O que aconteceu depois?
Logo contou as diferentes fases daquele período conturbado. Primeiro, relatou a raiva e as acusações mútuas; depois, a culpa, tristeza e a vergonha até que, fato imposto, aceitaram a nova realidade. Ainda entre mágoas e ressentimentos, trataram de planejar os novos passos necessários ao novo contexto. Juntos.
Daquele tempo até hoje, muito aconteceu. A gravidez seguiu sem complicações (contrariando algumas estatísticas) e os pais se dispuseram a ajudá-la na criação do filho “contanto que não desistisse de seu futuro apesar das dificuldades”, disse relembrando as palavras do pai.
Pra isso, retomou os estudos logo e com (mais) o apoio prático de colegas e professores, se formou. Mais que tudo, relatou que “sentir-se acolhida e segura naquele momento de fragilidade foi determinante pra perseverar, pra se reinventar”. O terreno hostil se transformou em terra fértil de novo, “graças ao apoio da família”, segundo ela.
Desenhando um futuro… melhor
Conhecer a história daquela mãe adolescente mudou minha opinião sobre gravidez precoce e indesejada. Não que encare o fato com naturalidade mas deixei de julgar e sentenciar jovens mães à perda de um futuro. Surpreendentemente, aprendi que cada história e realidade diferente é um futuro redesenhado em que a família ajuda a torná-lo possível.
Diante dessa lição, cada vez mais me convenço de que amor incondicional de mãe é o bem maior capaz de encontrar saídas e transformar histórias potencialmente fadadas ao insucesso em novas possibilidades de superação. Sem garantias, sigo descobrindo que lidar com adolescente é aprender a ser melhor todo dia e uma forma de, a cada dia, (re)desenhar um futuro melhor.
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