Surdez de filho adolescente, vírgula!
Houve um tempo em que cheguei a pensar que filho adolescente tivesse problema auditivo. Várias vezes no vácuo de respostas, descobri não se tratar exatamente de alguma deficiência, mas de uma capiciosa audição seletiva. E mais: adolescente que não escuta pais é situação mais comum do que imaginava.
Uma espécie de “surdez transitória” parecia mesmo escolher hora para se manifestar. Curiosamente quando eu, a mãe, me dirigia a filho para lhe cobrar ou pedir algo. Como que munido de um detector de pedidos maternos, filho não respondia às minhas solicitações. A resposta era invariavelmente o contrário: silêncio o que sempre me levava à extrema irritação… para ser menos dura.
O corriqueiro hiato, na verdade, me irava e logo incorríamos em bate-bocas estúpidos. Cansada da maçante dinâmica, decidi buscar meios de reverter o conhecido quadro de pais de adolescente. Antes, precisei observar as situações a fim de descobrir sinais que me ajudassem a (tentar) reagir diferente.
Mudar este quadro de filho adolescente que não escuta pais, adianto, foi chateeerrimo mas, asseguro: o esforço valeu a pena. Portanto, continue a leitura e te contarei o que você até agora não sabia sobre filho adolescente que não escuta pais.
A repetida história entre pais e filho adolescente
Se você é pai ou mãe de adolescente certamente vive isso. Afinal, é situação clássica dentre muitas outras irritantes experimentadas com filho adolescente. Aquelas vezes em que cobra ou pede ajuda de filho e ele simplesmente… te ignora. Simples assim.
A cena em casa era mais comum do que gostaria. Cheguei a pensar que fosse problema exclusivo até testemunhar o mesmo em outros lares inclusive os resultados: desgastantes e inúteis bate-bocas com filho adolescente que não escuta pais.
– Davi… – nada…
– Davi… seu dia de lavar a louça, filho.
Silêncio e Davi no computador, assim permaneceu. Sem mexer um músculo nem expressar qualquer som, sequer uma reclamação. Nada. Só o irritante silêncio de quem se faz de surdo.
– Davi… Daviiiiiiiii! Escutou o que disse?
– Quê, mãããe? Tá doida?
– Será possível que não me escuta? Te chamo há horas – a sensação era essa mesmo- e nada? Como pode, gente? Será que o detector reconhece minha voz gritando também? Ou será que é só você me ignorando mesmo?
– Que saco, mãe! Que cê tá dizendo? Detector? Quê que cê tanto fala? Tô fazendo um negócio aqui e você reclamando sei lá do quê! Não te escutei, pô!
Armado o terreno e mais um bate-boca. Já enfurecida com a falsa inocência, caía na habitual cilada das cansativas discussões inúteis com o típico filho adolescente que não escuta pais. Sem avanços a uma nova direção, estagnávamos na conhecida trilha de pais e filho adolescente em conflito. Simples assim.
A falsa surdez adolescente
Quando os episódios começaram a acontecer pensei se tratar de simples distração de filho adolescente avoado. Depois, me preocupei pensando se tratar de iminente surdez. Passei então a observar mais a fim de averiguar por que cada pedido meu provocava tamanha confusão.
Surpreendentemente o problema era outro: hábil tática de acionar a audição seletiva incrivelmente eficiente a filho adolescente que não escuta pais. Como que programado para não me escutar pedidos e ordens minhas, filho se tornava propositadamente surdo para se safar de tarefas que não queria fazer.
Eficazmente programado e altamente sensível à voz de comando, filho adolescente que não escuta pais bloqueia o acesso destes simplesmente fingindo não escutar. Assim, de forma ridiculamente primitiva, parte dos conflitos perpetuados há gerações entre pais e filho adolescente se repete e se degringola em choques… todo dia.
A decisão de mudar a dinâmica com filho adolescente
Alterados e completa – e mutuamente – irritados, começam as sessões de bufadas e as ladainhas de reclamações em uma explosão de críticas ecoando de todos os lados. Porém, naquele dia, mais atenta, consegui colher pistas sobre a “transitória surdez”:
– Mãe, você tá sempre mandando eu fazer alguma coisa! Saco! Toda hora quer que eu pare tudo que tô fazendo pra fazer o que você quer e na sua hora! Saco! Sacoooo!
Então entendi um pouco mais: filho adolescente que não escuta pais é, na verdade, uma falácia. Não só escuta tudo como rapidamente escolhe o que deve ser efetivamente escutado.
Movido pelo tal detector invisível, habilmente reconhece minha voz e o coloca em modo alerta para a sempre perigosa e iminente ameaça de ser mobilizado a fazer algo que não quer fazer. Então no modo “hibernar”, sai de órbita se fazendo de surdo.
Não me pergunte porquê mas acatar ordens e pedidos dos pais é deveras penoso a filho adolescente. Portanto, fazer-se de surdo é a escapatória menos danosa – a ele: Se “não escuto, logo não faço”. O lema é simples assim. Para responder a este desafio e resolver o meu – o nosso – problema de ser escutado e atendido precisei mudar a conhecida dinâmica de filho adolescente que não escuta pais primeiro por mim.
Filho adolescente que não escuta pais mobilizado
Comprovada o enfurecedora audição seletiva de filho adolescente, passei a me impor ocupando espaço. Enquanto escutava também sentia – literalmente – minha presença, o que, para o adolescente, descobri ser ainda pior.
Irremediavelmente diante dele, a situação ficou extremamente incômoda a ponto de ve-lo sofrer revés quando, sem escapatória, se viu forçado a me responder; do contrário, tão cedo sairia dali, o que tornaria o momento ainda mais insuportável:
– Mãe, você é um saco! Isso é irritante! Fala pra mim: você gostaria de alguém no teu pé te obrigando a fazer uma coisa que você não quer fazer, ainda mais quando você está fazendo outra coisa?
– Por favor, vá lavar a louça que está na pia – repetia em tom uníssono e assertivo, convocando-o sem margem a discussões.
Acuado, reclamou como esperado, claro, mas não mordi a isca. Em vez de rebate-lo, permaneci firme e fiel à estratégia de reverter a dinâmica de filho adolescente que não escuta pais. O bônus extra foi vê-lo, finalmente, fazendo o que lhe pedia na hora. Ainda que, antes, deixando sua marca pessoal:
– Sacoooooo!
Cansativo, mas simples assim.
Por uma história diferente com filho adolescente
Erramos e insistimos no erro de aceitar uma relação conturbada com filho adolescente sob a justificativa de se tratar de uma fase “difícil”. Sem dúvida, é mas com certeza possível de ser vivida de outro jeito.
Estou certa de que esta é mais uma situação comumente vivida entre pais e filho adolescente que, como eu, se desgastam em se resignar com atitudes inúteis que não trazem resultado diferente do que escutamos diariamente.
Dispus-me a mudar minha lente depois de viver longos dois anos de “histórias iguais” e esta foi uma das inúmeras que me preparei para mudar a dinâmica em casa. Estava mesmo disposta a permanecer o tempo devido para desativar o até então infalível detector de voz e comando de pais.
Sem dúvida cansativo, até infantil, pensar que precisei chegar a este ponto para lidar com filho adolescente que não escuta pais mas, deu certo, é o que importa. Esta – e todas mudanças feitas nas velhas situações – foi meio de viver e escrever uma história diferente com meu adolescente.
O tal detector – e muito mais – por trás dos conflitos com filho adolescente de fato existe. E para combate-lo e mudar as conturbadas dinâmicas, só com disposição e lente mais ampla para enxergar nos conflitos a oportunidade de crescer… junto com filho.
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[…] Pensava não ser escutada por filho adolescente. Às vezes cheguei inclusive a duvidar de sua capacidade auditiva. Da mesma forma, também já me ressenti por entender a pobre relação de mãe e filho como parte do desdém a tudo o que lhe dizia: […]