A importância de ter abertura e realmente dialogar com adolescente.
Conflito de gerações e o uso de frases clichês vividos pela personagem Heleninha aumentam a distância entre mãe e filho
Se você é noveleira, conhece a personagem Heleninha, mãe do adolescente Yuri, papel vivido pela competente atriz Totia Meireles na novela A Força do Querer. Se não for noveleira, tudo bem, você vai me entender do mesmo jeito.
Heleninha é a típica mãe de adolescente que não enxerga seu filho. Vivendo o conflito de gerações e repetindo frases clichês, Heleninha cada vez mais se distancia do filho Yuri. Cega e frequentemente irritada com sua “obsessão pelo celular”, insiste em reclamar a atenção que não recebe. Seu comportamento chato e repetitivo a afasta ainda mais de seu filho que passa a fugir das interações com a mãe; o abismo entre mãe e filho só aumenta.
A falta de diálogo faz mãe e filho seguirem suas vidas afastados ainda que vivendo sob o mesmo teto. Sob a pecha “ele não larga esse celular” ou “me recuso a falar com você por celular”, Heleninha não nota que ela também se tornou inacessível ao filho adolescente. Culpando a tecnologia pela dificuldade de lidar com o filho, Heleninha permanece na sua zona de conforto e assiste aflita a adolescência passar sem tentar uma nova abordagem capaz de mudar sua história. Cada dia ausente da vida de seu filho adolescente, o abismo entre eles se consolida.
Dialogar com adolescente: Mudando a mim mesma para mudar a história com filho
Como mãe, sabemos a dificuldade de encontrar um caminho de como dialogar com filho adolescente nesta fase. Seja pela alergia temporária adquirida pelos pais, seja pelos poucos assuntos comuns, adolescentes naturalmente se fecham em seu mundo de interesses onde habitam seguros e com autonomia. De preferência, sem nossa presença.
Encontrar meios de como dialogar com filho adolescente demanda esforço dos pais. A começar por demonstrar interesse genuíno por seu mundo, o que Heleninhas não fazem. Ao contrário, Heleninhas se entregam à comodidade e ao falso entendimento de que ter vivido a adolescência as habilita a saber lidar com filho adolescente e adotam atitudes que nada ajudam nessa aproximação.
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Certo dia, uma amiga-mãe-de-adolescente desabafou magoada:
– Ele finge não me ouvir e faz só faz o que quer! Nada que peço, é feito! Ele quer me testar, mas comigo não! Quando chego ao meu limite, mando mesmo e pronto! E ainda tenho que escutar “Mãe, você é um saco!“.
Que adolescentes não escutam, fazem o que querem, reclamam e sempre tem argumentos, já sabemos. Que, por outro lado, mães pedem, mandam, reclamam e reclamam e reclamam, também sabemos. Certamente daí surgiram as caricaturas de “mãe e filho adolescente” que conhecemos: dentre elas, as Heleninhas.
Porém, este típico perfil de mãe e filho me incomodava; definitivamente, esta não era a mãe que queria ser. Decidi sair do meu comodismo e abandonei as frases clichês; deixei de lado justificativas do “é a fase” e mudei a estratégia para aprender como dialogar com adolescente. Comecei dando eu mesma o primeiro passo para mudar.
Descobri o caminho para ser a mãe que queria ser
Lembro que, na ansiedade de educar meu filho adolescente, qualquer assunto se tornava oportunidade de dar conselhos e lições de vida. Facilmente abria um parêntese para me aprofundar sobre algo e, subitamente, a conversa acabava. Não por acaso, meu filho passou a me evitar. A natural distância “típica da adolescência” aumentou e a conexão se desfez.
Em nome de dar o exemplo, havia me tornado a mãe chata, repetitiva e desinteressante: a Heleninha! Ao perceber esta mãe que não queria ser, acordei para o abismo estabelecido e decidi agir: novos resultados demandavam nova estratégia. Assumi a responsabilidade de buscar novos caminhos que me reconectassem ao meu filho. Não queria mais desperdiçar os momentos únicos e incríveis que a adolescência tinha a me proporcionar.
Sempre acreditei na frase “atitudes falam mais que palavras”, mas foi praticando que aprendi, de fato, o significado dela. A prova disso é que mudei minha atitude para resgatar a conexão perdida.
Aprendi a ouvir mais do que falar, a perguntar em vez de mandar, a de fato conhecer os interesses do meu filho adolescente ainda que, neste caso, me exigisse esforço redobrado. A contrapartida não podia ser melhor: resgatei meu filho adolescente para o convívio familiar; voltamos a fazer parte da vida um do outro. O esforço valeu a pena!
Redescobri o sorriso que pensei ter perdido, conheci a paciência que pensei não ter, descobri o humor que pensei não existir; enxerguei, por fim, o meu filho adolescente com quem ansiava me conectar. Finalmente, descobri o caminho para ser a mãe que queria ser.
Para viver a desafiadora jornada da adolescência, Heleninhas só atrapalham
Heleninhas são acomodadas, chatas, cegas. Pecam por perder a incrível oportunidade de desenvolvimento que a adolescência oferece e que torna o esforço de ser mãe e dialogar com adolescente recompensador.
Mães Heleninhas reclamam e esperam a fase da adolescência passar; mães conscientes se esforçam para aprender como dialogar adolescente e acompanhá-lo nesta fase. Ela está presente de fato.
Neste contínuo aprendizado sobre como dialogar adolescente, mães descobrem a vida sem receitas, mas com inúmeras possibilidades. E, para viver esta maravilhosa e desafiadora jornada, Heleninhas só atrapalham.
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