ceder a filho adolescente

Como NÃO ceder a filho adolescente e lutar a batalha que vale a pena

by Xila Damian

Batalhas virando guerras fadadas ao fracasso

Sustentar minhas decisões e não ceder a filho adolescente começa por escolher a batalha certa pra lutar. Surpreendentemente, posicionamentos contrários ao do filho acabavam em discussões sem nexo e inúteis com argumentações intermináveis. Assim, pelo cansaço, filho me vencia.

Frequentemente cedia à pressão do filho o que, com o tempo, escancarou o efeito manipulador e permissivo da nossa dinâmica.  Inicialmente firme nas decisões “inegociáveis”, sucumbia aos seus argumentos pra negociá-las sob uma nova perspectiva: a dele. Inesperadamente, já estava lhe dando controle para conseguir o que quisesse da maneira errada.

Enquanto mudava minha decisão com frequência, perdia batalhas que se tornavam progressivamente permissivas e ganhavam proporções de uma guerra fadada ao fracasso. Em suma, a flexibilidade exagerada estava tornando filho adolescente emocionalmente incompetente a frustrações e limites.

A mudança começou em mim

Um dia, recebi a mensagem por zap:

– Mãe, posso faltar o inglês hoje, só hoje? Tenho prova amanhã e preciso estudar mais…

Solidária, concordei. Semanas depois, novo pedido: agora pra faltar o treino. Com a mensagem anterior ainda fresca na memória, desconfiei do pedido mas ainda assim, permiti. “Está  preocupado, quer se dedicar mais à prova”, falava comigo mesma tentando me convencer de que a decisão era acertada.

Contudo, fiquei alerta e, de fato, notei que a justificativa do filho durava pouco. Depois de um breve tempo de “estudo pra prova”, filho se voltava a outra atividade bem diferente (e claramente mais prazerosa) que os estudos.   De fato, alguma coisa precisava mudar e, nesse caso, começou por mim.

Não mais vencida pelo cansaço

As (rer)conhecidas investidas ficaram frequentes e a dinâmica manipuladora ganhou força até tornar a exceção em rotina. Mais do que nunca, não ceder a filho adolescente se tornara uma batalha da qual não havia escapatória.  Pra isso, precisava retomar o controle da situação antes que virasse guerra.

Decidida, naquele dia o surpreendi respondendo diferente ao pedido:

– Filho, sinto muito se não estudou o suficiente. Da próxima vez, planeje-se melhor. Agora cumpra com suas responsabilidades e lide com as consequências: vá ao inglês e faça a prova com o que souber.

Tal qual uma rajada de tiros, mensagens desaforadas em réplica:

– Mãããe! Só hoje! Não entende que preciso estudar pra prova? Se tirar nota baixa, vai ser por sua causa!

Disposta a encarar a batalha e firme na decisão, me mantive pacientemente muda até reconhecer o fim daquela previsível reação:

Mãe, você é um saco!

Não ceder a filho adolescente sobre meus “inegociáveis” me custou paciência e determinação pra escutar as argumentações e reclamações sem margem a discussões inúteis.  Ainda assim valeu a pena porque o resultado foi igualmente compensador: filho aprendeu a não só o senso de responsabilidade mas também a não me vencer pelo cansaço; pelo menos sobre meus inegociáveis.

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Como não ceder a filho adolescente

Manter-me firme em uma decisão inegociável me deu a canseira de lidar com desesperada tentativa de me vencer pelo cansaço. Como em exercício de guerra, aprendi a me blindar, resistir e matar o assunto, adotando atitudes práticas pra sustentar e não ceder a filho adolescente em decisões inegociáveis:

1- Ao negar o pedido do filho, lhe dei meus motivos, justificando-os honesta e brevemente; além do direito que tem de saber o porquê da recusa, lhe demonstrei respeitosendo breve!

2- Nessa batalha, recebi tiros, tentativas desesperadas de mudar minha decisão. Escutei os argumentos do filho respeitosamente (mesmo não querendo); afinal, é também direito dele argumentar e tentar me convencer a mudar de ideia;

Tudo bem se quisesse mudar de opinião, mas pressupondo que estou falando sobre uma decisão inegociável, segui firme:

3- Reforcei minha posição sem delongas ou desdobramentos sobre o que já havia  sido dito. Mantive-me decidida e aguentei (calada, parte difícil!) os novos tiros que vinham até o ataque cessar.

Com efeito, filho adolescente ouve recusas como ofensa. Portanto, aja com sabedoria e consciente de que educar passa pela impopularidade de se manter firme sobre decisões inegociáveis e pela necessidade de se blindar contra tiros.

Dividindo o ônus (e o bônus) das batalhas

Como mãe, vivo batalhas constantes pra não ceder a filho adolescente em situações que, pra mim, importam.  Não que a mudança de opinião seja problema, mas a frequência e o modo de convencimento tornavam filho extremamente permissivo e eu, notadamente, vulnerável e contraditória.

Ainda que filho ainda arrisque pedidos similares, eles se tornaram esporádicos.  Inegavelmente, consegui retomar o território e assumir controle em tempo de fincar bandeira sobre meus inegociáveis.  Enquanto hoje dividimos o ônus de avaliar as batalhas que valem a pena lutar ganhamos também o bônus de viver sob muito menos tiros.

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