Exercício que contribui com a formação da identidade do filho adolescente e auxiliam na introspecção na adolescência.
Adolescentes introspectivos, jovens observadores
Adolescência nos remete a boas descobertas: do primeiro (e vários outros) amores, dos amigos (“para sempre”), do sexo, do próprio corpo, da identidade. Dentre tantas descobertas, contudo, nos espantamos quando jovens demonstram momentos de introspecção na adolescência.
Rapidamente, rotulamos estes jovens de “estranhos”. A falta daquela esperada vivacidade na adolescência sinaliza algo “errado”. Pode até ser sinal de depressão na adolescência e é importante ficar alerta. Mas pode ser também momento de introspecção, de observar o mundo e a si mesmo.
Hoje, mãe de adolescente, não julgo mais os jovens tentando “encaixá-los” em estereótipos. Prova disso foi lidar com jovens introspectivos que, por sua característica observadora, me ensinaram na prática que “rótulos não nos definem”. Bem antes daquela propaganda de telefonia anunciar como novidade.
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Introspecção na adolescência contribui com a formação da identidade do jovem
Romantizamos demasiadamente a adolescência quando nos tornamos adultos. De repente, a difícil fase vivida na imaturidade dos poucos anos ganha um ar bucólico de uma época saudável vivida em grupo.
Para ser considerado um adolescente socialmente saudável, medimos sua interação com o coletivo, de preferência um coletivo grande. Quando adultos, descobrimos que os momentos de solidão são imprescindíveis para as descobertas que farão a diferença em nossa vida. Descobertas pressupõem momentos de introspecção propensos ao autoconhecimento.
Passei a valorizar momentos de introspecção na adolescência já adulta. A maturidade de mãe me mostrou a importância de cultivar o autoconhecimento desde cedo. Sendo a adolescência fase de formar a própria identidade, enxerguei com bons olhos os momentos de introspecção do meu filho. Descobri uma de suas maiores qualidades: a de bom observador.
Bem-vindo ao mundo real, meu filho!
A adolescência, definitivamente, não é esse mar de flores que bucolicamente recordamos quando adultos. É fase transitória, uma espécie de “limbo” entre o mundo infantil e adulto em que o jovem não sendo mais criança ainda não assumiu seu espaço como adulto.
Nesta fase, os estereótipos surgem como uma tentativa de encaixar os diferentes perfis em modelos que facilitem o convívio. Injusto pensar que filho adolescente precise escolher um deles para se sentir confortável em uma fase de tantos desafios. Dentre eles, o de se descobrir.
Repentinamente, mudamos de cidade. Naturalmente, meu filho ingressou em nova escola no meio do ano letivo. Inevitavelmente, teve que se adaptar ao novo ambiente, se ajustar à nova dinâmica escolar, encontrar seu novo círculo de amigos. A reconstrução de sua rotina não foi fácil e o admiro mais ainda por ter conseguido este feito.
Antes disso, certo dia, chegou em casa tristonho e desabafou:
– Não sei porque o Tato não gosta de mim! Não fiz nada prá ele e vive me zoando, procurando briga! Tudo que faço ou falo, me zoa, provoca. Não sei até quando vou aguentar isso. Que saco!
Intrigada, quis saber um pouco mais. Contrariado, me contou sobre os conflitos vividos, típicos de situação em que “garoto-popular testa o novato-recém-chegado”. Todos conhecemos estes estereótipos, certo?
Conhecendo (e tendo vivido) os típicos personagens da adolescência, nos afligimos de como nossos filhos lidarão com as situações de conflito na escola. Afinal, é onde tudo acontece, é onde o teste da vida começa.
Dividida entre buscar a coordenação para conversar e minimizar a questão, optei por conversar com meu filho. Por mais que doesse vê-lo, ouvi-lo e imaginar seu sofrimento sem tomar uma atitude mais drástica e imediata contra seu algoz, precisava agir com sabedoria; precisava ajudá-lo a encontrar recursos próprios para lidar com aquela situação.
“Bem-vindo ao mundo real, meu filho.”, pensei com o coração apertado.
4 Questões iniciais para descobrir quem sou
Lembrei-me do bullying que vivi na adolescência e como a situação se desfez. Hoje sei que foi resultado de resiliência, autoconfiança e apoio materno, frutos de diálogos que plantam sementes de autoconhecimento.
Por experiência própria, não hesitei em promover as 4 Questões Iniciais Para Descobrir Quem Sou:
1- Sou… :(mostrará como você se vê com qualidades, defeitos e preferências)
2- Minhas qualidades são…: (sob seu ponto de vista, mostrará características que te atraem)
3- Meus defeitos são...: (sob seu ponto de vista, mostrará características que NÂO te atraem)
4- Gosto quando estou com pessoas que são..: (mostrará sua zona de conforto)
3- Não gosto quando estou com pessoas que fazem…: (mostrará sua zona de DESconforto)
Por mais profundas ou até difíceis que possam parecer, acredite: são questões básicas de autoconhecimento. Infelizmente, não temos o costume de parar para nos observar e descobrir quem efetivamente somos ou queremos ser.
O exercício exige introspecção. Promovê-lo é trazer ricas informações sobre a identidade de cada um. A cada resposta, entendemos um pouco mais sobre quem somos e como funcionamos. Portanto, ao perceber momentos de introspecção na adolescência já não rotulo. Tento potencializá-los.
O exercício que ajuda a rascunhar a própria identidade na adolescência
Não hesitei em acolher a frustração do meu filho. Ao mesmo tempo, reforcei-lhe suas qualidades. Importante relembrar o porquê de sermos especiais aos olhos do outro com objetividade. E isso só acontece quando enxergamos e aceitamos o outro como é.
Ao entrar em contato consigo mesmo, meu filho buscou respostas àquelas questões. Como eu adolescente ele não sabia, mas começava a “rascunhar” sua identidade e a descobrir recursos próprios para enfrentar seus próprios desafios.
O tempo passou; dias bons e ruins vieram. Outras conversas, vários ajustes e novas tentativas foram necessárias. O desafio foi grande mas proporcional ao desejo de vencê-lo de uma forma saudável.
Não subestime os momentos de introspecção na adolescência: Eles são ricos em aprendizado
Descobrir-se é exercício pra vida toda e começa cedo. Cabe a nós, pais motivar filhos a se perceberem desde a adolescência, fase em que as rédeas de sua vida começam a lhes ser entregues.
A partir da conscientização de suas qualidades e defeitos, forças e fraquezas, meu filho foi encontrando saída para seus conflitos. E isso só é possível exercitando momentos de introspecção na adolescência.
Curiosamente, os dois se tornaram amigos mais tarde. Ainda que sequer tivessem se tornado próximos (ou se afastado de vez), meu filho aprendeu que apesar dos estereótipos, os momentos de introspecção na adolescência são ricos de aprendizado e observação de si mesmo. Nunca mais subestimou os “estranhos” da turma.
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[…] de mãe de adolescente perdoa as intempestivas mudanças de humor, o distanciamento repentino, a introspecção solitária, a negatividade assustadora, a irritação despropositada, a crítica ácida, a reatividade […]
[…] Rasos e sem tempo para isso, perecemos no perene ostracismo e nos tornamos “nanicos espirituais” limitados ao mundo material. Freneticamente envolvidos em atividades, afazeres e responsabilidades, nos distanciamos de nossa essência negligentemente desatentos à sua vital importância. […]