Desconectada do mundo conectado. Adolescente digital é sinônimo de jovem conectado.
Tão comum quanto assustador (para os pais), os nativos digitais respiram e usufruem da tecnologia como meio de relacionamento com o mundo. Por um lado o advento da internet causou grande inquietação; por outro lado, ampliou possibilidades de conexão com pessoas.
Como muitos pais de adolescente, me assustei com a intensa dinâmica tecnológica. Por conta disso, firmei várias guerras contra filho adolescente digital adepto de eletrônicos. Ainda que sem parâmetros, julgava o uso diário da tecnologia como exagerado desatenta às novas circunstancia de conectividade.
Avessa aos eletrônicos, travei batalhas às vezes inúteis com filho adolescente digital. Resistente aos modelos atuais de relação pessoal, desperdicei oportunidades de me conectar. Não por acaso; afinal, nascida e criada em mundo bem diferente duvidei da atual conectividade e cega, me mantive distante do novo recurso… e do filho adolescente digital.
As relações sociais de hoje me causaram estranheza e receio. Diferente do passado, temi a efetividade no novo modelo tecnológico e o temi como a um inimigo. Enquanto enxergava seu pior, ignorava seu melhor: o poder de conectar pessoas. Como resultado, perdia a chance de também me inserir nesse mundo diferente… e conectado.
Desconectada de filho
Criada em mundo totalmente diferente e, na maioria das vezes, previsível, sofri o impacto da rápida mudança para a era digital. Frente às inúmeras possibilidades de relacionamento promovidas pela tecnologia, tive meus padrões irremediavelmente bagunçados e minhas verdades totalmente abaladas.
Como habitualmente acontecia, encontrei filho rindo para a tela do celular. Como sempre reagia, assuntei:
– O assunto deve estar bom… com quem está falando?
– Nada demais… o Dado mandou mensagem perguntando o que tô fazendo; respondi que nada.
– E que há de engraçado nisso? – rebati.
– Saco, mãe: coisa nossa! A gente zoa quando… ah, esquece, mãe. Deixa pra lá. Você não entende mesmo.
De fato, não entendia como o intenso uso dos eletrônicos podia efetivamente firmar relações. Toda aquela aparente conectividade me parecia demasiadamente superficial. Temendo uma frágil socialização de filho adolescente digital, reforçava a permissividade do uso de eletrônicos desconhecendo sua dinâmica.
Ignorante na dinâmica, fui presa fácil do desconhecimento e, depois, do preconceito contra eletrônicos. Limitada, assumi discurso pejorativo sobre adolescente digital de relações superficiais sem notar que, assim, me desconectava de filho, ele mesmo adolescente digital.
Adolescente digital conectado
Muitas famílias vivem o drama de não entender filho adolescente digital. Como eu, muitos pais de adolescente assumem a posição de expectadores do ágil e dinâmico mundo digital criticando as relações sociais de hoje sem, antes, conhecer as novas possibilidades. Alijada da internet, assistia passivamente filho adolescente digital absorto em intensas interações virtuais e me angustiava por julga-las irreais e permissivas.
Aparte e, então, inábil no novo contexto, me ceguei aos potenciais benefícios e me alarmei com os prejuízos amplamente divulgados sobre o mundo digital. Crítica, denegria as relações de filho adolescente digital julgando-as superficiais e, invariavelmente, nossas interações acabavam antes mesmo de começar.
Foi quando, às vésperas de seu aniversário, recebi a seguinte mensagem por whattsup:
– Tia, a turma vai fazer uma festa surpresa pra ele. Consegue reservar o salão pra gente?
Sorri para a tela e logo lembrei de filho adolescente digital. Seria mesmo possível construir relações profundas por meio da tecnologia? Naquele instante, acreditei que sim e me permiti conhecer o mundo digital sob outra perspectiva. Foi o primeiro passo pra, finalmente, me libertar da angústia da desconexão com filho adolescente.
Entrando em conexão
Finalmente convencida de minha ignorância e da importância de minha presença no mundo de filho adolescente digital, mudei minhas verdades. A princípio, movida pela necessidade mais que pelo desejo, entrei na nova dinâmica determinada a me conectar com filho adolescente digital.
Surpresa constatei que, independente da enorme mudança proporcionada pela era digital, pessoas continuam cultivando relações; inclusive adolescente digital. Também descobri que, não importa quão tecnológico o mundo tenha se tornado, continuamos seres sociais; portanto, ávidos por relacionamento. Por último, e não menos importante: independente do quão adolescente digital filho seja, continua jovem necessitado de pais presentes e, aí, a tecnologia pode também contribuir.
Desde então, descobri historias fascinantes e surreais de um mundo diferente do meu passado. Nele, o adolescente digital não só se conecta com amigos como também aprende. Uma vez inserida na nova dinâmica, passei a participar da vida de filho adolescente digital e a entender suas relações com menos preconceito, mais conhecimento e, principalmente, conexão.
O poder da tecnologia
Por mais inquietante que a tecnologia pareça, aprender a conviver e a usufruir dela me trouxe benefícios com filho online. Primeiro, me integrou ao seu mundo; depois, me reconectou com ele. Menos alarmista e alarmada, aprendi a nutrir relações diferentes das do passado e conectadas ao mundo de hoje.
Validar a vida de filho conectado que também acontece nos eletrônicos abriu-me novas possibilidades de conhecer e viver um mundo atual conectada a ele. Esperar que ele fique fora desse circuito que acontece hoje e agora seria como lhe negar a vida.
Hoje, diferente de ontem, entendo que viver fora dessa realidade inexorável é inimaginável. Mas a tecnologia, felizmente, está aí pra isso: pra conectar pessoas; até as de mundos tão diferentes.
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