Ai que mêda!

Pensando sobre responsabilidades do adolescente.

Tempos atrás, recebi uma destas piadas que viralizam na internet que me fez rir muito: tratava-se de um filho que, recém-casado, notou com “estranheza” que não encontrava mais suas roupas devidamente passadas e arrumadas no armário, que suas cuecas não mais se encontravam disponíveis em tempo de usá-las (não quis nem pensar o que ele fazia para remediar esta falta), que a mesa de café-da-manhã não mais o aguardava antes de sair para o trabalho, que sua cama se mantinha desarrumada após o uso, mesmo após um dia todo fora de casa. E concluía dizendo:

Responsabilidades do adolescente: “na casa de mamãe não era assim…”

Recordando agora, não me soou tão engraçado como na ocasião. Talvez pelo fato de ter-me deparado com uma cena que me remeteu à possível causa dessa “estranheza”.

Não são poucas as vezes que mães de adolescentes reforçam regras “básicas”, responsabilidades do adolescente (não necessariamente entendidas como tal) sobre organização doméstica; afinal, as coisas não se guardam/arrumam sozinhas (básico, não?), há de haver ALGUÉM para arrumá-las. O que se abre, deve ser fechado; o que se tira do armário (sem trocadilhos), deve ser guardado; quando se abre a geladeira (aaaahhh, a geladeira!!), é para retirar (e guardar!) algo. De novo, básico, não?! Nem tanto para o “ser adolescente” em fase de desenvolvimento. Sim, porque prefiro acreditar que se trata apenas de uma questão de imaturidade e que, em breve (quando????), a evolução mostrará que a resiliência materna dará seus frutos… me sinto mais acolhedora pensando assim, confesso.

Surpresa foi ver que o convite aceito rendeu uma cozinha detonada: pratos e potes sujos, cascas de ovo sobre a pia, lata de sal aberto sobre a mesa…como um único preparo pode causar tamanho estrago? Da cozinha mesmo, exclamei: ” você deixou tudo fora do lugar!”. Desnecessário lembrar o que ouvi de volta: “Mãe, você é um saco! Fiz ovos mexidos e você ainda reclama?”

Hoje revisito a piada com uma leitura diferente, ciente de que a tal “fase de desenvolvimento” traz junto o risco de se perpetuar e se tornar uma característica crônica do meu futuro adulto, tal qual a piada. Que a tal “estranheza” do novo marido podia ser, de fato, real.

Talvez pela falta de senso das responsabilidades do adolescente.

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A verdade é que, sim, na “casa de mamãe” era diferente porque se passava na fase da evolução do ser adolescente regada com muito amor e paciência (não necessariamente nesta ordem) e, hoje, deveria ser o tempo de colher “aqueles” frutos tão esperados.

Portanto perseverem, mães de adolescentes, para que, piadas como esta sejam, de fato, motivo de risada…ai que mêda!