Emoções na adolescência: 5 passos para ajudar seu filho a lidar com elas.
O exercício deve começar cedo
Ajudar filhos a gerir suas emoções na adolescência é contribuir para a formação de adultos emocionalmente competentes. Lidar com as emoções nesta fase tão inconstante é exercício de aprimoramento contínuo. Na adolescência, cabe aos pais ajudar filho nesse exercício. Para o bem dele; para o bem de todos.
Mãe de adolescente de temperamento sanguíneo, precisei buscar meios de alertá-lo para o risco de se tornar um sujeito descontrolado emocionalmente, o que lhe traria muitos problemas em suas relações hoje e no futuro. Considerando sua imaturidade emocional, precisei relevar seu pouco interesse no assunto e me encher de paciência e conhecimento para ajudá-lo a lidar melhor com seus rompantes em benefício próprio.
Antes disso, precisei eu mesma dar o exemplo. Precisei mudar meu comportamento. Nessa mudança, aprendi o processo de busca do equilíbrio emocional. Conscientizei-me do meu temperamento, dos meus gatilhos e fiquei alerta para evitar ciladas. Mudar um comportamento é muito difícil; pior quando adulto, depois de internalizado um padrão. Começar o exercício desde cedo, então, virou uma necessidade.
Emoções na adolescência: A incompetência emocional sabota a razão
Ensinar os filhos a gerir suas emoções na adolescência é exercício para pais também. Afinal, não é fácil conter o ímpeto da reatividade, do “troco”, do extravase. A maturidade ajuda mas não resolve a questão de como lidar com as adversidades da vida e as emoções provocadas por elas. É preciso aprender, desde cedo, a conhecer o próprio temperamento para saber lidar com as situações com (um mínimo de) equilíbrio.
Tentava convencer o filho a reagir diferente depois de uma explosão de raiva, o que não adiantava grande coisa: falar não bastava; precisava ensinar como fazer.
Em uma das situações, ele me respondeu imediata e rispidamente:
– Fácil prá você, né, mãe?! Eu tenho razão de não ter que arrumar o banheiro que o mané do meu irmão deixa imundo mas acabo fazendo porque ele é um folgado! Já falei mil vezes e ele não entende que eu também tenho direito de encontrar o banheiro limpo! Aí reclamo e todo mundo cai em cima de mim. Saco! Muito injusto!!
Tinha razão de estar fulo da vida, de se sentir injustiçado. Mas isso só aconteceu porque ele não sabia mais como lidar com aquela situação recorrente. Não tinha recursos para argumentar racionalmente em seu benefício e mudar a situação. Por isso, esbravejava: extravasava sua incompetência emocional e perdia a razão.
Como lidar com as emoções na adolescência
Foi quando decidi ajudá-lo a ganhar consciência de sua atitude pouco eficaz. Não só uma tentativa de mudar a situação mas, principalmente, de ensiná-lo a defender seus pontos com equilíbrio emocional.
Trabalhei os 5 Passos de Como Lidar Com Suas Emoções em Situações Adversas:
1- Aprenda a reconhecer seus gatilhos mentais. Identifique-os para agir antes de explodir;
2- Antevendo uma reatividade, saia de cena. Evite confrontos no calor da emoção;
3- Respire, restabeleça o curso natural da respiração, areje a cabeça; Ocupe-se de algo diferente por instantes para dissipar a raiva;
4- Passada a emoção, traduza seu sentimento em relação ao ocorrido. Com calma! Ex.: “me sinto injustiçado por encontrar o banheiro sujo quando vou usá-lo” ou “sinto raiva de ter que organizar a bagunça do outro” ou “me sinto desrespeitado por ele não considerar que também uso o mesmo banheiro”, etc.
5- Exercite possíveis abordagens (inclusive de tons de voz) para argumentar sobre fatos racionalmente. Eis que dará as razões de sua insatisfação e, ao outro, o ônus de consertar (ou não) o dano causado.
O exercício é difícil até para adultos, que dirá prá adolescentes! Requer uma boa dose de autoconhecimento… e paciência. A tarefa complica com os inesperados, involuntários e intensos rompantes de mau-humor em plena fase de formação de identidade! O desafio foi grande, mas não esperaria a fase passar vendo o filho errar tanto por algo já conhecido.
A busca da competência emocional é contínua
Ajudar filho adolescente a gerir suas emoções ajudou a aprimorar meu equilíbrio emocional também. A (tentação da) reatividade ainda me faz errar, confesso; mais uma prova de que não é fácil. Por isso mesmo, o exercício é contínuo e válido para todos: adultos e adolescentes.
Tomar consciência das próprias emoções e gatilhos mentais ajuda a reconhecer a zona de perigo e as ciladas da reatividade quando em situações de pressão e conflito. Tornar-se (e formar) adulto emocionalmente competente é desafio que levamos para a vida toda. Portanto, quanto mais cedo começar o exercício, melhor.
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