Dialogar com filho adolescente, a princípio, parece ser um bicho de sete cabeças. Mas… se te disser que não precisa ser, você acredita? Digo isso porque também pensei assim quando meu filho “virou” adolescente. Mas… mudei de opinião. Na verdade, a arte de dialogar é difícil em qualquer idade. Dependendo da situação, adultos também sentem a dificuldade do exercício no “mundo adulto”.
Por isso, vem comigo. Sou mãe de dois adolescentes e o desafio não só ficou duplamente mais difícil, como também mais instigante ao crescimento. De todos. A porta de entrada de um desenvolvimento saudável é o diálogo transparente e, ao mesmo tempo, respeitoso. Independente da idade, todos apreciamos relações maduras o que, invariavelmente exige, antes, pessoas adultas e conscientes.
Como dialogar com filho adolescente
“A silenciosa harmonia entre pais e filho adolescente pode ser sinal de perigo iminente”
Um amigo (e pai de adolescente) me disse certo dia:
– Conflito entre mãe e filho é ruim mas, pior do que isso, é não ter conflito.
Intrigada, pedi que desenvolvesse a ideia. Então continuou:
– Conflitos entre pais e filho adolescente são inevitáveis. Temos histórias e experiências diferentes. Portanto, é natural ocorrerem divergências e discussões. Meu medo maior é a harmonia silenciosa. Essa sim me assusta. O adolescente está inevitavelmente passando por uma grande transformação emocional e psicológica. Se os pais não participarem dessa fase de perto e adotarem uma postura “harmoniosa” de espera da fase passar, corre o risco de não mais reconhecer o filho lá na frente. Aliás, muitos pais falam isso: “não reconheço meu filho.” Isso sim é complicado…
Sua opinião me sacudiu para algo até então não pensado. Costumava reclamar dos conflitos vividos com meu filho adolescente, mas quando nos afastamos de vez, nos silenciamos acreditando ser o melhor. Cada um no seu canto, desempenhando o social básico e necessário, pouparia novos embates e mais problemas.
O modo automático me cegou de enxergar meu filho em nova fase
De fato, os conflitos que tive (e ainda tenho) com meu filho foram difíceis. Como dialogar com filho adolescente é mesmo desafiador, mas por isso mesmo, também pode ser de grande desenvolvimento. Para todos. A fase começa dando sinais. Discussões e conflitos ficam mais recorrentes e, por divergência de opiniões, uma nova e, às vezes insuportável dinâmica entre pais e filho adolescente se firma.
Sim, é nessa hora que finalmente entendemos: a adolescência chegou… e para ficar por um bom tempo. Inaugurado o período profeticamente anunciado por tantos como “impossível de lidar”, entrei no modo automático de pais resignados com a repetida fórmula de insucesso.
Então, cega e resignada, minimizava a transformação pela qual meu filho passava, acreditando que a mera espera seria capaz de dar-me as respostas de tantas mudanças. Na ocasião, a personagem Heleninha, mãe do adolescente Yuri da novela A Força do Querer, me sinalizou muitos erros.
Dentre muitos, uma se destacou: eu permanecia no papel de mãe com práticas infantis e incoerentes com a fase de amadurecimento de filho. Afogada em cobranças e, depois em reclamações, me tornei mãe controladora e repetitiva. O abismo gerado desta fraca relação ia, cada vez mais, me impedindo de enxergar meu filho de outro ângulo, sob outra ótica senão a de adolescente “difícil”.
Não à toa, também inauguramos a era das bufadas e viradas de olho… tal qual anunciado, de novo, por muitos. A novidade da era é que, agora, a frase mantra era outra:
– Mãe, você é um saco!
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Caindo a ficha de como dialogar com filho adolescente
A Heleninha da novela era eu. Inegavelmente, me reconheci nela. A ignorância sobre a fase, a repetição de comportamentos e frases feitas, o desinteresse pelo filho, tudo denunciava meu despreparo para a função de mãe de adolescente.
No modo automático, agia como a personagem: inconsciente, estava cega à transformação (natural) de meu filho.
– Então tá – disse para mim mesma- como fazer diferente então?
Disposta a não mais desperdiçar o tempo com meu filho em uma relação complacente e resignada, me dispus a mudar. Não sabia, contudo, que teria que me reinventar aprendendo, primeiro, como dialogar com meu filho adolescente. Lidar com adolescente causa mesmo ansiedade… em quem não sabe como fazer isso.
Não por acaso, famílias vivem um verdadeiro tsunami em casa por não entenderem que a transformação é de todos. Inclusive de pais. Por exemplo, no mundo adolescente, não existem verdades absolutas. Tudo é contestável, discutível.
Assumi a realidade. Deixei de lutar contra o fato. Entrei na dinâmica, primeiro por entender que seria a única opção para me reconectar com meu filho. Depois, por contatar que a chave do sucesso era exatamente mudar minha mente para novas possibilidades. O resultado foi diferente… e melhor: aprendi a lidar com o mundo também de forma diferente.
10 regras indispensáveis de como dialogar com filho adolescente
1- Promova conversa aberta, honesta e adulta sobre temas adultos, tratando seu filho adolescente como outro adulto, ainda que sob processo de desenvolvimento. Isso mostra confiança em sua capacidade de crescer.
2- Seja objetiva, use frases curtas e assertivas. Participe do diálogo sem se prolongar em “sub-temas”, digo, evite “parênteses” a cada frase. Isso mostrará clareza.
3- Esqueça críticas e julgamentos. Escute o filho adolescente contando algo sem emitir opinião. Permita-se se surpreender com a história. Firme empatia. Opine quando solicitado. Tudo isso mostrará seu respeito por ele.
4- Reconheça, elogie e reforce as qualidades de seu filho adolescente e nunca exponha seus erros em público. Críticas e correções só reservadamente, sem exposições desnecessárias que só constrangem. Isso mostrará reconhecimento e, antes de tudo, amor.
5- Assuma suas imperfeições. Você não sabe tudo nem é a dona da verdade. Permita-se aprender e mudar de opinião. Isso mostrará humanidade… e humildade.
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6- Ouça mais e fale menos (dica de ouro!!). Que rica é a experiência da escuta ativa e da abertura para novas perspectivas. Isso mostrará maturidade… e equilíbrio emocional.
7- Aproxime-se aberto/a a acolher filho adolescente como é: em formação de identidade, é natural que o filho experimente ideias e opiniões diferentes da sua (e de muitos outros). É saudável estimular seu raciocínio para diferentes visões e leituras sobre fatos e a vida. Sua autoridade permanecerá independente disso. Isso mostrará segurança… e acolhimento.
8- Seja flexível onde puder ser. Regras são como guia, ou seja, um farol na jornada, mas podem (e devem!) ser ajustadas quando necessário e melhor para todos os envolvidos. Portanto, aprenda a negociar com o filho adolescente. Competência de poucos e extremamente útil e necessária a todos. Isso mostrará maturidade e flexibilidade.
9- Use o tom de voz certo para dialogar com seu filho adolescente. Sei o quão difícil é, mas acredite: o tom certo é enorme aliado de uma boa comunicação. Se ajudar, lembre da Heleninha… e faça o contrário dela. Afinal, ela é chata demais! Isso certamente mostrará consciência e atenção ao que realmente importa: o diálogo saudável.
10- Identifique seu gatilho mental, aquele capaz de acionar sua impaciência. Aí então, fique atenta: evite as ciladas que, de tão comuns, se tornam corriqueiras e até desapercebidas. Elas te fazem afastar definitivamente da meta de como dialogar com filho adolescente. Isso, finalmente, mostrará consciência e auto controle.
A experiência de desenvolvimento mútuo entre mãe e filho adolescente
Enxergar filho adolescente como indivíduo é curiosamente difícil para mães. Somos apegadas à criança de outrora. Temos dificuldade de mudar de fase. Portanto, antes de tudo, te indico avaliar seu comportamento e suas emoções. Certamente descobrirá, como eu, que para se tornar mãe de adolescente precisa abandonar o modo automático para viver a fase de outra forma.
A criança já não existe mais e nem espera mais a mãe de respostas prontas. Agora, o filho anseia ajuda para viver o mundo de incertezas e difíceis escolhas do mundo adulto. Nesta fase, repetir velhas práticas só atrapalha e afasta mãe de filho. Exatamente quando precisamos estar ainda mais próximos dele.
Como diz o ditado “depois da tempestade, vem a bonança”. Vivi o medo e a insegurança de não saber como dialogar com meu filho adolescente para, depois, viver a satisfação de me reconectar com meu filho. Fiz diferente do apregoado por tantas gerações. Enfim.
Como lidar com a adolescência é mesmo desafiador. Dialogar com filho adolescente também. Comunicar-se é mesmo complicado. Até aos mais experientes exige esforço de aprimoramento. Certamente por isso seja proporcionalmente compensador: nos aperfeiçoa como seres humanos. Mais uma prova de que, ser mãe de adolescente, é exercício de desenvolvimento… mútuo.
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[…] cega e em pânico. Os conflitos diários causados essencialmente por má comunicação – que vai muito além do falar – e por valores mal praticados – que, de novo, vão muito além do ensinar – […]