Aprender é condição inexorável e contínua
Muito se discute o mal que a tecnologia faz à atual geração e o quão “doentes” nossos jovens se tornaram por conta do vício digital. Porém, culpar a tecnologia pelo mal relacionamento entre pais e filhos é inverter a ordem dos fatos; talvez até, uma tentativa de justificar a distância estabelecida entre eles antes do vício se estabelecer.
O adolescente experimenta estágios de interesse anteriores ao vício que pais, muitas vezes, ignoram. Seja por desconhecimento, “pré” conceito ou desinteresse, pais só notam o problema (seja ele qual for) depois de instaurado. No caso da era digital, não é diferente.
Em uma roda de mães de adolescente, discutimos o tema e foi surpreendente notar o discurso clichê “a tecnologia está destruindo a nova geração”. Infelizmente, a arrogância e o desconhecimento levam pais a opiniões preconceituosas; em vez de despertarmos para as diferentes variáveis envolvidas na educação dos filhos hoje, replicamos opiniões superficiais.
Sem perceber, damos um tiro no próprio pé: afinal, deveríamos ser os primeiros a conhecer filho adolescente e a nos empenharmos em entender o mundo atual pra um melhor convívio com nosso jovem. Se a era digital complicou, que nos capacitemos então. No jogo da vida, aprender é condição inexorável e contínua; inclusive a pais de adolescente.
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Relacionamento entre pais e filhos sem preconceito
Quando criança imaginava que, adolescente, filho me daria um “respiro”. Que a gradual autonomia conquistada me devolveria o tempo e a tranquilidade perdidos quando mãe de bebê. Ledo engano. As exigências só mudaram: enquanto ganhava autonomia, minha preocupação crescia.
Parte da mudança foi aprender e praticar diferentes abordagens com filho agora adolescente. Para manter-me conectada a ele e cumprir minha responsabilidade de formar adulto saudável precisei, antes, entrar e aprender sobre o mundo dele o que, inevitavelmente, me levou ao ambiente digital.
Especialistas e educadores concordam: o advento tecnológico é novo demais pra contarmos com uma receita de como educar filho adolescente na era digital. De fato, o equilíbrio que tanto buscamos no relacionamento entre pais e filhos adolescentes ainda é uma incógnita; só nos resta, no momento, testarmos guiados pelo bom senso individual.
Isso porque a régua é diferente pra cada um. Por isso mesmo, saber a medida certa é questão discutível. Enquanto há quem se utilize da tecnologia pra distrair filho desde pequeno, há quem abomine eletrônicos. Como extremos normalmente não são bons parâmetros, não me furto de testar diferentes possibilidades que, invariavelmente, começam por me despir de preconceitos.
O inimigo pode virar aliado
Vivi a angústia de não encontrar o tal “equilíbrio” no uso da tecnologia em casa. Como todo adolescente da era digital, filho mais parecia viciado, o que, por consequência, me fez parecer mãe neurótica. Culpando o vício tecnológico pela mal relacionamento entre pais e filhos, vê-lo absorto no mundo virtual me levava a fazer sermões, reclamar e, até, proibir (sem sucesso) o uso de equipamentos.
Depois de inúmeras e (infrutíferas) abordagens, o relacionamento se tornou impraticável. Inevitavelmente, fui forçada a me abrir para novas possibilidades. Não bastava adotar novas abordagens com a mentalidade preconceituosa e inviesada que tinha sobre a era digital: precisava conhecer o “inimigo” pra vencê-lo.
Assim fiz: me desapeguei das verdades absolutas sobre o vício digital e “ingressei” no mundo virtual com a ajuda do filho. Apresentada ao seu mundo, nos reconectamos: conhecendo seus interesses, o desvendei e passei a ajudá-lo em sua profunda transformação.
Mais que vencer o inimigo digital, o recurso virou aliado na desafiadora missão de mãe de adolescente. Como pais, o trabalho continua árduo e, na era digital, mais complexo. Porém, proporcionalmente mais incrível se nos dispusermos a aprender continuamente.
Independente da era e dos recursos, filho adolescente continua precisando de pais presentes e genuinamente interessados em se relacionar com ele. Façamos a tecnologia, então, nossa aliada pra isso; sem preconceitos e com equilíbrio, encontramos o caminho.
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