Viver as transformações da adolescência na prática é privilégio de poucos
Dentre tantos desafios que a adolescência trouxe à minha vida, aprender como dialogar com filho adolescente foi o mais difícil de vencer. Vivemos conflitos típicos de quem não sabia como lidar com as diferenças. Tentava impor minha opinião sem considerar que ele poderia ter opiniões diferentes da minha.
Dividindo histórias angustiantes com outras mães, percebi que não era a única a viver esta relação conflituosa. Cansadas das malfadadas tentativas de dialogar com filho adolescente, mães e filhos vivem uma relação frustrante como algo normal da fase. Seria essa a tal transformação que a adolescência promoveria na vida do meu filho adolescente e na minha?
Inconformada com aquela dinâmica intolerante, busquei novos caminhos para uma conexão baseada no diálogo e no respeito às diferenças; estava decidida a viver a adolescência e as transformações que promovia no meu filho na prática em vez de simplesmente vê-la passar.
Aprender como dialogar com filho adolescente exigiu empenho e muita paciência mas valeu a pena: ganhei o privilégio de viver a transformação junto com ele o que, para muitas mães, é quase impossível.
A Mãe-general trouxe à tona o filho igualmente autoritário
Mães de adolescente facilmente incorporam o papel de mãe-general no seu dia-a-dia. Não foi diferente comigo. Movida pelo medo do que a adolescência me reservava. Tratei meu filho adolescente como minha extensão sem considerar que lidava com outro indivíduo, independente de mim.
No “modo automático” agi como a mãe-general sempre pronta a ditar regras e a cobrar resultados:
– Filho, você já fez o que te pedi? Por que não? Caramba, dá prá ajudar?
– Já falei prá você guardar suas roupas! Você já desceu com o cachorro?
Sem chance de estabelecer uma negociação ou sequer argumentar. Meu filho adolescente “deletava” minhas intervenções antes mesmo que eu as concluísse. Como que sabendo o que estava por vir, não se dava ao trabalho nem de me ouvir; só retrucava:
– Saco, mãe!
A conexão se perdeu. Não sabia como dialogar com meu filho adolescente e, agora, ele fazia questão de evitar interações comigo. Hoje percebo que, de fato, daquele jeito, não valia a pena nem tentar: só rendiam conflitos cansativos.
Naturalmente resistente à disciplina e às responsabilidades que a fase traz, meu filho adolescente passou a adotar atitudes igualmente autoritárias, a medir força comigo para realizar seus desejos imediatistas e adiar para nunca os deveres que lhe eram atribuídos. A situação ficou insustentável.
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A mãe autoritária me impedia de aprender a arte de dialogar com filho adolescente
Nunca gostei de rótulos e encaixar meu filho adolescente no de “igual a todo adolescente” me incomodava muito. Ainda que houvesse semelhanças típicas da fase, não podia admitir que a dificuldade de dialogar nos transformasse em caricaturas de mãe e filho adolescente.
Vivendo em um mundo onde as interações são cada vez mais rápidas e superficiais, a arte de dialogar é habilidade de poucos e eu não estava incluída nesse seleto grupo. Havia me tornado repetitiva e perdido a flexibilidade de manter um diálogo de opiniões construídas em vez de impostas.
Dia após dia, perdia a oportunidade de viver a incrível transformação que a adolescência promovia por não saber dialogar com meu filho adolescente. Cheguei a culpar a internet pela distância estabelecida entre nós, mas foi conhecendo seus interesses e descobrindo novas abordagens que encontrei o caminho para participar dessa importante fase de sua vida.
A culpa não é da internet
Consciente do ser único e independente que é e que a cada dia se transformava. Abandonei as frases pejorativas e atitudes autoritárias para enxergá-lo e respeitá-lo como indivíduo além de mim. A dinâmica começou a mudar.
Quando acordei para o bom diálogo, minha mente se abriu e me inspirei. Sem a pretensão de convencer, mas de trocar experiências e contribuir com o aprendizado do outro. Encontrei finalmente meios de me conectar com seu momento de vida.
Dialogar demanda tempo e, ao dedicar meu tempo para interagir com meu filho, saí do “modo automático” de mãe-general para viver o diálogo de troca. Não mais de ordens. O desejo de me conectar com meu filho me levou à conexão com pessoas indistintamente.
Conhecer seus interesses e respeitar as diferenças me transformou em uma pessoa tolerante. A habilidade de como dialogar com meu filho adolescente sem verdades absolutas permitiu que eu vivesse a incrível transformação da adolescência junto com meu filho.
Aprender como dialogar com meu filho adolescente foi o maior e melhor desafio
Antes mesmo de a adolescência chegar, somos alertadas sobre os desafios que a “difícil fase” nos reserva. Sem saber exatamente o que isso significa, adotamos rótulos e caricaturas de mãe e filho adolescente sem nos darmos conta de que contribuímos para tornar a fase ainda mais complicada do que já é. Tememos o diferente e nos fechamos ao diálogo.
Descobrir o caminho de como dialogar com filho adolescente me capacitou para a função maior de mãe que educa filho para o pensamento, para ser autor de sua própria história, não mais da continuação da minha.
De fato, aprender como dialogar com filho adolescente foi o maior dos desafios a vencer mas foi o que proporcionalmente trouxe mais resultados de crescimento para meu filho e para mim: trouxe conexão. Com a incrível transformação, ganhamos todos.
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