Ensinar filho ainda é minha tarefa
Quando as redes sociais surgiram, me limitei a saber de sua existência. Enquanto isso, a frequência do filho adolescente nas redes sociais só aumentava. Não as conhecendo (nem querendo), as rotulei de permissivas, superficiais e perigosas. Criticá-las foi o álibi da minha ignorância e inflexibilidade em acompanhar a evolução do mundo.
Hoje tudo gira em torno da tecnologia e isso torna a vida prática e ágil. Foi criada pra isso. Não demorou e as relações também sofreram o impacto da tecnologia pelo vínculo do adolescente nas redes sociais. Ainda desconfiada, me rendi movida mais pelo interesse de participar daquele novo modelo de interação social do que pela novidade em si.
A tecnologia, de fato, surpreende. Aquele recurso útil e inovador me permitiu descobrir, resgatar, (re)encontrar, conversar e conhecer pessoas. Hoje participo de diferentes grupos de amizade o que ampliou consideravelmente minhas interações sociais. Fui, finalmente, fisgada pela novidade.
A praticidade, agilidade e o dinamismo trouxeram também situações novas e nem sempre tão boas assim. A destreza do adolescente nas mídias sociais não pressupões conhecimento sobre regras de conduta básicas como respeito e confidencialidade em suas relações na internet.
Como mãe de adolescente precisei conhecer e entender a dinâmica das redes sociais para ensinar filho adolescente as regras de básicas de conduta que regem as relações. Gostando ou não, essa tarefa ainda era minha.
Mãe e filho trocando conhecimento
Nascidos e crescidos na era digital, o adolescente de hoje lida com a tecnologia desde cedo. A intimidade com o mundo digital, contudo, não o capacita a utilizar bem os recursos disponíveis. As mídias sociais se transformaram em poderosa arma e, nas mãos do adolescente imaturo, é capaz de causar danos irreparáveis.
Como mãe de adolescente digital (que inclusive sonha com carreira tecnológica) tive que me inteirar sobre esse mundo. Inicialmente avessa e desinteressada, culpava a tecnologia pela distância estabelecida entre nós. Só quando finalmente me propus a conhecer o mundo dele, entendi e me inseri em sua realidade, incluindo as mídias sociais.
Ironicamente, o “culpado” por me afastar do filho foi a “ponte” que nos uniu depois. Adepta das mídias sociais, descobrimos interesses comuns e compartilhamos conhecimento: ele sobre o mundo digital; eu, sobre as regras de conduta nas redes sociais.
Quando adolescente nas redes sociais vira pavio de pólvora
Certo dia, uma discussão eclodiu em um dos grupos virtuais. Uma amiga adolescente transcreveu uma conversa do grupo adolescente nas redes sociais. Em uma foto do diálogo trocado, se identificou e fez críticas ácidas e desrespeitosas sobre a opinião do amigo. O que era ambiente privado, se tornou público com direito a críticas abertas em suas redes de relacionamento.
Feito pavio de pólvora, o grupo viu a publicação nas redes sociais. Coléricos, todos rechaçaram sua conduta, exigindo não só a “retirada” da publicação como também uma retratação por suas críticas abertas sobre a conversa, até então, privada e em ambiente “seguro”.
Acuada, a adolescente reagiu:
– Nada demais! Apaguei os nomes nas mensagens e ninguém conhece vocês. Não sei porque o melindre… vocês são um saco!
Aquela jovem não tinha consciência de sua atitude. Não tinha noção do que é respeito e privacidade. Não tinha idéia das regras de conduta que permeiam relações sejam elas reais ou virtuais. A imatura e irresponsável atitude lhe renderam discussões difíceis e, pior, rompimentos.
Aquela jovem digital, solta e desorientada, pensava que no “democrático” mundo virtual valia tudo. A liberdade de expressão mal utilizada lhe rendeu consequências constrangedoras. Não sabendo lidar com as redes sociais, a novidade virou arma nas mãos daquela adolescente imatura e… mal instruída.
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Uso da tecnologia pressupõe atitude responsável
Por ser uma novidade incrível e recente (de poucas décadas), a tecnologia embevece. Quem conhece, usa; quem usa descontroladamente vicia porque, de fato, é contagiante. Fácil e rapidamente nos embrenhamos nesse universo instigante e ágil sem a noção de seu poder destruidor quando usado indiscriminadamente.
Regras básicas de bom uso das mídias sociais começam por usá-la com respeito e responsabilidade. Expor conversas privadas, críticas desrespeitosas, opiniões preconceituosas além de configurarem atitudes “inflamáveis”, ferem totalmente o código de ética e as regras conduta básicas de qualquer relação; digital ou não.
Adolescente imaturo é, por si só, um risco nas redes sociais. Ciente disso, assumi a tarefa de ensinar filho digital que o uso da tecnologia pressupõe atitude responsável. Não importa quão tecnológica e incrível seja a era atual: as relações humanas continuam sendo regidas à base de respeito e responsabilidade. Esse conhecimento é tarefa minha passar a filho adolescente nas redes sociais. Desde cedo e insistentemente.
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