Quando a preocupação com o namoro na adolescência surge de surpresa
O assunto namoro na adolescência só surgiu em casa quando meu filho adolescente, sem querer, se entregou:
– Mãe, fui zoado hoje e fiquei muito p. da vida! – disse.
– Sério? Zoado por quê? – perguntei curiosa.
– Ah, garotos imaturos… o João ficou me provocando, dizendo que estou namorando a Nani, que me viu beijando ela… todo mundo começou a rir e… – continuava contando quando o interrompi.
– E você está namorando a Nani? – perguntei surpresa.
– Eeh… tô! Quer dizer, estamos namorando sim. Você também, mãe? Que saco! – respondeu irritado e desconcertado.
Ficou claro que não era sua intenção contar sobre o namoro com a Nani, mas só reclamar dos amigos que o zoaram. A conversa mudou de rumo e minha preocupação virou tema também.
Namoro na adolescência é fato e deve ser nutrido com educação
Dentre tantas transformações e novas experiências ocorridas nesta fase, namoro na adolescência é um tema a ser tratado com muita orientação por pais de adolescente: primeiro porque é um fato; segundo porque é inevitável.
Ainda são, no mínimo, curiosas as diferentes reações de pais de menino e de menina quando o fato é descoberto (sim, porque dificilmente pais sabem que filhos estão namorando senão por acidente):
– Meu garoto! Pegador! Quem é a gata? – se regozija o pai de menino.
– Namorado?? Você não acha muito cedo prá namorar? Quem é o garoto? Eu conheço? Nada de beijo, hein?! – se preocupa o pai de menina.
As respectivas expressões de orgulho e de ciúme demonstram com clareza o machismo reinante em pleno século XXI, uma realidade que levará mais tempo para ser mudada.
Enquanto isso, como pais (e digo aqui no sentido de pai e mãe) podem lidar com o namoro na adolescência de uma forma a ajudar o filho(a) a viver essa nova e deliciosa experiência de uma forma saudável e sem tanta preocupação?
Sou mãe de menino e, ao contrário do discurso “orgulhoso” ou “ciumento” exemplificados, senti medo. Medo do que meu filho adolescente pensava ser namoro. Tentando controlar a preocupação, escolhi meu melhor tom de voz e perguntei-lhe:
– O que é namorar prá você? O que diferencia uma amiga de uma namorada?
A pergunta é difícil, mas até que ele se virou bem prá responder:
– Ah, sei lá… uma garota legal com quem gosto de ficar.
Foi o gancho necessário para conversar sobre o assunto e esclarecer alguns pontos que, no meu ponto de vista, são muito importantes para educar meu filho sobre namoro na adolescência.
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Verdades que pais precisam assumir sobre namoro na adolescência
Primeiro ponto: namorar é bom! Evidenciar esta opinião ao adolescente é primordial para eliminar qualquer idéia de que seja contrária à experiência de um namoro na adolescência. Aliás, uma realidade inexorável e, cá entre nós, uma delícia de se viver. Nem por isso, deva ser negligenciada pelos pais.
Segundo ponto: conversar sobre como é bom ter alguém especial na sua vida, com quem se sente bem e gosta de conviver é importante. Ensinar o adolescente a demonstrar apreço pelo outro e a fazer gentilezas são os primeiros exercícios amorosos de cuidar do outro que lhe é especial.
Terceiro ponto: Por mais delicioso que possa ser viver o namoro na adolescência, ele é um exercício de adulto. Requer, portanto, a participação dos pais em orientações muito importantes sobre comportamentos esperados e atitudes inaceitáveis que devem ser explicitamente descritos para que não restem dúvidas sobre o que é aceitável e inaceitável.
Aos pais de meninos pode soar algo meloso de mãe, mas educar filhos para namoro na adolescência é, antes de mais nada, reforçar valores e esclarecer as regras invioláveis de respeito ao outro.
Se por um lado me preocupei, por outro encontrei oportunidade de escutar meu filho e orientá-lo. Sua definição ainda ingênua (ou disfarçada?) de namoro na adolescência, quase me convenceu de que se tratava de algo ainda bem pueril:
– Ah, a gente dá a mão, senta junto na sala, conversa no intervalo, lancha junto… se abraça, faz carinho…
Ops… estava tudo tão bem. Enquanto o escutava decifrando o que é namoro, via sua ingenuidade se dissipar quando novamente se entregava. Enxerguei seus olhos brilhantes e perdidos, sua falta de jeito para falar sobre o assunto e, por alguns instantes, a minha preocupação virou a dele por ter sido tão franco.
Como conversar com filho sobre namoro na adolescência é determinante para um diálogo de sucesso
Conseguir que meu filho falasse sobre o assunto comigo já foi uma vitória. Manter o diálogo e orientá-lo sobre as questões importantes que envolvem namoro na adolescência se tornou meu desafio seguinte.
Diante disso, atentei-me para o modo como conversava com ele. Falar sobre namoro na adolescência com filho é complicado e a maneira certa de abordar o assunto com ele é determinante para o sucesso do diálogo:
1- Atente para o tom de voz utilizado na conversa: nada de inquisições ou surpresas que só afastam seu filho da conversa. Por mais assustada ou surpresa que possa ficar com as informações que ele te der, mantenha-se equilibrada e não reaja. Depois você terá tempo de digerir a informação; agora é hora de escutá-lo.
2- Oriente seu filho sobre namoro na adolescência sem puritanismo e sermões. Se os fatos que ele te conta te surpreenderem, faça observações que o levem a rever sua atitude em vez de fazê-lo sentir-se envergonhado por algo. Use expressões do tipo “da próxima vez, experimente fazer…” ou “seja gentil e respeitoso”. Vale para meninas, inclusive!
3- Conte sua própria experiência como namorado(a) adolescente reforçando os valores que preza. Use exemplos claros do que espera que ele(a) repita.
4- Sempre, sempre reforce atitudes inaceitáveis com exemplos práticos que evitem qualquer dúvida sobre abusos. Tanto para meninos quanto para meninas. E lembre-se: em tom natural de voz, sem sermões ou julgamentos.
Importante é orientar filho sobre namoro na adolescência e estar por perto
Me lembro com carinho dessa fase de namoro na adolescência. Vivi paixonites de verão, amores escolares mas não me lembro de muito diálogo com minha mãe sobre isso. Talvez porque contasse com irmãs mais velhas que, de alguma forma, me dessem essa orientação e exemplo.
O fato é que, independente de quem orienta, o adolescente precisa de boa orientação. Namoro na adolescência é normal e esperado. Neste caso, vale mais contribuir com a formação de adultos emocionalmente saudáveis a partir de uma relação de confiança e diálogo.
Não espere grandes compartilhamentos. Como disse, soube do namoro do meu filho por acaso. Por mais medrosa que tivesse ficado, percebi que o modo como abordei o assunto fez diferença para que o processo de amadurecimento fosse bom.
Um dia, perguntei disfarçada e curiosamente:
– E a Nani, como vai?
– Bem… acho. Terminamos… – respondeu distraído.
E antes que eu continuasse, ele emendou:
– Tamo de boa. Tô a fim da Tati.
Nova onda de medo me abateu. Tudo de novo? Lidar com namoro na adolescência é assim mesmo: amores vem e vão. Sem dúvida, uma fase de descobertas deliciosas para o adolescente. Já para os pais… melhor não pensar muito; só estar por perto.
3 Comments
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Obrigada, Laura, por compartilhar dicas! Certa de que será útil! bjo.