sexualidade na adolescência

Sexualidade na adolescência: precisamos ensinar a lição completa

by Xila Damian

Escolhas responsáveis, sexo seguro

Falar de sexualidade na adolescência é mais que ensinar métodos preventivos. Ainda que prevenir-se contra doenças e gravidez precoce seja fundamental, o tema não se esgota aí. Por isso, falar de sexualidade na adolescência é falar também de atitudes e comportamentos saudáveis, de escolhas, de responsabilidade.

Sob intensa ação hormonal, o adolescente vive as mudanças físicas perdido no meio de informação e sensações ainda desconhecidas. Diante da do desejo sexual latente, a busca do prazer lhe é instintivamente natural, o que pode tornar a experiência arriscada se vivida levianamente.

Assim, pais podem (e devem) ajudar conversando com filho sobre sexualidade na adolescência natural e empaticamente a fim de ajudá-lo a formar sua própria opinião sobre o tema; sem tabus mas de forma segura, prazerosa… e responsável.

A lição incompleta

Educação sexual já faz parte da grade escolar e doméstica há tempo. Diferente do passado, ensinar métodos preventivos hoje é uma necessidade e o resultado positivo da queda dos casos de gravidez precoce no Brasil comprova a eficácia das campanhas educativas a cada ano.

Contudo, mais que prevenir é preciso formar o adolescente sobre a grande responsabilidade que vem junto com o sexo, mesmo quando seguro.

Acreditava estar educando filho sobre sexualidade na adolescência quando lhe reforçava a importância de se prevenir contra doenças e gravidez precoce. Porém, foi o relato da “primeira vez” do amigo que me alertou sobre a lição ainda incompleta:

– Ele disse que ficou sem graça de não transar com a garota porque a galera esperava por ele depois pra contar o lance.  Saco, né? Muito vacilo com ele… e com a garota também.

É, vacilo total… Ao contrário do que imaginava, falar de escolhas conscientes é igualmente importante pra uma formação sexual completa. Precisei me preparar.

Sem tabus pra conscientizar

Abordar tema tão íntimo como desejo sexual e prazer é exercício difícil pra mãe, principalmente de menino (pra mim, é!).  Por isso, tive que mudar.  Primeiro, me livrei dos tabus sobre o tema, de cara um problemão! Em princípio, abordei o tema com naturalidade (com muito esforço!) depois de me convencer que por  “sermos naturalmente sexuados, falar de sexo é normal!”.

Assim sendo, busquei uma conversa franca capaz de agregar valor ao filho. Pra isso, precisava atraí-lo com uma abordagem apropriada a adolescentes imaturos, inxperientes e… curiosos.

Frente a essa curiosidade e excitação hormonal, precisava conscientizar filho sobre atitudes e comportamentos que tornam a experiência não só segura e prazerosa mas necessariamente responsável.

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Como falar sobre sexualidade na adolescência

A oportunidade de servir de referência às escolhas do filho adolescente me encantou: não podia desperdiçar a chance daquela conversa. O desafio era proporcional ao objetivo. Portanto, cuidei de não errar:

Primeiro, conquistei sua confiança. Pra isso, apliquei as 5 dicas úteis e valiosas da comunicação na prática”compartilhadas no blog. Controlei o tom da voz, a postura corporal, a expressão facial a fim de evitar qualquer cilada recriminatória, condição vital pra se conectar com adolescente.

Em seguida, contei uma história pessoal. O intuito foi mostrar que qualquer um é passível a situações difíceis como aquela, até eu! Contei-lhe que “era apaixonada por um garoto da turma e não sabia como chamar sua atenção. Enquanto todos sabiam do meu “amor”, ele não. Até que, um dia, “chegou” em mim mas tão atirado querendo me beijar que assustei e saí fora. A turma caiu em cima de mim!  Me zoaram, provocaram, insistiram pra “ficar” com ele, que tava “fazendo doce”, tinha amarelado… Fiquei muito mal mas sabia que tinha feito a coisa certa porque, na verdade, não era daquele jeito que queria ficar com ele. Foi difícil enfrentar as amigas mas… fiz o que devia, não o que os outros esperavam de mim.” A mensagem foi clara: eu escolhi dizer não apesar da pressão da turma.

Então, o envolvi na situação perguntando sua opinião: “você já passou por isso?” ou ainda, “o que achou da decisão daquele seu amigo?”, “Como acha que ele se sentiu depois?”. Como uma conversa entre amigos, troquei experiência em vez de lição de moral. Dessa forma, descobri um pouco mais sobre o que e como filho pensava e vivia a sexualidade na adolescência.

Finalmente, o escutei.

Sem julgar e sem interromper (bem difícil!), escutá-lo com atenção e sem sermões foi enriquecedor. Conseguimos nos conectar e, consequentemente, discutimos temas íntimos e igualmente importantes pra uma educação sexual completa.  Nessa troca, a experiência e maturidade de mãe ajudaram filho a (tentar) elaborar a própria opinião sobre sexo seguro a partir de escolhas responsáveis.

Por uma lição completa

Falar de sexualidade na adolescência é, antes de tudo, conversar sobre atitudes e comportamentos esperados que (ajudem a) fazer escolhas responsáveis.

Por isso, tão importante quanto ensinar métodos preventivos é formar indivíduo sexualmente seguro, feliz e capaz de fazer escolhas com responsabilidade. Aí sim, acho que a lição estará finalmente completa.

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