A conta não é do filho
Passado dos pais é como uma bússola que ajuda a encontrar a direção a ser tomada com filho adolescente. Como guia, nos ajuda a tomar decisões repetindo boas práticas ou abolindo as más para evitar erros conhecidos. A experiência dos pais é, portanto, diretriz, não necessariamente modelo pra tudo. Assim, usufruo da minha com parcimônia e consciente de suas limitações.
No início da maternidade, repeti o modelo absorvido dos meus pais como único meio de educar filho. O exemplo, por vezes, me ajudou; por outras, atrapalhou. Enquanto usava o passado dos pais como manual repetitivo e inflexível, me privava de escrever uma historia nova com filho.
A bússola se tornara mera reprodução de um modelo passado dos pais. Junto com as boas e más práticas, erramos repetidamente porque não saldamos nossas dívidas com o passado. Optamos por repetir padrões de insucesso e apresentar uma duplicata a filho: permanentemente aberta e pesada, cobramos dele uma conta que não lhe pertence.
Repetindo o passado dos pais
Conheço um pai que, sob um relacionamento caótico com filho adolescente, repete o padrão vivido com pai. Claramente a má experiência lhe deixou marcas profundas que se tornaram conta aberta com o passado até hoje. Consciente (ou não), seu convívio com filho adolescente reflete a dívida pendente.
Certo dia, a esposa desabafou:
– Ele não conversa com o Zeca; só o critica: o filho nunca sabe de nada, não tem idade pra ter opinião, é preguiçoso… O pai dele foi igual: sempre o desdenhou. Fico pensando como posso cobrar atitude diferente se foi assim que aprendeu? É um saco porque me divido entre os dois sem saber o que fazer nem como ajudar.
Aquela mãe precisava agir. Ainda conseguia enxergar que a conta daquele mau relacionamento era injusta com filho. Mais do que justificar a atitude do marido, precisava sacudi-lo para saldar a dívida com o passado dos pais. Só então, seriam capazes de escrever uma nova e saudável história com filho adolescente; sem duplicatas.
Conta paga, novo legado
Guardo e prezo minha história como rica herança e sei que sou privilegiada por isso. Porém, independente da minha história, agora sou mãe e tenho consciência do meu dever de, pelo menos, tentar fazer melhor com filho. Humanos que somos, erramos; mas não podemos insistir no erro. Precisamos aprender com eles e buscar novos e melhores caminhos, principalmente com filho adolescente em fase de formação de personalidade.
Injusto crer que passado dos pais possa servir de justificativa para erros com filho. Assustador nos condenarmos a meros repetidores do passado dos pais para educar filho adolescente. A bússola está aí e precisa ser usada com parcimônia.
Más práticas não podem ser justificadas por más experiências vividas no passado. Ainda que o passado dos pais explique quem somos hoje, o exercício de aprimoramento continua, é dinâmico e demanda esforço pra superar amarras que insistem em nos paralisar.
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Por uma nova história com filho adolescente
Como pais é nosso dever escrever uma história nova com filho adolescente. A ele, damos créditos que o encorajem a crescer e se desenvolver de forma saudável. É nossa responsabilidade lhe apresentar modelos saudáveis pra que, diferente de nós, comece sua própria família zerado de pendências com o passado.
Pra isso, filho adolescente precisa de pais passados a limpo. Com a conta finalmente paga, o passado dos pais voltará a ser bússola que guia, não mais amarras de uma duplicata injustamente cobrada de filho adolescente.
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