bullying na adolescência

Bullying na adolescência

by Xila Damian

Bullying na adolescência: Tragédias como a de Goiânia mostram que pais precisam ajudar filho adolescente a se tornar Indivíduo saudável em um mundo doente (URGENTE!)

Em mundo doente, todos doentes

Assistimos tantas tragédias ultimamente que me foge a conta das vezes que sinto o estômago retorcer, o coração apertar, as lágrimas escorrerem.   Quando envolve bullying na adolescência, tanto pior:  deprimo, temo, sinto como fosse comigo. Quão vulneráveis nos tornamos ao inimaginável, à desgraça do “outro”.

Como não falar do caso do adolescente de 14 anos de Goiânia que atacou colegas dentro de sala de aula matando 2 e ferindo outros 4.  Independente do motivo ter sido ou não bullying, me apavora a vulnerabilidade deste mundo doente que vivemos.

Assistir dramas surreais de famílias desconhecidas me aflige:  Quão suscetível estou ao mesmo infortúnio? Não tenho garantia de nada nem mesmo quando penso estar fortalecendo meu filho contra a prática de bullying na adolescência.

O rótulo de que “adolescentes de hoje estão doentes” é injusto.  Doentes estamos todos!  No mundo caótico de hoje, as relações humanas tem  sofrido rupturas profundas e irreversíveis. Tudo parece ruir ainda mais quando tragédias como a de Goiânia acontecem.

Educar filho adolescente é também fortalecer sua mente para lidar com as adversidades que sempre existiram

Ávidos por receitas para um bom relacionamento com filho adolescente, nos agarramos às práticas do passado para agir no hoje, buscamos atalhos de como educar filho adolescente, damos respostas prontas para lidar com as adversidades; negligenciamos o dever de  educar filho para o mundo.

O mundo é outro. Ainda que a experiência nos guie, não basta.  Educar filho adolescente é mais que dar conhecimento: é ensinar valores e fortalecê-lo emocionalmente para viver em meio hostil; é lidar com as adversidades que sempre existiram, inclusive a de bullying na adolescência, uma realidade suscetível a qualquer jovem.

Hoje, dramas familiares parecem não seguir uma lógica: tudo e qualquer coisa pode virar uma tragédia. Resposta enviesada, irritação no trânsito, brincadeira de mau gosto… tudo serve de estopim para um rompante de ira seguido de um profundo e irremediável desvio de rota na vida do adolescente.  Por tabela, na de todos ao redor.

Foi-se o tempo em que crimes como o de Goiânia era cometido só por “loucos”, bandidos sem nada a perder, desajustados sociais, desocupados sem metas de vida, frutos de família “problemática”.  Somos  aterrorizados por casos similares em número crescente, muitos motivados por bullying na adolescência.

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Fatores do mundo atual que contribuem para um mundo doente

O que mudou? Bullying sempre existiu e nem por isso éramos surpreendidos com casos extremos como o do adolescente que decidiu pelo caminho rápido e rasteiro de literalmente eliminar o “problema” matando os colegas.

Tentando traçar um paralelo do passado com o presente, noto um conjunto de fatores que contribuem significativamente para o mundo doente que vivemos hoje:

Era Digital em que relações são construídas na superficialidade e agilidade da resposta curta e objetiva; onde o contato virtual relativiza o pessoal; onde o “amigo” é alguém que você não necessariamente conhece.

Educação em que escolas são cobradas a entregar resultados pautados em rankings de vestibular, modelo do passado, ao mesmo tempo que buscam se ajustar à nova era (digital, rápida, dinâmica), ao novo perfil de jovens (objetivo, ágil, antenado), às necessidades de um mercado profissional totalmente diferente do passado (e cheio de possibilidades inimagináveis).  Onde, cada vez mais, o fator humano é preterido.

Perfil da Geração Z, extremamente digitalizada, rápida e interessada em novas possibilidades, por vezes, desconhecidas. Indivíduos emocionalmente frágeis e inseguros, nascidos em um mundo caótico, de famílias física e emocionalmente estressadas, cheias de culpa, medo e dúvidas.

Sociedade intolerante, intransigente, insatisfeita, explosiva, assustada e desgovernada e, por isso, perdida.

Sou defensora dos nossos jovens.  Discordo veementemente da idéia apregoada de que “estão doentes”.  Estamos todos e eles são os menos “culpados” disso. Ao contrário: são fruto de nossa própria doença. Que quadro assustador!

Não fujo da responsabilidade de ajudar meu filho a crescer emocionalmente saudável em um mundo doente

Diante desse cenário tenebroso, me resta atentar à fragilidade emocional de nossos jovens.  Longe de minimizar a prática, afirmo:  bullying na adolescência sempre existiu. Eu mesma sofri bullying na escola; conheço o medo, a vergonha, a impotência. Conheço outras “vítimas” também.

Porém, sofrer o que hoje chamam de bullying foi experiência de superação, de vencer a adversidade e criar a “carcaça” necessária para viver.  Infelizmente, hoje não é o mesmo.

Como não ver o mundo atual onde todos (e não somente os “adolescentes da geração atual”) somos emocionalmente doentes?  O mundo está doente.

Diante desta triste constatação, não fujo da responsabilidade de tentar mudar essa história.  Como mãe de adolescente, não me furto de buscar caminhos para ajudar meu filho a crescer mentalmente saudável ainda que o mundo doente em que vivemos insista em atrapalhar.

Começo por tentar fortalecê-lo emocionalmente sabendo que o mundo naturalmente lhe trará desafios a serem vencidos. Ele precisará de resiliência para suportar a pressão e garantir, não só sua própria integridade física e mental mas a do outro também.

Fortalecer meu filho adolescente para enfrentar os reveses da vida começa por estimular diálogo sobre como ele se sente: descobrir suas angústias e medos, ajudá-lo a conhecer e nomear  suas emoções.  Significa acolhê-lo, apoiá-lo, ajudá-lo a encontrar caminhos de como viver a difícil jornada da adolescência em um mundo doente.

Como fazer bullying na adolescência voltar a ser apenas uma chance de “Criar Carcaça”

Bullying na adolescência tornou-se causa de tragédias como a de Goiânia e tantas outras. Considerando que esta prática exista desde sempre, me assusta associar a frequência da tragédia à fragilidade emocional de nossos adolescentes.

Muito mais do que poderíamos imaginar, nos deparamos com a triste realidade de ver adolescentes estragando suas vidas por um descompasso emocional, atitudes (im)pensadas e desequilibradas por não suportar ou saber lidar com os desafios do mundo de hoje.

Muito se fala de “geração doente” mas pouco se discute nossa própria responsabilidade sobre esta realidade caótica, construída por nós antes de nossos filhos adolescentes.  Eles nada mais são do que frutos da nossa geração!

Não há como escapar do fato de que construímos o mundo que somos.  Para mudar este mundo doente, precisamos mudar nossa atitude intolerante e preparar nossos jovens para serem fortes para lutar, saudável e corajosamente, contra as adversidades da vida.

Acredito firmemente que precisamos abolir rótulos e caricaturas de adolescente; precisamos assumir o papel de pais de adolescentes que ajudam a formar indivíduos físico e mentalmente saudáveis. Aptos a enfrentar as adversidades com equilíbrio.

Quem sabe, então, bullying na adolescência volte a ser apenas o que foi um dia:  chance de “criar carcaça”.

1 Comment

  • Renata Silveira Franco 28 de outubro de 2018 at 13:24

    Sou caseira em uma escola estadual em são paulo e possuo transtorno de ansiedade generalizada, as vezes ouço alguns comentários de funcionários que me sinto até constrangida e me coloco na posição dos adolescentes que ali estudam, em um mundo onde várias frases acabam saindo por indiretas, complicado. Adorei seu blog.

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