Maconha na adolescência sem fantasia
Cresci com amigos que fumavam maconha na adolescência. Uns mais, outros menos, mas sempre tinha algum bad boy (era assim que o víamos) na roda. A turma sentia uma mistura de medo e admiração por aquele transgressor que parecia maduro o bastante para fazer o que quisesse.
Seguro de si, quem fuma maconha insiste em dizer-se dono da situação: “Fumo porque gosto; paro quando quiser.” “Dependente, eu? Maconha não vicia, bobão!”, dizia um da minha turma reforçando seu autocontrole e pretensa maturidade.
Quando adolescente, não me importava de ver e conviver com os fumantes. A imaturidade adolescente os tornavam história pra contar na turma. Mas, como mãe, não tive escapatória: precisava me posicionar sobre o assunto para orientar filho adolescente.
Conheço fumantes de maconha que seguiram a vida e outros que, como “parados no tempo”, fracassaram em seus projetos influenciados pela droga. Diante disso, abandonei as fantasias sobre o uso “ingênuo” da maconha na adolescência para concluir: definitivamente, não vale o risco.
Influenciar filho adolescente é preciso
Um dia, passando por uma praça, meu filho me alertou com ar de autoridade:
– Mãe, sente esse cheiro. Sentiu? É maconha.
Surpresa com o pronto (re)conhecimento e notando certo orgulho por isso, perguntei como sabia disso ao que me respondeu:
– Ah, mãe, fala sério! Vai dizer que não sabe como é cheiro de maconha?! Saco! TODO MUNDO conhece cheiro de maconha!
Assustada com o fato da droga fazer parte da roda do filho adolescente (santa ingenuidade a minha!), precisei fundamentar minha opinião e muito cuidado para influenciá-lo em vez de afastá-lo com minha crítica.
Leia também: Como lidar com poder e autoridade.
Tentar orientá-lo sobre o assunto poderia se tornar um tiro no pé. No artigo Influência na adolescência, discuto o jovem que quer ser influenciado, não mandado.
Pra isso, evitei as ciladas dos sermões e discursos; precisava influenciá-lo a não correr riscos desnecessários.
Comece pelo começo
Primeiro, me desapeguei da experiência que tive quando adolescente: aquela opinião romantizada e imatura sobre o uso da droga não cabia mais. Acreditar que “maconha não vicia” (frase que ainda resiste ao tempo) é um risco que não queria para filho adolescente.
Pesquisas e diferentes opiniões sobre o assunto me ajudaram a ponderar: contra fatos, não há argumentos. O risco de dependência existe e, por si só, já bastava como recurso para influenciar filho. A ingênua frase de autocontrole sobre o uso da maconha seria, finalmente, combatida… com informação!
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Eis alguns dos fatos que escolhi para influenciar filho adolescente e contribuir com sua escolha consciente:
1- Maconha é droga aditiva (aprendi lendo!)): diferente do fumo e do álcool, não causa ânsia fisiológica mas dela mesma; o organismo não reclama ou precisa dela. Ela pode se tornar uma necessidade que pode virar compulsão e afetar o comportamento do adolescente. Portanto, não necessariamente causa dependência; ela pode sim causar dependência.
2- Pode formar fracassados (vide entrevista de psiquiatra): a aparente preguiça provocada deixa o usuário à deriva. Sob o argumento de relaxar e desestressar, “fazer nada” se torna rotina que, aliado ao item anterior, pode causar um estrago: abreviar e até cancelar o futuro do usuário. Portanto, pode sim desviar e até destruir a vida do sujeito.
3- É desperdício de tempo: usada para “passar o tempo” ou em momentos de depressão, angústia e ansiedade, impede e, por consequência, incapacita o sujeito de lidar com problemas, fato inerente à vida. Portanto, pode sim, se tornar uma válvula de escape sob um preço bastante alto.
Discorreria ainda mais sobre vários outros riscos trazidos pelo uso de maconha na adolescência, tais como violência e marginalidade; sem falar do risco de evolução a drogas mais destrutivas com altíssima perspectiva de morte e até suicídio. Mas, consciente dos riscos de afastá-lo em vez de aproximá-lo, achei mais frutífero (e sábio) começar pelo começo.
Maconha na adolescência não vale o risco
Chegado o momento de me posicionar sobre o uso da maconha na adolescência, me preparei. Lidar com esta realidade como mãe de adolescente me fez perceber que a imaturidade da fase é um prato cheio para fisgar jovens vulneráveis a opiniões e campanhas enganosas (e infundadas) sobre o tema. Leia também Tabagismo na adolescência.
Fazer sermões ao filho só o distanciará ainda mais de sua opinião. É preciso exercitar diferentes formas para conversar sobre o assunto e ajudá-lo a refletir melhor sobre suas escolhas. Ainda assim, corro o risco de vê-lo embarcar nessa furada. Nunca temos garantias de nada; minimizamos riscos.
A forma adequada da conversa (aprenda algumas dicas de como aqui neste meu artigo) é crucial para plantar dúvidas sobre a idéia fantasiosa do uso da maconha. Portanto, abandone os sermões (lembre-se das dicas!), se informe e influencie o filho de que maconha na adolescência, definitivamente, não vale o risco.
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