Dividida entre a aprovação ou não do uso do álcool na adolescência. Perdi a chance de ajudar meu filho a formar sua própria opinião sobre o assunto
O uso de álcool na adolescência nunca foi tabu para mim. Criada em família de apreciadores de uma boa bebida, sem cerimônia aprendi a apreciar um bom vinho, a desfrutar de uma caipirinha bem feita e um chopp gelado. Nem por isso passei por situações constrangedoras que desabonassem meu comportamento sob o uso de álcool.
Vivemos em uma sociedade onde encontros sociais são regados a álcool. A oferta e o acesso fácil à bebida expõem nossos filhos adolescentes desde cedo à cultura do que chamo de “álcool social”. Talvez por isso, me sentisse dividida entre aprovar ou não o uso do álcool na adolescência.
Fui surpreendida, certo dia, pelo meu filho adolescente que me perguntou curioso:
– Mãe, você já bebeu até ficar de porre quando era adolescente?
Respondi a inesperada pergunta sem jeito e apressada em alertá-lo:
– Claro que não! Na sua idade não bebia e acho muito ruim a idéia de você se interessar tão cedo por álcool na adolescência.
Diante da inconsciente resposta-sermão cheia de julgamento, só me restou ouvi-lo retrucar mal-humorado:
– Que saco, mãe! Foi só uma pergunta! Não precisa dar lição de moral!
O que poderia ter seguido para um diálogo aberto e maduro, se tornou o fim de uma história que nem havia começado. Perdi a chance de me conectar com meu filho adolescente e discutir um tema importante de forma leve e segura. Pior, deixei de ajudá-lo a formar sua própria opinião sobre assunto tão polêmico.
Sermões ineficazes, filho adolescente surdo
Apesar de apreciadora e consumidora, sou contra o uso do álcool na adolescência; se possível, até na vida adulta. Aprendi a beber desfrutando do sabor da bebida.
Infelizmente, a realidade (e estatísticas) de hoje mostra outro cenário: adolescentes iniciados no álcool para mascarar frustrações e se tornando potenciais problemas e/ou dependentes.
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Tentei reformular a resposta dada ao meu filho adolescente naquela situação, mas não em tempo de recuperar a conexão com ele. Diante da cilada em que caí, me preparei para adotar uma postura diferente em uma próxima oportunidade. Não deixaria me levar pelo impulso inconsciente do sermão cheio de julgamentos sobre o uso do álcool na adolescência.
Várias vezes presenciei pais fazendo verdadeiros sermões contra o uso do álcool na adolescência. Nem eu aguentava ouvir a ladainha que, claramente, não alcançava o objetivo de alertá-los sobre os motivos incontestáveis e riscos que a bebida carrega.
Agora, eu mesma na posição de mãe orientadora, passava pela situação e, já tendo caído na cilada de repetir o discurso daqueles pais. Decidi reformular minha conduta. Encontrar um caminho mais eficaz de orientar meu filho sobre o uso de álcool na adolescência.
Descobri que, antes de mais nada, que o tom certo de um diálogo maduro e honesto já seria meio caminho andado para ganhar a atenção do meu filho adolescente. Lembrando a situação daqueles pais, deduzi que foi exatamente nisso que eles pecaram: nem eu mesma conseguia manter-me atenta ao que eles diziam!
De fato, ouvir sermão cheio de julgamentos é muito chato e mães fazem isso frequentemente sem notar. Agora consciente da cilada, estava decidida a me conectar com meu filho adolescente para completar a outra metade do caminho e mostrar os reais motivos para não usar álcool na adolescência.
Aprendendo o diálogo adulto, aberto e honesto sobre os riscos do uso do álcool na adolescência
Aprender o diálogo adulto, aberto e honesto. Significa enxergar seu filho adolescente como um adulto para tratar de tema adulto sem ficar na defensiva. Contar minha própria experiência de uso de álcool na adolescência ajudou a estabelecer uma conversa que meu filho adolescente se lembre quando tiver que fazer sua própria escolha.
Fui presenteada com uma nova tentativa curiosa do meu filho adolescente de saber sobre minha experiência pregressa. Desta vez, estava atenta o suficiente para estabelecer aquele diálogo adulto, aberto e honesto para o qual havia me preparado. Para orientá-lo sobre os o uso de álcool na adolescência.
Mais que isso, quis ajudar meu filho adolescente a formar sua própria opinião sobre o tema. Creio ter atingido o objetivo quando apontei 7 Riscos de Coisas Ruins Acontecerem sob o uso de álcool na adolescência:
1- Risco de engravidar: alcoolizado, o adolescente tem maior chance de fazer sexo; pior, sem proteção.
2- Risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) pelo mesmo motivo acima.
3- Risco de estupro pelo mesmo motivo acima. De novo.
4- Risco de ser preso e nisso, a lei é clara: é vedado consumo de álcool por menores de idade.
5- Risco de se envolver em brigas o que, hoje em dia, não precisa muito para uma discussão começar.
6- Risco de suicídio. Acredite, seja por propensão depressiva ou por excesso de super-poderes que pensa ter estando alcoolizado. O adolescente pode sim chegar a esse extremo.
7- Risco de dependência seja por propensão biológica, que só se descobre experimentando; Seja por crer ser o álcool a única fonte de diversão.
Fugi da cilada e aumentei a probabilidade da reflexão sobre o uso do álcool na adolescência
Cada vez mais acredito que a forma como nós mães falamos é a chave que abre ou fecha qualquer possibilidade de conexão com nossos filhos adolescentes. Diante desta óbvia e intrigante descoberta, me conscientizei da difícil tarefa de educar meu filho para ser autor de sua própria história.
Não sei se garanti a abstinência do meu filho adolescente mas, com certeza, semeei a reflexão. Ao aumentar a probabilidade de ele considerar os riscos do uso do álcool na adolescência, contribuí para a formação de um senso de responsabilidade e consciência. Sem ciladas.
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