Castigo educativo: em prol de adultos melhores
Castigo educativo é útil. Desde que não punitivo é recurso necessário na formação de filho. Porém, por mais que minha intenção fosse educa-lo, várias vezes errei na forma como tentava corrigir suas más atitudes e escolhas. Em vez de promover reflexão sobre o fato, o punia e, irremediavelmente, lhe causava raiva, medo e rancor. Só.
Os pífios resultados obtidos com a adoção do castigo punitivo refletiam em mim também. Ainda que por diferentes motivos, ambos sofríamos as mesmas dores do conflito pesado e nada educativo. Precisava encontrar uma forma de inspirar filho a fazer melhor, precisava ensinar limites e responsabilidade; mas precisava fazer isso com amor pra formar adulto consciente.
Entre conselhos punitivos e medidas vingativas, me afastava cada vez mais do objetivo de efetivamente educar filho a aprender com o erro consciente de que poderia (e deveria) fazer melhor outra vez; não por medo de ser punido mas pela autoconsciência de fazer o que é certo.
Do punitivo para o educativo
Punir filho por erros e falhas estava causando efeito totalmente contrário ao esperado e tornando nossa relação cada vez pior e inviável. Amargurada e perdida em meio às habituais sugestões de castigos que mais pareciam vingança, precisei mudar. Afinal, a estratégia não estava ajudando e os maus resultados se agravavam a cada novo episódio. Comecei a buscar novas alternativas.
Foi então que aprendi a diferença entre o castigo educativo e punitivo. Como o nome diz: o primeiro educa porque ensina a partir da reflexão sobre o erro; o segundo, simplesmente pune pelo erro cometido o que, além de instituir o medo de errar (o que é inevitável a todos), também institui o medo de tentar de novo, (o que, no futuro, pode ser tolher iniciativas).
Diante de diferenças tão significativas, decidi mudar. Ainda que me custasse enorme esforço de adaptação, era meu dever buscar saídas diferentes pra melhorar a formação do filho adolescente. Não sabia contudo que a mudança me tornaria pessoa melhor também.
Corrigir e evoluir
Diferente do castigo educativo, o punitivo deixava lastros de humilhação e mágoa tanto em mim quanto em filho. Acreditava estar educando de fato mas não entendia o porquê daquele alto preço a ser pago. Castigava filho por seus erros a ponto de parecer mais vingança” do que correção. Reativa, lhe impingia “lições” que despertavam medo e baixa autoestima e que, por sua vez, geravam conflitos cada vez piores.
Incompetente no assunto, sofri. Perdida entre tantos conselhos pouco eficazes, precisei desbravar outros caminhos pra mudar minha história com filho adolescente. Foi então que aprendi a re-significar castigo como recurso útil e necessário se feito com consciência e, sobretudo, amor.
O castigo educativo promove reflexão sobre o erro pra, a partir dele, tentar fazer melhor. Pra isso, importante contar com uma régua igualitária, justa e, acima de tudo, amorosa pra corrigir (e ensinar) filho de forma saudável sem rastros destrutivos, mas evolutivos.
Mudar pra ser melhor
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Certo dia, relatou irritado:
– Saco! Tem um grupo na sala que não fica quieto! Atrapalha todo mundo e o professor não faz nada.
– Como assim? Não tenta organizar a bagunça? – perguntei intrigada.
– Ele tenta, conversa, pede mas nem assim eles sossegam. Eles dizem que vão ficar quietos mas… nada! Não entendo porque o professor não tira de sala, pô! Os caras desrespeitam o tempo todo e ninguém toma uma atitude. Por isso continuam desrespeitando todo mundo! Não estão nem aí pra turma! – deduziu resignado.
Entendi sua frustração: as regras eram claras e iguais pra todos mas nem todos as cumpriam. Em vez de o grupo ser educado a refletir e mudar de atitude em sala, era repetidamente agraciado com a liberdade de seguir desrespeitando limites, inclusive direitos dos colegas.
Ainda que a solução imediata da escola fosse suspensão, não os puniria com essa medida. Admito que, em outros tempos, pensasse assim mas, tendo aprendido um pouco mais sobre castigo educativo faria diferente: promoveria um trabalho de conscientização sobre direitos e deveres, respeito e limites em sala de aula como uma tentativa de formar jovens conscientes e, assim, contribuir para uma sociedade melhor.
Mudar práticas arraigadas é difícil mas necessário quando não trazem o resultado esperado. Por isso, adotar o castigo educativo se tornou opção válida de caminhos melhores pra formar filho adolescente.
O real sentido
Diferente do castigo punitivo humilhante, o castigo educativo conscientiza e amadurece; não aponta erros procurando culpados mas inspira o aprimoramento. Por mais que sofrer um castigo seja ruim, filho o enxerga como recurso de valor quando reconhece sua utilidade e propósito genuíno de aprender pelo erro pra fazer melhor.
Ao lhe dar a segurança de uma régua clara e justa, o jovem se enxerga no meio em que vive e passa a se importar em fazer o que é certo em prol de uma sociedade melhor. Não mais por medo, mas por consciência própria, terá aprendido o real sentido do castigo.
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