Adolescente e Profissão

Adolescentes e as profissões – Possibilidades incríveis!

by Xila Damian

Quando a escolha do filho adolescente requer olhos no presente e no futuro

Lembro bem o dilema que vivi para decidir meu futuro profissional quando adolescente.  A difícil  escolha de uma profissão foi meu primeiro grande desafio em idade que, supostamente, me habilitava a viver no mundo adulto com perspectivas de um futuro previsível.

Hoje, revivo aquela angústia pelo meu filho adolescente que passa pelo mesmo momento de escolha.  A dúvida e o medo que senti naquela época me despertaram o desejo de fazer diferente para que ele passasse pela fase com menos ansiedade.  Não sabia, contudo, que a ansiedade era minha.

O mundo passou por imensas transformações.  As novas e inúmeras possibilidades de carreira que os adolescentes de hoje tem são inimagináveis.  Porém, por ansiedade e desconhecimento, caí na cilada de vislumbrar profissões com o olhar limitado no meu passado.  Surpresa fiquei de descobrir que meu filho adolescente já alçava seu vôo com olhos no presente e no futuro.

Sim, o mundo mudou e com ele, o adolescente de hoje não é mais o de outrora.  Nascido e nutrido neste mundo tecnológico, meu filho adolescente  tem expectativas, percepções e visão de mundo diferentes das minhas.  Novas possibilidades surgiram e no imenso leque de oportunidades, optou por uma profissão que sequer imaginava existir.

Uma das inimagináveis profissões da atualidade

novo está em todo lugar. Nos produtos, nos negócios, nas empresas, nas relações, nas profissões… em tudo, o adolescente vive essas possibilidades naturalmente. Todo esse dinamismo tornou a vida mais desafiadora e proporcionalmente mais instigante.

Hábil usuário da internet e de dispositivos portáteis, meu filho adolescente me apresentou o mundo tecnológico sob uma perspectiva diferente ao escolher sua profissão de atleta virtual.  O que prá mim era inimaginável tornou-se uma das novas e incríveis possibilidades de carreira da atualidade.

Confesso que apoiar suas primeiras escolhas no mundo adulto tem sido tarefa difícil.  A tentação de decidir por ele, de optar pelo que penso ser a melhor escolha com olhos no passado é enorme, mas tenho me esforçado para manter-me no papel de coadjuvante de sua história.  Por isso, participo como posso:

– Filho, que tal conversar com o Jorge sobre ENEM?  Ele conhece muito o assunto e vai poder te ajudar a escolher a fac… e subitamente sou interrompida.

– Mãe, já conversamos e não quero fazer Direito. Saco! Tô pensando em curso ligado à entretenimento, produção de videogames… sei lá. Se não gostar, sigo na equipe atual como atleta (virtual) profissional vendo outras opções, responde ele decidido.

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A escolha da profissão exige olhar no presente

A primeira vez que ouvi falar de “atleta virtual” franzi a testa e perguntei:

– Que é isso???????

Foi minha primeira descoberta do inimaginável: tal qual atleta de qualquer outro esporte tradicional que conhecemos, o atleta virtual joga, faz parte de um time (equipe), disputa campeonatos e tem torcida jogando videogames em ambiente, claro, virtual.

Posso imaginar seu espanto e descrédito;  também reagi assim.  Porém, conhecer seu mundo, tão diferente do meu próprio, me permitiu não só ampliar as opções de profissão, mas também orientá-lo e apoiá-lo na análise delas. Conhecendo seus interesses, suas aptidões e o ambiente do qual faz parte, comecei a enxergar sua identidade se formando.

Como um desbravador, ele descobriu novos caminhos.  Vivendo em um mundo diferente do que vivi e lutando para construir sua própria identidade, manteve-se firme no caminho que vislumbrou para si mesmo.  Ainda que arriscando ser marginalizado pelo diferente, tornou-se um daqueles atletas virtuais de videogames e dos bons! (Leia também).  Entendi que, até então, a negatividade depositada sobre o diferente havia me impedido de enxergar possibilidades com olhos no presente.

O que mães esperam para seu filho adolescente

Dados sobre ranking escolar, pontos atingidos em provas, número de alunos aprovados no vestibular são temas comuns em reuniões de pais. Mergulhada em minhas preocupações de mãe, outras questões me afligiam mais:  meu filho está feliz em aprender? Ele se interessa pelo novo?  Sua criatividade e essência estão sendo validados e valorizados na escola a ponto de ajudá-lo a formar sua própria identidade?

Foi quando a pergunta ecoou na sala:  “o que vocês esperam para seu filho?” A resposta unânime e imediata foi:  “que ele seja feliz.” A simplicidade da resposta me instigou a aprofundar meu entendimento do que é ser feliz. Por muito tempo, refleti sobre aquela simples pergunta e hoje creio ter chegado a uma resposta satisfatória apesar de mais complexa:

– espero que seja capaz de se conhecer o bastante para descobrir suas habilidades e, apaixonadamente, aprimorá-las; quem sabe se torne sua profissão?

– espero que seja forte e corajoso para lutar nos momentos de desânimo que surgirão no caminho sem perder de vista sua essência: quem sabe se torne seu propósito de vida?

– espero que continue a aprender o novo sempre, respeitando o diferente: quem sabe se torne um incansável curioso em busca de soluções?

– espero que sua vida seja pautada em valores morais, mesmo que o mundo diga o contrário;  e terá se tornado um indivíduo de caráter.

– espero que sua profissão seja consequência disso tudo e, por fim, que ele seja feliz.

A hora é de descobrir sua identidade para alçar vôo

Concluir o ensino médio é mais que escolher uma profissão:  é descobrir que, dentre tantas e incríveis possibilidades da atualidade, o filho adolescente está formando sua identidade.  Limitar suas opções com olhar no passado seria tolher as asas de um passarinho em seu primeiro vôo.

Como mãe de adolescente, também vivo a ansiedade do momento, mas aprendi a aceitar o inimaginável sem julgamentos e sonhos solitários.  Não tenho mais a pretensão de assegurar o futuro, mas de viver o presente incentivando meu filho a descobrir sua identidade para alçar seu vôo solo.

Se diante das novas opções de profissão encontrar aquela capaz de contribuir com a sua felicidade, já terá valido a pena viver os desafios e transformações do mundo atual.

Sim, o mundo mudou, a escolha continua difícil e o futuro, incerto; mas traz com ele possibilidades incríveis de boas descobertas!

 

4 Comments

  • Síndrome do ninho vazio - Blog Minha mãe é um saco! 2 de dezembro de 2020 at 10:21

    […] O medo de formar filho dependente, superprotegido e temeroso do mundo sumiu logo depois de sua maioridade. Ávido por viver novas experiências e exercitar a autonomia encorajada, meu adolescente decidiu sair de casa para concretizar o plano de ser atleta virtual. […]

  • Adolescente e escola - Blog Minha mãe é um saco! 25 de novembro de 2020 at 16:57

    […] opinião fundamentada, competências vitais a uma sociedade madura e educada, principalmente no mundo “de hoje” tão cheio de possibilidades.  Um dia, reclamei das notas escolares com filho adolescente que logo […]

  • Cassia rangel 11 de agosto de 2017 at 16:00

    Amiga, adorei seu post! Meu filho mais novo está com 20 anos e ainda não se encontrou! Por conta das suas dificuldades de aprendizagem, devido a um tdah bem acentuado, está no curso de tecnólogo em análise de sistemas mas não consegue sair das primeiras matérias. Só gosta de vídeo game e assistir canais do YouTube. Coloquei num curso de games para ver se se encontra! E vamos lutando, um dia de cada vez!
    💋

    • xilaadmin 14 de agosto de 2017 at 18:53

      Querida, obrigada pelo comentário e por dividir sua experiência. Não há formulas, mas enquanto houver diálogo entre mãe e filho, haverá caminho. Não desanime e, junto com ele, pesquisem, conversem com pessoas diferentes; Incrível o que há de opções novas atualmente. Vai ver ele conhece o meu filho mais velho. rsrs bj

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