adolescente e a escola

Adolescente e a escola

by Xila Damian

Adolescente e a escola: Médias escolares não definem o adolescente

Desenvolvendo a relação entre os filhos adolescentes e a escola

Fim de ano. Pais se agitam para saber o rendimento escolar do filho: “Alcançou a média? Passou direto? Passou de ano?”.  Acompanho de perto os desafios escolares do meu filho adolescente e fico ansiosa para saber o resultado final. Parece que a aluna sou eu e esqueço que a relação adolescente e a escola é dele.

Reuniões de pais sempre me davam a pista sobre a “média da turma”.  O relato dos professores me ajudavam a “posicionar” meu filho.  Mas foi em uma destas reuniões que passei a enxergar meu filho individualmente, sem a turma.

Decepcionada por vê-lo ocupar posição abaixo da média, me frustrei.  “Meu filho não era aluno de médias”.  Sofri.  Ávida por ajudá-lo a alcançar médias, indiretamente o incentivei a ganhar autonomia e, mais que isso, autoconfiança.

As reuniões deixaram de ser discussões de posicionamento para se tornar verdadeiras descobertas da identidade e da relação entre meu filho adolescente e a escola.  Descobri que, independente de sua média escolar, ele era merecedor de reconhecimento pelo esforço e responsabilidade que assumia por suas notas.

Quando percebi a diferença entre notas escolares e a relação estabelecida entre o adolescente e a escola, me libertei das expectativas de médias.  Passei a incentivar atitude, responsabilidade, autonomia.  Notas escolares não mais definiriam meu filho adolescente.

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Relação dos adolescente e a escola: Alunos esforçados mas sem reconhecimento

Foi em uma daquelas reuniões habituais que um pai quebrou o protocolo-materno-questionador para pedir ajuda:

– Sou pai do Fred.  Meu filho é aluno de nota 5-6. Já assumi isso e, por mais que ele se esforce, sua média é essa. Diante disso, como posso ajudá-lo a mudar para que passe de ano já que a média é 7?

A coordenadora sorriu levemente e, sem graça, respondeu:

– Descobrindo meios de incentivar seu senso de responsabilidade sobre suas notas.

O pai, frustrado com a resposta pouco elucidativa naquele momento, suspirou desanimado. Baixinho, sussurrou para si mesmo:

Saco!  Não sei mais o que fazer…

Atenta à cena, compartilhei da frustração daquele pai.  Na sala, elogios abertos à Mari (“excelente aluna”), ao João (“tão inteligente”), à Bruna (“já está de férias!”) dentre outros.  E o Fred? E o Dado? E tantos outros Freds que, não tendo atingido a média esperada, eram coadjuvantes esforçados mas sem reconhecimento de seu esforço?

Não estou com isso enaltecendo o aluno descomprometido, irresponsável;  falo daqueles que, por mais que se esforcem, não atingem o resultado esperado e, por conta disso, não recebem a motivação necessária para perseverarem, para acreditarem em si mesmos.

Desapontada com tamanha cegueira motivacional (da escola e minha!), busquei respostas práticas que pudessem ajudar meu filho a superar seus primeiros desafios “profissionais”, neste caso, escolares.

Tanto pais quanto filhos tem seu tempo de amadurecimento

Por anos, meu filho se frustrou por não atingir médias. Também o havia rotulado “aluno de 6”.  Pacientemente, tentava relevar os resultados pífios com palavras de motivação. Tentava fortalecer sua autoestima por meio de discursos que, na prática, não ajudavam: ele não acreditava em si mesmo.

Percebo hoje que eu sofria com suas notas.  Ele certamente notava minha decepção e, naturalmente, se frustrava consigo mesmo.  Um efeito cascata desapercebidamente iniciado por mim.  Adolescente e escola se tornaram inimigos e, por mais que se esforçasse, seu resultado permanecia pífio.

Minha ansiedade só piorava a situação: cobrava, brigava, exigia, castigava, ordenava.  Passei a barganhar melhores notas e a situação só se agravava. Foi quando escutei aquele pai buscando uma sugestão de como ajudar seu “filho de média 5-6”:  queria ajudar filho a mudar o curso daquele repetido histórico de insucesso “apesar do seu esforço”.

“Até pais de adolescente tem seu tempo de amadurecimento”, pensei comigo.  Enxergar meu filho adolescente como indivíduo, não mais como a “média da turma” se tornaria o primeiro passo desse amadurecimento; para mim e para ele.

Atitudes-chave que ajudam o filho adolescente a ganhar senso de responsabilidade por resultados

Enxergar meu filho individualmente foi conhecer suas qualidades, seus defeitos, seus interesses e habilidades.   Foi aceitá-lo como é bem além da média escolar.

Eis algumas das Atitudes que Podem Ajudar Filho Adolescente a Assumir a Responsabilidade por seus Resultados:

1- Assumi meu papel de coadjuvante, não mais de protagonista de sua vida escolar. Controlei minha ansiedade me desapegando do papel de aluno (que é dele!) para ser a mãe do aluno.

2- Reforcei meu amor e apoio incondicionais para conscientizá-lo de que resultados diferentes demandam ações diferentes.  Dependeria dele, portanto, tomar as rédeas de sua vida escolar se quisesse mudar o cenário.

3- Dei-lhe tempo de amadurecimento. Aguardei o “momento da virada” pacientemente aflita, temendo estar arriscando demais. Valeu a pena.

Confesso que delegar ao meu filho a responsabilidade pela mudança me exigiu muito esforço.  Tive medo de estar arriscando demais.  Porém, não me restava alternativa senão dar-lhe o poder de decidir pelo caminho que queria trilhar.  Independente de qual fosse sua decisão, assumi para mim mesma que média escolar não mais definiria meu filho.

Filho é mais que médias escolares

Como mãe de adolescente, vivi a ansiedade de fim de ano escolar como se fosse eu a aluna. Míope, resumia e (des)qualificava meu filho baseada em médias escolares;  não enxergava o indivíduo em processo de amadurecimento do senso de responsabilidade por seus resultados.

Ao vê-lo sofrer a angústia, a frustração e a baixa autoestima, acordei para a realidade de que, mais que os resultados escolares, precisava incentivar e apoiar filho adolescente a ganhar autonomia e senso de responsabilidade por suas próprias escolhas.

Hoje, noto que meu filho ganhou certa autonomia, assumiu maior responsabilidade por seus resultados (bons e ruins) e, arrisco dizer, demonstra inclinação pela área artística.  Esse processo me fez descobrir facetas que não via antes:  me ajudou a “desvendá-lo”.

Ele ainda não sabe o que escolherá como carreira, reforçando a idéia de que o futuro é incerto.  Porém, de uma coisa tenho certeza:  filho é muito mais que médias escolares e, por si só, merecem nosso reconhecimento.

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